TRANSFORMAÇÃO MORAL: UM PROCESSO PSICODINÂMICO
“Importa,
porém, caminhar hoje, amanhã e no dia seguinte”. Jesus – Lucas (13:33)
Estimulados pelas palavras
de Joanna de Ângelis, buscaremos refletir sobre o processo de transformação
moral. Ângelis, no livro, Desperte e
Seja Feliz, ensina que quase todos nós, diante dos desafios da vida,
adiamos as soluções que exijam profundidade e, dessa forma, damos espaço para
novos problemas. Isso porque nos deparamos com o medo de aprofundar o exame das
causas que geram as aflições e do medo de enfrenta-las com firme decisão.
Com estas palavras nos
colocamos diante do processo de transformação moral, finalidade última do
Espírito, da qual lidamos há tanto tempo e com a qual nos debatemos inúmeras
vezes sem termos clareza do caminho a seguir. Porém, segundo a benfeitora, o
não enfrentamento em profundidade é capaz de abrir espaço para novos problemas
ou, quem sabe, dificultar a caminhada que poderia ser mais saudável e
tranquila.
Moral é algo pertencente ao
domínio do espírito do homem. O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa define:
“que segue princípios socialmente aceitos; que denota bons costumes, boa
conduta, segundo os preceitos socialmente estabelecidos pela sociedade ou por
determinado grupo social” (HOUAISS. 2001, verbete).
A partir da questão 629 de O Livro dos Espíritos, Kardec (2009),
entende-se que moral é a regra de bem
proceder, distinguindo o bem do mal, fundamentada na observância das leis de
Deus; e, transformação moral pode ser entendida como o processo de modificação
interior para que o homem encontre-se cada vez mais próximo e de acordo com
essas leis.
Ao final de O Livro dos Espíritos, na conclusão, o
autor formaliza a proposta da doutrina para transformação moral da Humanidade:
Por meio do Espiritismo a
Humanidade deve entrar numa nova fase, a do progresso moral, que é sua
consequência inevitável. (...) O desenvolvimento dessas ideias apresenta três
períodos distintos: primeiro o da curiosidade, provocada pela singularidade que
os fenômenos produzem; segundo o do raciocínio e da filosofia; terceiro o da
aplicação e das consequências. O período da curiosidade já passou, pois dura pouco
tempo e, uma vez satisfeita, muda de objeto. O mesmo não acontece com o que se
dirige ao pensamento sério e o raciocínio. O segundo período já começou e o
terceiro o seguirá inevitavelmente (KARDEC, 2009, pp.325-326).
Este processo da aplicação e das consequências é
bastante interessante, pois quando mal compreendido pode gerar conflitos
existenciais ainda maiores. Por exemplo, a maioria de nós, espíritas, já leu o
item “O homem de bem”, no capítulo XVII
de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Nele, Kardec (2006) faz menção a
inúmeros comportamentos considerados adequados à nossa evolução e o convite à
pureza espiritual para a qual fomos criados. Não é um texto complexo, muito
pelo contrário, é acessível a qualquer
leitor e de fácil compreensão. Então, nos questionamos, por que não
vivemos definitivamente aquilo que
sabemos? Por que não nos tornamos aquilo que almejamos?
Neste ponto se encontra a parte
delicada da nossa reflexão, justamente quando desejamos ser algo que percebemos não ser. Almejamos uma conduta que não temos. Idealizamos um comportamento que ainda não é uma conquista. Perante
esta dificuldade, ou perante a visão da impossibilidade de atender nosso desejo,
quando identificamos estas possíveis inadequações interiores, corremos o grave risco de tentarmos fugir de nós
mesmos, sem nos aprofundarmos no que realmente somos e, conforme ensinou
Joanna, criamos outros problemas, construindo verdadeiros obstáculos à
transformação moral.
Texto escrito por Marlon
Reikdal, no livro REFLETINDO A ALMA.
Postado no dia 24/03/2014.
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