PROJEÇÃO
Este mecanismo de defesa é
tão largamente usado por todos nós a ponto de discutirmos em psicoterapia que
uma parte importante do tratamento é auxiliar o sujeito a identificar suas
projeções. Não se pensa que algumas pessoas façam projeções e outras não – como
uma premissa. Então é preciso auxiliar o paciente a identificar onde faz suas
projeções para depois recolhe-las e com isso se conhecer melhor e se
responsabilizar mais por si.
Segundo Laplanche e Pontalis
(1996) a projeção é uma operação na qual o sujeito quer expulsar de si e
localizar no outro, qualidades, sentimentos, desejos, etc. que ele recusa em
si.
Para Fenichel (1981) a
projeção é o desejo de cuspir algo, de querer por distancia entre mim e isto. É
como se tudo que fosse prazeroso fosse experimentado como pertencente ao ego, e
tudo que fosse penoso ou doloroso se experimentaria como não-ego. E por isso
precisamos localizar em alguém.
Whitmont (2008) explica a
condição de que, se para o ego tenho que ser correto e bom, então o outro (seja
ele quem for) se tornará o portador de todo o mal que não consigo reconhecer em
mim mesmo.
Joanna informa que há uma tendência
natural e mórbida no ser humano de ignorar certas deficiências pessoais e com
isso projetá-las nos outros. Exemplifica:
A projeção alcança reações surpreendentes.
(...) Toda vez que alguém combate com exagerada veemência determinados traços
de caráter de alguém, projeta-se nele, transferindo do eu, que o ego não deseja
reconhecer como deficiente, a qualidade negativa que lhe é peculiar. Torna a
sua vítima no espelho no qual se reflete inconscientemente. (ANGELIS,2000, )p.107
De maneira insconsciente, o
combate a este alguém que fantasiamos portar aquilo que nos pertence gera uma
espécie de alívio. Afinal, intimamente estamos apresentando nossa repulsa
àquele conteúdo. Mas este alívio é momentâneo, que tão breve seja o contato e
já estaremos a procurar outra situação ou outro alguém no qual caibam as minhas
projeções.
A mentora relaciona a
projeção aos complexos – conteúdos a serem projetados – como se fossem “um
espelho no qual a imagem própria apresenta-se inversa, refletindo as suas
lamentáveis feridas espirituais”. (ANGELIS, 2009b, p.55) (Atitudes Renovadas)
Os estudos psicológicos apontam
que o auge da projeção encontra-se na psicopatologia dos delírios de
perseguição, em que o perseguidor é colocado fora do paciente, sentido o perigo
como ameaças exteriores (FENICHEL,1981; LAPLANCHE e PONTALIS, 1996).
Este pensamento é
corroborado pela Psicologia espírita no recorte que fazemos de uma das
respostas que a mentora nos ofereceu em capítulo específico, afirmando “não
poucas vezes, o inconsciente, durante o gravame das psicoses, liberta as
impressões arquivadas e vozes alucinatórias impõem o mecanismo de fuga do
resgate através do suicídio, como meio de libertação dos conflitos.
A transformação moral não é
o combate às imperfeições em nós, e muito menos nos outros. Por isso a mentora
orienta para que frente à tentação da crítica áspera, da censura ou da queixa
contumaz, consigamos refletir que o problema não é do outro, mas projeção de
nossa imagem, refletida nele, manifestando o complexo que se exterioriza.
Texto escrito por, Marlon
Reikdal, no livro Refletindo a Alma. Postado
no dia 31/03/2014.
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