terça-feira, 18 de março de 2014


AMBIÇÕES PSICOLÓGICAS E TRANSTORNOS DE CONDUTA

Infelizmente o ser humano de hoje já renasce num contexto cultural imediatista, utilitarista, em que os valores reais são colocados em segundo plano e é exigida a ele conquistar os  de efêmera duração, por pertencerem ao contexto material.
A formação cultural e educacional visa principalmente a meta de destaque dos triunfos de fora, as conquistas de possibilidades que engrandecem o ego, que o alienam, que entorpecem os melhores sentimentos de beleza e de amor, que são substituídos pelo poder e pelo ter, através de tais significados acredita-se  vitorioso e triunfador social, econômico, político religioso e assim por diante... Raramente se pensa na construção saudável do ser que (re) começa a caminhada carnal, incutindo-lhe as propostas nobres de autorrealização pelo bem, pelo reto cumprimento do dever, pelas aspirações da beleza, da harmonia e da imortalidade. Considerados de modesto significado, que podem ser reservado para o momento da velhice ou para quando se instalarem as doenças, tal filosofia da comodidade suplanta a busca do equilíbrio emocional e moral, por se manterem nos padrões de valores sensoriais.
Diante de tal comportamento, o egoísmo marca o caminho de preparação do ser jovem, desenhando-lhe na mente a necessidade de destacar-se na comunidade a qualquer preço, o que o perturba nesse período da formação da personalidade e da própria identidade, tomando como modelo o que chama a atenção: os comportamentos exóticos, alienantes, as paixões de imediatos efeitos, sem que os sentimentos educados possam fixar-se nos painéis dos hábitos para a construção da conduta do futuro.
Ressurgem as culpas que até então se encontravam adormecidas no inconsciente e as qualidades negativas, que deveriam ser corrigidas, mas que encontram ali campo favorável para se expressar por meio da irresponsabilidade oral e comportamental em uma sociedade excessivamente tolerante, que tudo aceita, bastando encontrar-se nos padrões do exibicionismo, da fama, da fortuna, da passageira juventude do corpo e da sua estética...
Por outro lado, surgem os vícios sociais como  participação dos grupos em que se encontra, começando pelo tabaco, seguido pelo álcool, quando não se apresentam ao mesmo tempo, abrindo espaço para as drogas alucinógenas e  destrutivas dos neurônios, do discernimento, da saúde orgânica, emocional e mental.
Nessa conceituação, o importante é o prazer, e tudo se aceita como natural, normal, alegre, ainda que à custa de substancias químicas devastadoras e de comprometimentos sexuais desgastantes.
A cultura encontra-se permissiva e cruel, em que a ética e a moral são consideradas amolecimento do caráter, debilidade mental, conflito de inferioridade disfarçados de pureza, em lamentável ironia contra os tesouros espirituais, únicos a oferecerem saúde real e equilíbrio.
Aos poucos, a exibição do crime que se torna legal estimula a desconsideração às leis da vida, quando os multiplicadores de opinião e pessoas consideradas famosas, mas pela exuberância do desequilíbrio do que pela construção edificante, apresentam-se na mídia para narrar as experiências dolorosas dos abortos praticados, das traições conjugais, das mudanças de parceiros em adultérios chocantes ou relacionamentos múltiplos e promíscuos, como novos padrões de conduta.
Marchando para a decrepitude que não demora para se lhes instalar no organismo gasto, nas futilidades e na corrupção, subitamente se apercebem de que se encontram no exílio, ao abandono, no esquecimento, graças ao surgimento de outros biótipos mais ousados e paranoicos, vivenciando remorso e desenvolvendo quadros lamentáveis de depressão tardiamente...
Conforme a velhice lhes consome a vitalidade orgânica e a morte se aproxima, quando os não surpreende em bacanais, nas overdoses, na luxuria e no despautério, desesperam-se e buscam novos escândalos para serem notícias que desapareceram da mídia que os explorou e consumiu, logo se apagando no silencio do anonimato ou sendo estigmatizados pelos novos deuses de ocasião...
Nesse momento, surgem os transtornos psicológicos, nas áreas da afetividade, da conduta, das emoções.
Sem as resistências morais necessárias para os enfrentamentos naturais que acontecem a todos os viventes, apegam-se à negativa, posição cômoda para justificar a falta de valor íntimo, deixando que a sombra lhes governe os sentimentos angustiados.
Abre-se-lhes, então, a comporta emocional para a fuga psicológica e a transferência de responsabilidade para os outros, variando de algoz e sempre culminando no governo, em Cristo ou até em Deus...
Essa conduta mostra a necessidade de realizar a compensação interna, liberando-se do autoenfrentamento para tornar-se vítima da família, da sociedade, da vida...
O significado da existência encontra-se também no caminho em que se viaja na direção da meta colocada como determinante para o bem-estar.
Portanto, é preciso encontrar-se receptivo com relação aos dons do existir, tirando os melhores resultados de cada momento, sem angústia nem projeção para o objetivo pelo qual se luta.
Qualquer pessoa que aspira o bem e o amor trabalha-se interiormente e busca os relacionamentos afetivos ou não, vivenciando satisfação a cada momento, porque a experiência de ambos os sentimentos transforma-se em alegria de viver pelos conteúdos de que se revestem.
Há muita coisa no mundo da ilusão que não são necessárias. Sabe-se que, o apego egoico às quinquilharias, que se atribui valor, fazem sofrer o ser que as não possui, deixando-o permanentemente inquieto para aumentar a posse, somando coisas inúteis em prejuízo violento dos bens internos que enriquecem a vida.
A preocupação de consumir é continua, sem valorizar as benções na saúde, na lucidez mental, nos movimentos harmônicos, na afetividade compensadora.
Ideal é que cada um que acorde para os bens imateriais possa dizer, sorrindo: “Quanta coisa eu já não necessito! Agradeço, portanto, a Deus, a dádiva de haver superado essa fase da minha existência.”
Vencendo o conflito e o transtorno psicológico, a emoção gratulatória assoma e a satisfação existencial toma sentido no construto pessoal.
Quando surgem a presença ou mesmo os sinais da gratidão, mesmo diante do considerado falta ou insucesso, percebe-se a conquista da normalidade emocional e mental do indivíduo.
Anteriormente, as cidades celebrizavam-se pela presença das suas catedrais, cada uma mais suntuosa, demonstrando o poder e a grandeza da urbe. Hoje, tem sido substituídos pelos shoppings centers e motéis atraentes e perversos...
Houve, de alguma forma, superação da beleza, da arte, e da fé religiosa, ainda que arbitrária anteriormente, para o consumismo, o tormento das aquisições e o relaxamento no prazer sexual de origem duvidosa e de efeitos perturbadores.
Por isso, as crises, cada uma mais vigorosa, até o instante em que o indivíduo acorda para a mudança interior agradecendo o que lhe constituiu desventura mas que o acordou para a realidade.
Pessoas que tiveram morte clínica e retornaram, que estiveram a uma passo da desencarnação por acidentes, que foram vítimas de ocorrências danosas, de perdas significativas, logo superado o período de aflição, mudam de conceituação a respeito da vida e dos seus valores.
Tornando-se agradecidas ao que lhes aconteceu.

Trabalho elaborado com base no livro Psicologia da Gratidão, escrito por Divaldo Franco, Espírito Joanna de Ângelis. Postado dia 18/03//2014.

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