INTEGRANDO
PSICOLOGIA E ESPIRITISMO
A análise de Joanna de
Ângelis a respeito dos sonhos possibilita integrar as abordagens psicológicas e
a espírita, permitindo destacar que os sonhos, entre outras possibilidades
apresentam:
- liberação de clichês do
inconsciente, muitas vezes responsáveis pelos conflitos psicológicos;
- representação das pulsões
e desejos – correspondentes ao id das
concepções freudianas;
- decorrência de processos
fisiológicos – representação das carências e necessidades do corpo físico;
- desdobramento do Espírito
durante o sono, que participa de encontros, eventos, atividades socorristas,
etc. nessas ocorrências pode haver vislumbres do passado e do futuro;
- processo conduzido pelo
Self, impulsionando a individuação.
A benfeitora, Joanna de
Ângelis, no livro , As Leis Morais da
Vida, p.221, não nega a participação da libido freudiana nos sonhos,
esclarecendo que:
“quando se dá o parcial desprendimento da alma através do sono natural,
açodado pelos desejos e paixões que ergue ou envilecem, liberam-se as memórias
arquivadas que a assaltam, em formas variadas de sonhos nos quais se vê
envolvida. Permanecem nesse capítulo os estados oníricos da catalogação
freudiana, em que as fixações de ordem sexual assumem expressões de realidade,
dominando os múltiplos setores psíquicos da personalidade.”
Quando predominam os sonhos
dessa natureza, é sinal de que prevalecem no inconsciente as heranças
instintivas, que através dos sonhos têm vazão. Nos casos graves, nos quais o
paciente apresenta sérios conflitos na área da sexualidade, “os sonhos são tumultuados e os símbolos de
que se revestem expressam os atavismos perturbadores e os tormentos sexuais..”
(ANGELIS, Em Busca da Verdade, p.32)
Joanna de Ângelis, no livro Autodescobrimento: Uma Busca Interior, p.97,
não se limita, no entanto, à observação dos conteúdos psicanalíticos, porquanto
“nessa faixa estão arquivadas as memórias
dos acontecimentos vividos, quanto daqueles que foram observados desde a
infância, liberando-se nos momentos do sono e apresentando-se de formas
variadas, inclusive perturbadoras.” Todo esse conteúdo corresponde ao inconsciente
pessoal de Jung, tendo sido armazenado na psique sem que, necessariamente, o
ego o tenha elaborado de forma consciente, ou nem sequer se dado conta da sua
realidade.
Além disso, “anseios e medos não digeridos, ocorrências
incompreendidas e palavras com gestos agressivos, educação castradora... prosseguem aguardando esclarecimentos, liberação, que se
representam na área dos sonhos.” Essa gama de
conteúdos forma a base dos complexos, fulcros energéticos com grande carga
emocional, cuja influencia na consciência se faz constante, e que através dos
sonhos chama a atenção para a sua realidade e para a necessidade do ego
harmonizar esse conteúdo em desequilíbrio no inconsciente. a esses conteúdos “negativos”
adicionam-se também as ocorrências que nos causam bem-estar, os sucessos e
alegrias, que marcam os momentos considerados positivos na existência.
Em todas essas
manifestações, no entanto, ressalta-se o papel do Self que, enquanto arquétipo
primordial, organizador do desenvolvimento psíquico, impulsiona a individuação,
ou seja, a realização de nossa essência, promovendo um rico intercâmbio
simbólico entre o inconsciente e a consciência. Por isso mesmo Joanna de
Ângelis, no livro, Triunfo Pessoal p.79,
considera que os aspectos do Self “ressurgem
nos sonhos, como personificações de gênios, santos, fadas etc...” Aí temos
os chamados Sonhos Arquétipos. Nesses
casos, exemplifica a benfeitora, no livro, Vida:
Desafios e Soluções , p.91, que “se
um indivíduo tem um sonho com o demônio, não significaria necessariamente que
estivesse em contato com ele, mas com o arquétipo símbolo do mal...”.
Texto escrito por Claudio
Sinoti, no livro, Refletindo a Alma.
Postado em 04/03/2014.
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