terça-feira, 4 de março de 2014


 

INTEGRANDO PSICOLOGIA E ESPIRITISMO 

A análise de Joanna de Ângelis a respeito dos sonhos possibilita integrar as abordagens psicológicas e a espírita, permitindo destacar que os sonhos, entre outras possibilidades apresentam:
- liberação de clichês do inconsciente, muitas vezes responsáveis pelos conflitos psicológicos;
- representação das pulsões e desejos – correspondentes ao id das concepções freudianas;
- decorrência de processos fisiológicos – representação das carências e necessidades do corpo físico;
- desdobramento do Espírito durante o sono, que participa de encontros, eventos, atividades socorristas, etc. nessas ocorrências pode haver vislumbres do passado e do futuro;
- processo conduzido pelo Self, impulsionando a individuação.
A benfeitora, Joanna de Ângelis, no livro , As Leis Morais da Vida, p.221, não nega a participação da libido freudiana nos sonhos, esclarecendo que: 

quando se dá o parcial desprendimento da alma através do sono natural, açodado pelos desejos e paixões que ergue ou envilecem, liberam-se as memórias arquivadas que a assaltam, em formas variadas de sonhos nos quais se vê envolvida. Permanecem nesse capítulo os estados oníricos da catalogação freudiana, em que as fixações de ordem sexual assumem expressões de realidade, dominando os múltiplos setores psíquicos da personalidade.” 

Quando predominam os sonhos dessa natureza, é sinal de que prevalecem no inconsciente as heranças instintivas, que através dos sonhos têm vazão. Nos casos graves, nos quais o paciente apresenta sérios conflitos na área da sexualidade, “os sonhos são tumultuados e os símbolos de que se revestem expressam os atavismos perturbadores e os tormentos sexuais..” (ANGELIS, Em Busca da Verdade, p.32)

Joanna de Ângelis, no livro Autodescobrimento: Uma Busca Interior, p.97, não se limita, no entanto, à observação dos conteúdos psicanalíticos, porquanto “nessa faixa estão arquivadas as memórias dos acontecimentos vividos, quanto daqueles que foram observados desde a infância, liberando-se nos momentos do sono e apresentando-se de formas variadas, inclusive perturbadoras.” Todo esse conteúdo corresponde ao inconsciente pessoal de Jung, tendo sido armazenado na psique sem que, necessariamente, o ego o tenha elaborado de forma consciente, ou nem sequer se dado conta da sua realidade.
Além disso, “anseios e medos não digeridos, ocorrências incompreendidas e palavras com gestos agressivos, educação castradora... prosseguem  aguardando esclarecimentos, liberação, que se representam na área dos sonhos.” Essa gama de conteúdos forma a base dos complexos, fulcros energéticos com grande carga emocional, cuja influencia na consciência se faz constante, e que através dos sonhos chama a atenção para a sua realidade e para a necessidade do ego harmonizar esse conteúdo em desequilíbrio no inconsciente. a esses conteúdos “negativos” adicionam-se também as ocorrências que nos causam bem-estar, os sucessos e alegrias, que marcam os momentos considerados positivos na existência.

Em todas essas manifestações, no entanto, ressalta-se o papel do Self que, enquanto arquétipo primordial, organizador do desenvolvimento psíquico, impulsiona a individuação, ou seja, a realização de nossa essência, promovendo um rico intercâmbio simbólico entre o inconsciente e a consciência. Por isso mesmo Joanna de Ângelis, no livro, Triunfo Pessoal p.79, considera que os aspectos do Self “ressurgem nos sonhos, como personificações de gênios, santos, fadas etc...” Aí temos os chamados Sonhos Arquétipos. Nesses casos, exemplifica a benfeitora, no livro, Vida: Desafios e Soluções , p.91, que “se um indivíduo tem um sonho com o demônio, não significaria necessariamente que estivesse em contato com ele, mas com o arquétipo símbolo do mal...”.

Texto escrito por Claudio Sinoti, no livro, Refletindo a Alma.

Postado em 04/03/2014.

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