quinta-feira, 20 de março de 2014


SONHOS DE FELICIDADE E SIGNIFICADO EXISTENCIAL  

Conquistas e projetos de felicidade começam na  mente. Por isso a mente desempenha papel de grande importância na construção dos valores humanos e do significado existencial.
É preciso sonhar, para que as inspirações vindas do amor tornem-se realidade, enriquecendo a vida com atos dignificantes e saudáveis.
A conquista da felicidade depende de como se espera ser feliz, que fatores a proporcionam, qual a maneira mais eficiente de alcançá-la.
Desde que não seja uma aspiração do que é efêmero e logo se transforma, alterando o seu sentido, é importante que o ser humano deseje muito a harmonia interior, a conquista do que lhe é necessário para uma existência honrada, desde o alimento que o nutre, às questões referentes à educação, à saúde, ao trabalho, ao repouso, mas também ao cultivo dos ideais de beleza que enriquecem o Espírito de estímulos para a continuação das lutas edificantes.
Nessa busca de realização pessoal, base de sustentação para uma vida feliz, vem o desafio do significado existencial, no momento em que a sociedade experimenta a pandemia psicopatológica das vidas vazias.
Normalmente se crê que a felicidade impõe como prioridade o poder que facilita a conquista de poder e de compra, e de todas as coisas que a complementam. Ainda que, o numero de vidas perdidas no vazio existencial, porque marcadas pelo tédio, pelo desinteresse, é maior entre os poderosos que buscam realização através de fugas psicológicas lamentáveis. Por lhes ser muito fácil conseguir tudo que lhes satisfaz, aos poucos percebem a perda do sentido existencial, porque o fixaram como efeito da posse.
Essa fuga psicológica, resultante do medo  do autoenfrentamento, transforma-se em transtorno de conduta como irritabilidade, insatisfação, melancolia, solidão, por acreditar que todos quantos se lhes aproximam estão mais interessados no que tem do que neles mesmos, nos seus problemas, preocupações e afetividade, o que, de certo modo, infelizmente é quase sempre real...
É indispensável, nesse momento, uma introspecção, uma analise íntima de como se encontra o indivíduo, buscando descobrir a maneira pela qual possa fruir de realização e de paz, com a coragem de fazer uma revisão de conceitos e entregar-se à nova busca.
A felicidade deve constituir o significado existencial, essa busca incessante do amor no sentido mais expressivo da palavra, a entrega afetiva em todas as maneiras de manifestar-se, possibilitando o preenchimento interior com alegrias e esperanças, de belezas, de realizações importantes, de emoções plenificadoras.
A crença de que o amor encontra-se vinculado  à satisfação sexual deve ceder espaço ao sentimento correto da afetividade ampla sem os sofrimentos da libido, expressando-se como troca de ternura, de equilíbrio emocional, de gratidão.
A gratidão é fundamental no comportamento do amor a Deus, à natureza e a todas as suas criaturas, animadas ou inanimadas, sem e com a benção do pensamento.
De imediato surge o trabalho que dignifica, essa terapia que acalma, que produz a autorrealização e que promove a sociedade, propiciando o progresso sob todas as formas possíveis.
Quando o homem percebe o significado do trabalho na sua vida, amadurece psicologicamente e ama a atividade, seja qual for, entregando-se sem paixão, mas também sem revolta a ocupação de edificar.
Aquele que trabalha e tira do seu esforço a remuneração sente o prazer compensatório da sua dedicação, enquanto vivencia o bem-estar resultado da consciência de ser útil, por produzir benefícios para a humanidade.
O trabalho apresenta-se nesse caso como fator psicoterapêutico mantendo a harmonia interior, pelo prazer de contribuir positivamente para o bem geral.
Oportunamente, dois homens conversavam em certa rua de uma grande cidade. Um deles era modesto operário semianalfabeto, e o outro era um pensador reconhecido internacionalmente.
Porque gostasse muito da companhia honrosa que estava do lado, o diligente trabalhador que não possuía de títulos acadêmicos que impressionasse, mas que era amado por seus valores morais, num momento de entusiasmo durante o diálogo apontou para as lájeas do piso por onde seguiam e disse com incomum alegria:
- Veja este piso. Fui eu quem o pôs nesta rua, há alguns anos, quando trabalhava numa empresa que servia à Prefeitura local.
Nele havia uma alegria rara, uma gratidão sem palavras pela oportunidade de haver trabalhado em algo que lhe trazia felicidade.
E, de verdade, as lajes estavam muito bem colocadas, demonstrando a habilidade do obreiro que as arrumara no solo...
Realizado psicologicamente, o homem simples não tinha conflito existencial, porque a sua era uma jornada de trabalho e de amor pelo que fazia, como corolário do amor que alimentava pela família e por todos.
A sombra nele diluía-se suavemente no self consciente da sua realidade e dos seus limites.
Por outro lado é comum pensar-se que um enfermo, alguém que experimentou um desastre  emocional, outro que se encontre sob dores quase insuportáveis, mais alguém que sente a angustia da saudade de algum ente querido que lhe foi tirado pela morte prematuramente, algumas vítimas de tragédias e alguns que se encontram imobilizados já não dispõem de um sentido existencial para continuarem vivendo. Trata-se de  grande engano, pois o significado existencial está acima de circunstancias felizes ou menos agradáveis, sendo um desafio aos valores morais do indivíduo que, diante do chamado infortúnio, encontra um motivo pelo menos para suportar os sofrimentos e ultrapassá-los, considerando-os útil para a sua realização interior e sublimação dos sentimentos.
Sentindo-se honrados por se tornarem modelo para pessoas menos resistentes ao sofrimento, transformam-se em expoentes da coragem, da continuação na situação em que se encontram, anelando o prosseguimento da vida física ou confiando nos resultados superiores decorrentes do comportamento depois do fenômeno morte, quando ocorrer.
Imortal, o ser psíquico transfere-se de uma para outra dimensão da vida, utilizando-se do corpo físico ou deixando-o, conduzindo as experiências de valor ou degradantes da sua existência orgânica.
O significado, de uma existência madura psicologicamente estende-se além da área fisiológica e continua para além da imortalidade, onde todos estão situados por condição da vida que deu origem.
Se o significado existencial terminasse no corpo  todos os sacrifícios que enobrecem o ser humano perderiam seu sentido.
Logo se percebe que o sentimento que predomina nessa como em outras circunstancias é o da gratidão, filha do amor, do trabalho e da resistência às situações penosas...
Trabalho elaborado com base no livro, PSICOLOGIA DA GRATIDÃO, escrito por Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Postado em 20/03/2014.

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