O milagre da gratidão
Continuação
do cap. 2
As provações constituem bênçãos que a vida proporciona ao ser
calceta, que cometeu no passado e mesmo na atual existência arbitrariedades,
ferindo a harmonia das leis universais, comprometendo a consciência, a fim de
que disponha de meios de recuperar-se da culpa inscrita no cerne do ser, experienciando
a contribuição do sofrimento que o dignifica, desde que a relatividade orgânica
está sempre sujeita a essa sinuosidade com altibaixos na saúde e no bem-estar...
O processo da evolução, de certo modo, faz lembrar uma correnteza
que enfrenta obstáculos no curso por onde corre até alcançar o seu destino, um
lago, um mar, um oceano...
Não cessando de prosseguir, quando defronta impedimentos,
acumula as águas com tranquilidade até ultrapassá-los, pois que a sua meta
encontra-se à frente, aguardando-a.
De semelhante maneira, as experiências evolutivas do ser
humano transcorrem dentro de uma programação assinalada por variadas e
sucessivas etapas até ser alcançado o estado numinoso.
A gratidão pelos insucessos aparentes constitui o
reconhecimento por entender-se que fazem parte da aprendizagem e a sua ocorrência
em forma de dissabores, de padecimentos morais consequentes à traição, à calúnia,
ao abandono a que se vai relegado por antigos afetos, tem razão de ser. Melhor,
pois, sofrê-los, vivenciá-los com resignação quando se apresentam, do que
ignorá-los, envolvê-los em máscaras ou postergá-los...
Numa visão superficial, poder-se-á crer tratar-se de uma
patologia pelo sofrimento em lamentável transtorno masoquista. Ao inverso, no
entanto, essa conduta traduz maturidade saudável, porque não se trata de uma
eleição pessoal pelo sofrimento, mas de uma aceitação consciente e natural do fenômeno-dor,
que faz parte do curso evolutivo.
Gratidão, portanto, em toda e qualquer situação, boa ou má,
como asseverava o apóstolo Paulo, que era sempre o mesmo na alegria, no
bem-estar, no sofrimento, no testemunho, mantendo a integridade do self, em razão da consciência do dever
nobremente cumprido, considerando as dificuldades e os sofrimentos como fenômenos
naturais no seu processo de integração com o Cristo.
Quando se adquire o hábito de agradecer, os morbos emocionais
da ira que se converte em ódio, da mágoa que se torna desejo de vingança, da
inveja que anela pela destruição do outro, e sucessivamente, não encontram áreas
na psique para tornarem-se tormentos... A alegria de ser-se grato proporciona entender-se
a pequenez do ofensor, a jactância e fatuidade do perverso, a fragilidade
daquele que se faz adversário... Uma emoção de tranquilidade preenche todos os
espaços íntimos do self, nos quais se
desenvolveriam os sentimentos inferiores.
De igual maneira, mesmo quando se recebe o anúncio de uma
enfermidade irreversível, de um acontecimento grave e mutilador, a gratidão
ensejará viver-se plenamente cada momento, ante a convicção racional da
sobrevivência ao corpo somático, sempre credor de toda a gratidão por
conduzir-se como um doce jumentinho
do self, consoante o denominou o irmão alegria de Assis, o numinoso
sempre grato a Deus por tudo, inclusive pelo momento em que se lhe acercou a irmã morte.
Atente para a continuação do 2º cap. na próxima postagem.
Texto estudado da obra PSICOLOGIA DA GRATIDÃO, pelo espírito
Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco. pp. 44-46.
Postado em 19-04-2013
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