quinta-feira, 18 de abril de 2013


A amizade entre Jung e Freud

Continuação do cap.6 – A Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung

Durante algum tempo Freud acreditava que Jung seria o seu herdeiro natural, e que seria fiel à teoria da sexualidade, mantendo-se distante da “onda negra do ocultismo.” (JUNG, 1975, p.136) Jung jamais concordaria com essa posição, pois enxergava nesse ponto uma vontade de poder pessoal, na qual tudo que se referisse à alma tivesse que ser repelido, e essa não era a sua verdade, mas a de Freud.

Quando viajavam juntos tinham o costume de analisar os sonhos entre si. E num encontro que tiveram nos Estados Unidos, Jung percebeu que a amizade dos dois não perduraria. Após ouvir um sonho de Freud, cujo conteúdo Jung sempre se negou a revelar por motivos éticos, solicitou ao pai da psicanálise alguns detalhes a mais, para poder compreendê-lo melhor. Ouviu de Freud o seguinte comentário: - “não posso arriscar a minha autoridade.” E como revelou Jung (1975, p.142), neste momento ele já a perdera...

Esse fato fez com que a relação entre os dois ficasse abalada, pois Freud colocara a sua autoridade pessoal acima da verdade. O que reforçou essa convicção foi que Jung percebeu que Freud, por suas convicções pessoais, não conseguia penetrar em muitos elementos simbólicos dos próprios sonhos que ele narrava. Isso foi o ponto de partida para a obra “Metamorfoses e Símbolos da Libido”, lançada por Jung.

Jung sabia que a publicação dessa obra iria custar sua relação com Freud, na qual reconhecia ter projetado muito da sua relação paterna, o que ajudou a colocá-lo numa posição de superioridade. Ao colocar no capítulo “Sacrifício” a sua própria visão sobre incesto, libido e outras ideias, entrou em choque com a teoria psicanalítica de Freud.

Em 1912, Jung recebeu uma carta de Freud, que propunha que abandonassem suas relações pessoais. Começava então um novo Sacrifício. A partir de então Jung ficaria praticamente isolado no mundo acadêmico; se por um lado isso foi extremamente doloroso e difícil, por outro, livre das “amarras” da psicanálise, embora reconhecesse o valor desta, pode desenvolver de forma livre suas pesquisas e apresentar suas próprias ideias, que culminaram em profundas descobertas a respeito da estrutura da psique.

Atente para a continuação do texto na próxima postagem desse capítulo...

Transcrito do artigo A PSICOLOGIA ANALÍTICA DE CARL GUSTAV JUNG escrito por Iris Sinoti  – no livro  REFLETINDO A ALMA. pp.134-135.- dia 18-04-2013.

 

 

 

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