A CONSCIÊNCIA DA GRATIDÃO
Do livro Psicologia da Gratidão, cap.l A
Benção da Gratidão
À medida que a psique desenvolve
a consciência, fazendo-a superar os níveis primitivos recheados pela sombra,
mais facilmente adquire a capacidade da gratidão.
A sombra, que resulta dos
fenômenos egoicos, havendo acumulado interesses inferiores que procura
escamotear, ocultando-os no inconsciente, é a grande adversária do sentimento
de gratulação. Na sua ânsia de aparentar aquilo que não conquistou impedida pelos
hábitos enfermiços, projeta os conflitos nas demais pessoas, sem a lucidez
necessária para confiar e servir. Servindo-se dos outros, supõe que assim fazem
todos os demais, competindo-lhe fruir o melhor quinhão, ante a impossibilidade
de alargar a generosidade, que lhe facultaria o amadurecimento psicológico para
a saudável convivência social, para o desenvolvimento interior dos valores
nobres do amor e da solidariedade.
A miopia emocional defluente
do predomínio da sombra no comportamento do ser humano impede-o que veja a
harmonia existente na vida, desde os mágicos
fenômenos existenciais àqueles estéticos e fundamentais para a sobrevivência
harmônica e feliz.
A sombra sempre trabalha
para o ego, com raras exceções, quando se vincula ao self, evitando toda e qualquer possibilidade de comunhão fora do
seu círculo estreito de caráter autopunitivo, porque se compraz em manter a sua
vítima em culpa contínua, que busca ocultar, mantendo, no seu recesso, uma
necessidade autodestrutiva, porque incapaz de enfrentar-se e solucionar os seus
mascarados enigmas.
As imperfeições morais que não
foram modificadas pelo processo de sua diluição e substituição pelas conquistas
éticas atormenta o ser, fazendo-o refratário, senão hostil a todos os
movimentos libertários.
Não há no seu emocional, em
consequência, nenhum espaço para o louvor, o júbilo, a gratidão.
Compraz-se em arquitetar
mecanismos de evasão ou de transferência, de modo que se apazigue e aparente
uma situação inexistente.
Desse modo, os conflitos que
se originaram em outras existências e tornaram-se parte significativa do ego predominam
no indivíduo inseguro e sofredor, que se refugia na autocompaixão ou na
vingança, de forma que chame a atenção, que receba compensação narcisista,
aplauso, preservando sempre suspeitas infundadas quanto à validade do que lhe é
oferecido, pela consciência de saber que não é merecedor de tais tributos...
Acumuladas e preservadas as
sensações que se converteram em emoções de suspeita e de ira, de
descontentamento e amargura, projetam-nas nas demais pessoas, para não
acreditar em lealdade, amor e abnegação.
Se alguém é dedicado ao bem
na comunidade, é tido como dissimulador, porque essa seria sua atitude (da
sombra).
Se outrem reparte alegria e constrói
solidariedade, a inveja que se lhe encontra arquivada no inconsciente acha
meios de denomina-lo como bajulador e pusilânime, pois que, por sua vez, não
conseguiria desempenhar as mesmas tarefas com naturalidade. A ausência de
maturidade afetiva isola o individuo na amargura e na autopunição.
Tudo quanto lhe constitui impedimento
mascara e transfere para os outros, assumindo postura crítica impiedosa, puritanismo
exagerado, buscando sempre desconsiderar os comportamentos louváveis do próximo
que lhe inspiram antipatia.
Assim age porque a sua é uma
consciências adormecida, não habituada aos voos expressivos da fraternidade e
da compreensão, que somente se harmonizando com o grupo no qual vive é que
poderá apresentar-se plena.
Autoconscientizando-se da
sua estrutura emocional mediante o discernimento do dever, o que significa
amadurecer, conseguirá realizar o parto libertador do ego, dele retirando as
suas mazelas, lapidando as crostas externas qual ocorre com o diamante bruto que
oculta o brilho das estrelas que se encontram no seu interior.
Não se trata de o combater,
senão de o entender e o amar, porque, no
processo antropológico, em determinado período, o que hoje são sombras
ajudou-o a vencer as adversas condições do meio ambiente, das expressões
primarias da vida, razão essa que se transformou em bem estruturado mecanismo de
defesa.
Burilá-lo, pois, através da
adoção de novas condutas que o aprimorem, significa respeitá-lo, ao tempo que
se liberta das fixações perversas em relação à atualidade com a aceitação de
outras condições próprias para o nível de consciência lucida em cuja busca
avança.
Conseguindo esse despertar
de valores, é inevitável a saída da sua individualidade para a convivência com a
coletividade, onde mais se aprimorará, aprendendo a conquistar emoções
superiores que o enriquecerão de alegria e de paz, deslumbrando-se ante as bênçãos
da vida que adornam tudo, assimilando-as em vez de reclamando sempre, pela
impossibilidade de percebê-las.
A sombra desempenha um papel
fundamental na construção do ser, que a deve direcionar no rumo do self portador da luz da razão e do
sentimento profundo de amor, em decorrência da sua origem transpessoal de essência
divina.
O ingrato, diante do seu atraso
emocional, reclama de tudo, desde os fatores climatéricos aos humanos de
relacionamentos, desde os orgânicos aos emocionais, sempre com a verruma da
acusação ou da autojustificação assim como do mal-estar a que se agarra em
seguro mecanismo de fuga da realidade.
Nos níveis nobres da consciência de si e da cósmica, a gratidão aureola-se de júbilos,
e os sentimentos não mais permanecem adstritos ao eu, ao meu, ampliando-se
ao nós, a mim e você, a todos juntos.
A gratidão é a assinatura de
Deus colocada na Sua obra.
Quando se enraíza no
sentimento humano logra proporcionar harmonia interna, liberação de conflitos, saúde
emocional, por luzir como estrela na imensidão sideral...
Por extensão, aquele que se
faz agradecido torna-se veiculo do sublime autógrafo, assinalando a vida e a natureza
com a presença d’Ele.
A consciência responsável age
sem camuflagem, diluindo a contaminação de
todos os miasmas de que se faz portador o inconsciente coletivo gerador de
perturbações e instabilidade emocional, produtor de conflitos bélicos, de arrogância,
de crimes seriais, de todo tipo de violência.
Quando o egoísta insensatamente
aponta as tragédias do cotidiano, as aberrações que assolam a sociedade,
somente observa o lado mau e negativo do mundo, está exumando os seus
sentimentos inconscientes arquivados, vibrantes, sem a coragem de externa-los,
de dar-lhes campo livre no consciente.
Quando alguém combate a
guerra, a pedofilia, a hediondez que se alastram em toda parte, apenas
utilizando palavras desacompanhadas dos valores positivos para os eliminar do
mundo, conhece-os bem no íntimo e propõe a imagem do salvador, quando deveria
impor à consciência o labor de diluição, despreocupando-se com o exterior, sem lhes
dar vitalidade emocional.
Além das palavras são os
atos que devem ser considerados como recursos de dignificação humana.
A paz de fora inicia-se no
cerne de cada ser. Também assim é a
gratidão. Ao invés do anseio de
recebê-la, tornar-se-lhe o doador espontâneo e curar-se de todas as mazelas,
ensejando harmonia generalizada
A vida sem gratidão é estéril
e vazia de significado existencial.
Texto estudado da obra
PSICOLOGIA DA GRATIDÃO, pelo espírito Joanna de Ângelis, psicografado por
Divaldo Pereira Franco. pp.34-38.
Postado em 16-04-2013
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