APRENDER
A VIVER
Item do cap.ll do livro
Refletindo a Alma
A introspecção para o
autoconhecimento proporciona uma avaliação do comportamento, que exterioriza
nossa forma de ser. A partir da avaliação do conteúdo que encontramos em nosso
mundo íntimo, o discernimento nos possibilita eleger uma conduta saudável para
a vida. Viver retamente passa a ser a nossa meta, como já sugeria uma das Verdades do Caminho Óctuplo, proposto por Sidarta Gautama, o Buda.
Adquirindo as ferramentas
para se conhecer melhor – o pilar do autoconhecimento – o desafio vai além do “viver
bem”, “no sentido de acumular recursos, fruir comodidades, gozar sensações...”
(ANGELIS, 2009b,p.27), tão de agrado do ego. Isso ocorre porquanto as metas
existenciais passam a ser pautadas em valores profundos. Se com o
autoconhecimento passamos a “olhar” mais profundamente a alma, é natural que se
viva de forma compatível com essa perspectiva.
Importante, nesse
aprendizado, continuar questionando quem se é, além dos papéis exercidos
socialmente e de toda a história pessoal conhecida. Se me vejo apenas como um
expectador passivo, e não como protagonista da marcha existencial,
provavelmente estou muito distante do aprendizado profundo da vida.
Na condição de terapeuta,
deparo-me com muitos dramas existenciais, de pessoas que dedicaram toda uma
vida a construir patrimônios, a deixar heranças aos filhos e que, nada obstante
tenham alcançado o que se costuma chamar de “sucesso”, permanecem profundamente
amarguradas, com um vazio interno que nenhuma de suas “conquistas” consegue
preencher. Sem diminuir a importância das chamadas “conquistas pessoais”,
perguntamos apenas se não existem fatores essenciais que foram deixados de
lado, e que é preciso redirecionar a vida, investir em novos valores, redimensionar
os tesouros para que as energias sejam bem canalizadas.
Essas experiências me fazem
recordar um antigo ensinamento, na verdade um questionamento, feito da seguinte
forma: “De que vale ao homem ganhar o mundo e perder a alma?” (Marcos 8:36)
Concordo com James Hollis
(1995, p.12) quando diz ser necessário “reconhecer a parcialidade da lente que
recebemos da nossa família e da nossa cultura, e através da qual fizemos nossas
escolhas e sofremos suas consequências.” Em outras palavras, aprender a viver
deve nos desconectar, em muitos sentidos, das estruturas coletivas, para encontrarmos
o nosso caminho, a nossa estrada, a “individuação”, muitas vezes perdida ou
deixada para traz.
Desidentificar-se das
estruturas coletivas, identificando-se consigo mesmo, trocar as lentes e olhar
com nossos olhos da alma permitem uma participação individual mais intensa e
profunda nas próprias estruturas coletivas: família, sociedade, trabalho etc.
Compreendendo que nossa
trajetória não deve repetir modelos externos, necessariamente, o ser aprende “a aceitar-se como é, sem desejar imitar modelos
transitórios das glórias momentâneas, que brilham sob os focos das lâmpadas da
ilusão.” (2009b, p.55) O aprendizado, nesse sentido, visa a aprender a
deixar de pautar a vida apenas nas conquistas externas, tão de agrado do ego,
para focar-se no desenvolvimento das potencialidades da alma, muitas vezes
esquecidas.
Identificado o objetivo e sentido
da vida, “a fatalidade existencial deixa de ser viver bem, que é uma das metas
humanas, para bem viver, que é uma conquista pessoal intransferível.” (2009b,
p.78)
Aprender a viver, longe das
imposições externas do comportamento, ou do adestramento para uma convivência social,
fundamenta-se em uma instancia mais profunda: aprender a ser.
Transcrito do artigo Uma
Psicologia com Alma: A Psicologia Espírita de Joanna de Ângelis escrito por
Cláudio Sinoti no livro REFLETINDO A
ALMA pp.40.- 42.
Postado em 16-04-2013
Continua...
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