sábado, 20 de abril de 2013


Consciente, Pré-consciente e Inconsciente

Continuação do artigo escrito por Marlon Reikdal: Freud e a estrutura psíquica...no cap.5

Em se tratando do inconsciente, Freud (1915) justifica o conceito de inconsciente e discute os vários significados. Apresenta a questão da dinâmica psíquica, abordando a repressão, a comunicação entre os dois sistemas (inconsciente e pré-consciente), as características especiais do sistema inconsciente e a avaliação do inconsciente. Seria bastante extenso abordarmos todos estes itens, e, por isso, faremos alguns recortes suficientes para a compreensão psicanalítica de inconsciente, conforme Joanna de Ângelis aborda.

Faz-se imprescindível relatar que a suposição da existência do conceito segundo o qual existem processos inconscientes jamais foi de natureza filosófica, e sim prática. Na nota do editor inglês do texto já citado, encontramos a afirmativa de que Freud não estabeleceu uma mera entidade metafísica, revelando o inconsciente, tal como era, como funcionava, como diferia de outras partes da mente, e quais eram suas relações recíprocas com ela, tornando assim a análise do inconsciente um método de tratamento.*

Para o pai da psicanálise, aquela a teoria do modelo topográfico apresentaria uma insuficiência para compreender o funcionamento do ser humano, e, principalmente, seu adoecimento psíquico.

Ao longo de seu trabalho Freud percebeu que algumas recordações não podiam ser trazidas para o consciente. Os mecanismos de defesa responsáveis por esta resistência eram inconscientes, e, por conseguinte, inacessíveis. Foi então com Freud (1923b) que se formalizou a teoria estrutural tripartite do ego, id e o superego, ou como já antecipamos, a segunda tópica; uma nova descrição da anatomia da mente, também em três partes, mas indissociadas entre si, influenciando-se reciprocamente, ativas e dinâmicas.

Embora se fale de uma nova descrição, em momento algum Freud deixa a ideia de divisão do psíquico em consciente e inconsciente, pois essa divisão é considerada uma premissa fundamental da psicanálise.

*No livro Jung, o Homem Criativo, o autor defende que a experiência do inconsciente nasceu com a Humanidade. Muito antes de Freud e Jung, já desde os antigos hindus, os hebreus e os egípcios, a Humanidade sabia da existência nas pessoas de aspectos desconhecidos e estranhos que a consciência não era capaz de controlar nem de compreender. As culturas orientais, principalmente a hindu e a chinesa, desenvolveram, empregando técnicas de meditação, ioga e artes marciais, vários meios para ter acesso aos níveis mais profundos da psique. Kant e Schelling apontaram a existência de um lado escuro na psique.  Mas, entre os filósofos, quem melhor formulou a ideia de inconsciente foi Gottfried Von Leibniz (1646-1716). Em 1846, Carus escreveu o livro Psyche, no qual defendia a ideia de que o inconsciente era a base da psique. Foi a primeira tentativa de uma ciência da alma, de uma explicação global para a vida psíquica. Mas foi só  partir do século XIX que o inconsciente passou a ser estudado sistematicamente. Em 1869, Eduard Von Hartmann, baseando-se na Filosofia da vontade, de Schopenhauer, publicou a obra Filosofia do inconsciente relatando detalhadamente tudo o que havia sido escrito até então sobre inconsciente. (GRINBERG, 2003, p.80).  

Fiquem atentos para a continuação do texto...

Artigo escrito por Marlon Reikdal – Freud e a estrutura psíquica: descobrindo o inconsciente - no livro Refletindo a Alma, da pp. 110-112.

Postado em 20/04/2013.

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