Consciente,
Pré-consciente e Inconsciente
Continuação do artigo escrito
por Marlon Reikdal: Freud e a estrutura psíquica...no cap.5
Em se tratando do
inconsciente, Freud (1915) justifica o conceito de inconsciente e discute os vários
significados. Apresenta a questão da dinâmica psíquica, abordando a repressão,
a comunicação entre os dois sistemas (inconsciente e pré-consciente), as características
especiais do sistema inconsciente e a avaliação do inconsciente. Seria bastante
extenso abordarmos todos estes itens, e, por isso, faremos alguns recortes
suficientes para a compreensão psicanalítica de inconsciente, conforme Joanna
de Ângelis aborda.
Faz-se imprescindível relatar
que a suposição da existência do conceito segundo o qual existem processos
inconscientes jamais foi de natureza filosófica, e sim prática. Na nota do
editor inglês do texto já citado, encontramos a afirmativa de que Freud não
estabeleceu uma mera entidade metafísica, revelando o inconsciente, tal como
era, como funcionava, como diferia de outras partes da mente, e quais eram suas
relações recíprocas com ela, tornando assim a análise do inconsciente um método
de tratamento.*
Para o pai da psicanálise,
aquela a teoria do modelo topográfico apresentaria uma insuficiência para
compreender o funcionamento do ser humano, e, principalmente, seu adoecimento psíquico.
Ao longo de seu trabalho
Freud percebeu que algumas recordações não podiam ser trazidas para o
consciente. Os mecanismos de defesa responsáveis por esta resistência eram
inconscientes, e, por conseguinte, inacessíveis. Foi então com Freud (1923b)
que se formalizou a teoria estrutural tripartite do ego, id e o superego, ou
como já antecipamos, a segunda tópica; uma nova descrição da anatomia da mente,
também em três partes, mas indissociadas entre si, influenciando-se
reciprocamente, ativas e dinâmicas.
Embora se fale de uma nova
descrição, em momento algum Freud deixa a ideia de divisão do psíquico em
consciente e inconsciente, pois essa divisão é considerada uma premissa
fundamental da psicanálise.
*No
livro Jung, o Homem Criativo, o autor
defende que a experiência do inconsciente nasceu com a Humanidade. Muito antes
de Freud e Jung, já desde os antigos hindus, os hebreus e os egípcios, a
Humanidade sabia da existência nas pessoas de aspectos desconhecidos e
estranhos que a consciência não era capaz de controlar nem de compreender. As culturas
orientais, principalmente a hindu e a chinesa, desenvolveram, empregando técnicas
de meditação, ioga e artes marciais, vários meios para ter acesso aos níveis mais
profundos da psique. Kant e Schelling apontaram a existência de um lado escuro
na psique. Mas, entre os filósofos, quem
melhor formulou a ideia de inconsciente foi Gottfried Von Leibniz (1646-1716). Em
1846, Carus escreveu o livro Psyche, no qual defendia a ideia de que o
inconsciente era a base da psique. Foi a primeira tentativa de uma ciência da
alma, de uma explicação global para a vida psíquica. Mas foi só partir do século XIX que o inconsciente passou
a ser estudado sistematicamente. Em 1869, Eduard Von Hartmann, baseando-se na
Filosofia da vontade, de Schopenhauer, publicou a obra Filosofia do inconsciente relatando detalhadamente tudo o que havia
sido escrito até então sobre inconsciente. (GRINBERG, 2003, p.80).
Fiquem atentos para a
continuação do texto...
Artigo escrito por Marlon
Reikdal – Freud e a estrutura psíquica: descobrindo o inconsciente - no livro
Refletindo a Alma, da pp. 110-112.
Postado em 20/04/2013.
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