Litígios
Herança da natureza animal predominante no ser humano, a
tendência ao litígio, à competição, à dissenção torna-se, a pouco e pouco, com
essa caracteristica do primarismo de que não se libertou, agressiva e hedionda.
Dissentir é, muitas vezes, uma atitude saudável, quando não
se está de acordo por uma ou outra razão. No entanto, transformar a sua
discordância em motivo de litígio é injustificável, somente compreensível por
tratar-se de remanescente da inferioridade moral do opositor.
A fim de manter o seu ponto
de vista, o litigante, não raro, urde mecanismo de violência, recorrendo à
calunia, à infâmia, à agressão inqualificável.
Vestígio das fases iniciais da evolução, na luta pela vida, o ser racional
permanece, quando assim se encontra, em atitude de autodefesa, em razão da
insegurança em que se demora, partindo para a agressividade, para o litígio
perturbador, no qual o ego predomina e se satisfaz.
À medida que o adversário vê o triunfo do outro, aquele a
quem combate, mais impiedoso se torna, recorrendo a expedientes de
desmoralização, pela impossibilidade de superá-lo através dos valores do
espirito.
Ontem, eram utilizados a tocaia, o duelo, o combate físico
para atender as paixões.
Hoje, guardadas a proporções, ainda se utilizam de
equivalentes recursos, à socapa, sob disfarces de defesa dos nobres ideais,
para alijamento dos perigosos inimigos, que
são aqueles aos quais combate.
Os litígios são reminiscências do passado, sinais de
identificação do atraso em que permanece grande numero de membros da sociedade
humana.
*
Não estranhes, no ideal a que te entregas, a presença do
opositor, o desafio para litígios.
Não se encontram esses companheiros lutando pela Causa que
dizem defender, antes laboram estimulados pela inveja, pelo despeito, pelo amor
próprio ferido.
Sentindo-se inferiorizados, exaltam o ser, exibindo e esgrimindo
as armas da arrogância, da crueldade, anelando pelo sofrimento, pela ruína,
pela queda do outro, daquele a quem elegeu para derrotar.
De forma alguma, dê-lhes espaço nos teus sentimentos.
Quem se dispõe a uma tarefa de enobrecimento, equipa-se de
coragem para arrostar as consequencias da decisão e da ação.
Ignora, portanto, aqueles que se te fazem crucificadores,
mesmo quando disfarçados de benfeitores, defensores da verdade – a verdade
deles...
Silencia e prossegue.
Retifica o que se te apresente equivocado, dúbio, incorreto e
faze o melhor ao teu alcance.
Sempre haverá razões para os litigantes. Eles vivem emocionalmente
das polemicas que sustentam.
Afinam-se uns com os outros, até o momento em que se desavêm,
pois não conseguem viver sem impor-se, sem chamar a atenção, sem o alimento da
presunção...
A morte, que te tomará o corpo, buscar-los-á também, e
passarão esquecidos, ou recordados somente por aqueles com os quais mantém
afinidade.
Além da cortina de sombras do corpo, eles mudarão a forma de
pensar, de intender, de comportar-se, e se recuperarão.
Jesus não transitou no mundo sem os sofrer.
A cada passo enfrentava-os, era desafiado pelos litigantes.
Allan Kardec também os encontrou entre aqueles que se diziam
filiados à Doutrina de que ele se fizera o Codificador.
Todos o homens e mulheres de Bem experimentam-lhes a militância,
a oposição.
Sê tu aquele que não litiga, mas faz o bem; que não revida,
porém permanece com firmeza no ideal até o fim da existência física.
Texto copiado do livro Desperte e Seja Feliz – pelo Espírito
Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, pp.22-25.
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