quarta-feira, 3 de abril de 2013


Litígios

Herança da natureza animal predominante no ser humano, a tendência ao litígio, à competição, à dissenção torna-se, a pouco e pouco, com essa caracteristica do primarismo de que não se libertou, agressiva e hedionda.

Dissentir é, muitas vezes, uma atitude saudável, quando não se está de acordo por uma ou outra razão. No entanto, transformar a sua discordância em motivo de litígio é injustificável, somente compreensível por tratar-se de remanescente da inferioridade moral do opositor.

A fim de manter o seu ponto de vista, o litigante, não raro, urde mecanismo de violência, recorrendo à calunia, à infâmia, à agressão inqualificável.

Vestígio das fases iniciais da evolução, na luta pela vida, o ser racional permanece, quando assim se encontra, em atitude de autodefesa, em razão da insegurança em que se demora, partindo para a agressividade, para o litígio perturbador, no qual o ego predomina e se satisfaz.

À medida que o adversário vê o triunfo do outro, aquele a quem combate, mais impiedoso se torna, recorrendo a expedientes de desmoralização, pela impossibilidade de superá-lo através dos valores do espirito.

Ontem, eram utilizados a tocaia, o duelo, o combate físico para atender as paixões.

Hoje, guardadas a proporções, ainda se utilizam de equivalentes recursos, à socapa, sob disfarces de defesa dos nobres ideais, para alijamento dos perigosos inimigos, que são aqueles aos quais combate.

Os litígios são reminiscências do passado, sinais de identificação do atraso em que permanece grande numero de membros da sociedade humana.

*

Não estranhes, no ideal a que te entregas, a presença do opositor, o desafio para litígios.

Não se encontram esses companheiros lutando pela Causa que dizem defender, antes laboram estimulados pela inveja, pelo despeito, pelo amor próprio ferido.

Sentindo-se inferiorizados, exaltam o ser, exibindo e esgrimindo as armas da arrogância, da crueldade, anelando pelo sofrimento, pela ruína, pela queda do outro, daquele a quem elegeu para derrotar.

De forma alguma, dê-lhes espaço nos teus sentimentos.

Quem se dispõe a uma tarefa de enobrecimento, equipa-se de coragem para arrostar as consequencias da decisão e da ação.

Ignora, portanto, aqueles que se te fazem crucificadores, mesmo quando disfarçados de benfeitores, defensores da verdade – a verdade deles...    

Silencia e prossegue.

Retifica o que se te apresente equivocado, dúbio, incorreto e faze o melhor ao teu alcance.

Sempre haverá razões para os litigantes. Eles vivem emocionalmente das polemicas que sustentam.

Afinam-se uns com os outros, até o momento em que se desavêm, pois não conseguem viver sem impor-se, sem chamar a atenção, sem o alimento da presunção...

A morte, que te tomará o corpo, buscar-los-á também, e passarão esquecidos, ou recordados somente por aqueles com os quais mantém afinidade.

Além da cortina de sombras do corpo, eles mudarão a forma de pensar, de intender, de comportar-se, e se recuperarão.

Jesus não transitou no mundo sem os sofrer.

A cada passo enfrentava-os, era desafiado pelos litigantes.

Allan Kardec também os encontrou entre aqueles que se diziam filiados à Doutrina de que ele se fizera o Codificador.

Todos o homens e mulheres de Bem experimentam-lhes a militância, a oposição.

Sê tu aquele que não litiga, mas faz o bem; que não revida, porém permanece com firmeza no ideal até o fim da existência física.

Texto copiado do livro Desperte e Seja Feliz – pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, pp.22-25.

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