Continuação...da postagem do
dia 12-04-2013
Para que seja identificada a
realidade emocional, deve-se passar à auto-observação, “examinando-se o
comportamento interior, as ambições e experiências, para descobrir-se que há um
mundo íntimo, vibrante, sensível, aguardando.” (2006, p.76). É todo um processo
de autoanálise que proporciona um conhecimento consciente das ocorrências psicológicas,
que sem um olhar atento passam muitas vezes despercebida pelo ego.
Além da identificação das
necessidades, a observação da realidade emocional que se vive revela-se
fundamental para essa jornada, como já destacava Jung (2008,p.104):
“O homem gosta de
acreditar-se senhor da sua alma. Mas enquanto for incapaz de controlar os seus
humores e emoções, ou de se tornar consciente da inúmeras maneiras secretas
pelas quais os fatores inconscientes se insinuam nos seus projetos e decisões, certamente
não é o seu dono”.
Para “assenhorear-se” de si
mesmo, a atitude introspectiva torna-se uma ferramenta valiosa, na qual,
buscando avaliar o conteúdo psíquico que se exterioriza, o ser torna-se
responsável por modificar tudo aquilo que se encontra em desarmonia. A meditação,
sem nenhuma vinculação filosófica específica, é sugerida como forma de criar o
saudável hábito de tornar-se o observador de si mesmo e das suas manifestações.
Não se trata, no entanto, de
uma forma de isolar-se do mundo, mas de criar condições que possibilitem que o
ego – enquanto centro da consciência – estreite o relacionamento com as forças
do inconsciente de uma forma harmônica, permitindo não somente ajustar os
conteúdos porventura conflitantes, mas também ativar as inúmeras possibilidades
que permanecem adormecidas no Self.
Um dos maiores desafios no
processo do autoconhecimento é o encontro com a Sombra – aquela parte negada,
assim como desconhecida da personalidade. Tudo que negamos em nós, mas que
permanece atuante de forma inconsciente, tudo que não aceitamos, mas que a
nossa natureza teima em revelar, mas também as potencialidades nem sequer
imaginadas, que ainda não foram ativadas na personalidade, constituem nossa
Sombra, cujo grande desafio não é derrotá-la, mas integrá-la de forma consciente
e harmônica em nossa personalidade.
Enquanto mergulhados na
Sombra, sem uma avaliação consciente, tomamos decisões e fazemos escolhas
desconectadas da nossa essência ou do Self, como diria Jung, o que normalmente
conduz a ocorrências destrutivas. Mas à medida que mergulhamos na sombra, e reconhecemos
os aspectos ainda não trabalhados da nossa personalidade, trazemos à tona essa
carga de energias sub ou mal utilizadas, que podem impulsionar o processo de
autodescobrimento.
Recordemos de Paulo, o apóstolo,
que reconhecendo a sombra atuante em sua personalidade, irá declarar: “Irmãos: eu sei que em mim, isto é, na minha
natureza, não habita o bem, pois querer o bem está ao meu alcance, mas realizá-lo
não está. Na verdade, não faço o bem que quero, mas pratico o mal, que não
quero”. (Paulo – Rom. 7,18s). Certamente que o apóstolo dos gentios deve
ter sido muito crítico em relação a si mesmo, tendo em vista os feitos notáveis
de que foi capaz. Mas certamente ele se
recordava dos atos de Saulo, que não muito distante houvera cometido graves
crimes, que pesavam em sua consciência.
Transcrito do artigo escrito
por Cláudio Sinoti – no livro REFLETINDO A ALMA – Núcleo de Estudos
Psicológicos Joanna de Ângelis. Das pp.37-39.- dia 13-04-2013.
Continua no dia 14-04-2013
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