sábado, 20 de abril de 2013


A sombra perturbadora e a gratidão

Continuação do cap. 2

Todas as criaturas possuem o seu lado sombra, o lado obscuro da sua existência, às vezes considerado como sendo o lado negativo do ser.

Essa sombra que, quase sempre, responde por muitas aflições que se insculpem no ego atormentando o self, é, conforme o dr. Friedrich Dorsch, resultado de “traços psíquicos do homem [e da mulher] em parte reprimidos, em parte não vividos, que, por razões sociais educativas ou outras, foram excluídos da convivência e, por isso, foram reprimidos.”

A sombra é portadora de valores e requisitos que podem ser utilizados de maneira produtiva ou perturbadora, podendo mesmo expressar-se de três formas, como sejam: a) a de natureza pessoal, cujos significados que foram reprimidos pertencem ao próprio individuo; b) a de natureza coletiva, que representa os mesmos significados reprimidos em cada sociedade; c) a de natureza arquetípica, em que há um caráter ancestral de destrutividade do ser humano, que não dispõe de possibilidade de diluição...

Jung considerava que se torna necessário adquirir a consciência desses conteúdos reprimidos, porque somente assim será possível alcançar a individuação. Após essa tentativa inicial, deve-se trabalhar pela sua integração no self, o que equivale dizer esforçar-se pelo amadurecimento psicológico, não mascarando a responsabilidade pessoal e aceitando-a de forma consciente, compreendendo todas as manifestações sombrias já experienciadas.

Todo individuo é possuidor de aspirações que nem sempre consegue concretizar ou vivenciar, recalcando-as com mágoas e não conseguindo diluí-las conscientemente pela superação. Somando a esse conflito não exteriorizado, conduz a herança ancestral da cultura onde se movimenta assim como a presença arquetípica de autodestruição, como fenômeno de fuga da realidade.

Tais ocorrências defluem da vivencia em cada reencarnação, quando experimentou a carga dos conflitos gerados anteriormente e que ressumam – sombra pessoal e coletiva -, tomando o aspecto arquetípico bem característico dos movimentos primários antes do surgimento da consciência e da personalidade.

Com todo esse potencial negativo, a sombra responde pelos desaires que geram sofrimento e amargura, retendo o ser na sua rede invisível e constritora.

Nada obstante, ao ser-se conscientizado desses fatores de perturbação, pode-se e deve-se trabalhar interiormente para superá-los por intermédio da redução da sua carga, aplicando-se contribuições edificantes e saudáveis, como o otimismo, a confiança no êxito, a solidariedade, o esforço para manter as perspectivas de realização sem os receios injustificáveis.

A sombra pode ser vista como uma névoa ou uma ilusão que o sol da realidade dilui, proporcionando a visão clara do existir, no qual todos se encontram situados. E porque as aspirações humanas saudáveis são crescentes, à medida que vão sendo superadas algumas dificuldades do amadurecimento psicológico, ampliam-se os horizontes do equilíbrio e do despertamento para a individuação.

 Atente para a continuação do 2º cap. na próxima postagem.

Texto estudado da obra PSICOLOGIA DA GRATIDÃO, pelo espírito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco. pp. 46-47.

Postado em 20-04-2013

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