segunda-feira, 2 de dezembro de 2013


 

OUTRAS EXPERIÊNCIAS EMOCIONAIS

Gostaríamos ainda de proporcionar pequenas reflexões em torno de outras experiências emocionais orientadas pela ação egoica adoecida que impedem o nosso desenvolvimento, impossibilitando uma vivencia adequada e plena na Terra. Estas diferentes manifestações do ego adoecido podem ser facilmente percebidas através da análise na obra Conflitos Existenciais.

O RESSENTIMENTO: definido como a raiva não expressa, também é produto do ego desvirtuado que não admite o ocorrido e permanece em torno daquele acontecimento, considerando inadmissível ter passado por aquela situação. Adentra assim um estado de profundo adoecimento emocional. Joanna de Ângelis, no livro O Ser Consciente, afirma que toda vez que o individuo se sente defraudado na sua ambição desmedida, rebela-se, permitindo que o ego seja atingido e subestimado, gerando sentimentos controvertidos de ódio, de rancor, de ressentimento; e que dentre os tormentos psicológicos alienadores, o ressentimento tem grande destaque na atualidade. Quando se acredita traído, vitimado, recorre ao ego e instala nos painéis da emotividade cargas violentas, que lhe desarmonizarão a conduta mental e moral. Este ressentimento, por caracterizar-se como expressão de inferioridade, anela pelo desforço, consciente ou não, trabalhará para repor o ego ferido ao conceito daquele que o desconsiderou.

O CIÚME: Joanna explica que tem raízes no egotismo exagerado, que somente pode ser superado mediante o trabalho de autodisciplina e de entrega pessoal. Na raiz de muitos crimes na área da afetividade doentia, o ciúme destaca-se como fator primacial, por ser possessivo, asselvajado, pois em face da insegurança emocional, sente o ego ferido pelo desprezo que imagina foi-lhe concedido e deixa-se dominar por ideias perversas de autocídio ou de homicídio. Neste, como em muitos outros capítulos, a orientação é a terapêutica da bondade ao lado da psicoterapia especializada, porque nesse serviço, o afeto se amplia, os horizontes se alargam, os interesses deixam de ser personalistas e a visão a respeito do mundo e da sociedade torna-se mais complacentes e menos rigorosas.

A CULPA: pode ser entendida como produto do ego que se pune. É profundamente analisada por Joanna de Ângelis em diversas obras, devido à atualidade do tema e do grande potencial destrutivo que oferece quando não trabalhada. Para a mentora a culpa é resultado da raiva que alguém sente contra si mesmo, voltada para dentro, em forma de sensação de algo que foi feito erradamente. Por isso, fatalmente está o ego adoecido, que, impossibilitado de refletir com naturalidade sobre a possibilidade de errar, de discernir, cobra-se, gerando alto nível de sofrimento, em vez de avaliar a qualidade das ações e permitir as reparações quando equivocadas.

O ESTRESSE: também analisado no livro Conflitos Existenciais, é citado por Joanna de Ângelis na condição de egotismo exacerbado do estresse da amargura, das ocorrências aflitivas que inquietam o ser, mostrando que as experiências sociais, as lutas e os desacertos não deveriam se constituir em força estressante, porque tem por objetivo amadurecer a capacidade emocional. No entanto, o ego estabelece os seus parâmetros e assoberba-se de ilusões e de posses mentirosas que a realidade se incumbe de desfazer, produzindo o sofrimento, que numa compreensão transcendente se mostra como o caminho para a libertação da concepção equivocada.

A INVEJA: poderia ser definida como o ego que não admite o triunfo alheio. O Dicionário de Houaiss define inveja como: “sentimento em que se misturam o ódio e o desgosto, e que é provocado pela felicidade ou a prosperidade de outrem. É o desejo irrefreável de possuir ou gozar, em caráter exclusivo, o que é possuído ou gozado por outrem”. Em Psicologia se afirma que só sentimos inveja do que podemos conquistar. A inveja então seria um tipo de atração, de desejo por algo que gostaríamos de ter, ser, viver ou conquistar, mas que por algum tipo de mecanismo interno (medo, inferioridade, preguiça) não alcançamos. Assim, não invejamos somente bens materiais, eles são um aspecto do que se pode ser invejado. Podemos invejar uma qualidade, uma posição, um jeito de ser, um relacionamento entre duas pessoas etc. num primeiro momento, a inveja envolve elementos de admiração e cobiça que evoluem para o desejo de destruir o outro, pois ele é tomado por um sentimento de infelicidade por não estar vivendo aquela realidade idealizada.

Por um ato de covardia e despeito, em vez de reconhecer suas dificuldades, limites e buscar por si mesmo o que almeja, acaba colocando a culpa de sua infelicidade no outro e não suportando a suposta felicidade daquele que inveja. O indivíduo quer apoderar-se do que deseja ou destruir o objeto desejado, é uma forma de desqualificar e poder assim alterar o valor do objeto desejado. O elemento invejoso adultera a qualidade do objetivo querido, já que não consegue suportar que outro alguém o possua. É uma forma de transformar algo de bom em mau e de impedir o outro de possuir aquilo que deseja.

Melanie Klein coloca a inveja como uma das emoções mais primárias. Para ela, a inveja surge a partir do sentimento de impotência, que se insere na direção da aspiração de um bem, que outro possui. A inveja surge somente onde a tentativa de se efetuar a conquista inclui a consciência do fracasso e da impotência. Para livrar-se da inveja é fundamental que a pessoa descubra suas próprias qualidades para que possa desenvolver suas potencialidades e ter consciência de que podem ser admiradas e felizes.

O ORGULHO: tem como atitude exclusivista a adoração de lisonjeadores, ama os parasitas sociais e odeia os generosos. Vivendo a se vangloriar de cada vitória, enterrando sob uma fina camada de areia todos os seus erros e fracassos que se tornam visíveis à primeira lufada de vento. Sem compaixão por nada nem por ninguém, apresenta tendências egoístas e tem enorme dificuldade de perdoar. Perpetua suas máscaras sociais e fica constrangido se a situação requer espontaneidade. Qualquer quebra de padrão o derruba. Fica absolutamente deslocado quando não domina a situação ou não é o centro das atenções. Dessa forma, o arrogante, de tanto jogar no time do “eu sou mais eu”, acaba atraindo a antipatia e a indiferença dos outros, pois ninguém aguenta conviver muito tempo com a presunção de uma pessoa que só conta vantagens, muitas delas, geralmente, nem verdadeiras são. Com o passar do tempo, lembranças de glorias efêmeras são as únicas companheiras que lhe restam, já que ele não soube compartilhar o seu sucesso nem os de outras pessoas. Pobre criatura arrogante!

A VAIDADE: consiste em uma estima exagerada de si mesmo ou de suas posses, uma afirmação esnobe da própria identidade. É considerada um dos sete pecados capitais, sendo o mesmo pecado associado ao orgulho excessivo e à arrogância. Tomás de Aquino considerava a vaidade um problema tão grandioso que era fora de série, devendo ser tratado em separado do resto e merecendo uma atenção especial. Existe um quê de soberba, um componente de vanglória que se impõe como uma pessoa especial. O indivíduo vaidoso está interessado nas pessoas e nas coisas materiais quando essas se transformam em apêndices dele, em verdadeiros espelhos a refletirem a sua própria imagem. Busca incessantemente as opiniões a seu respeito e que acaba por se tornar uma pessoa escrava de sua própria imagem perante seus semelhantes. Ele aguarda, apenas, o reconhecimento do próximo ao descobrir o que ele pensa ao seu respeito. Certamente a vaidade é decorrente do orgulho. O ser vaidoso não conhece a palavra nós, pois ele somente pensa na palavra eu. Eu, as minhas coisas, os meus problemas, as minhas realizações. Há pessoas que só parecem ver o seu próprio rosto. Seus pensamentos são muito mais importantes, mais lógicos, guardam maior sentido. A vaidade é mais associada atualmente à estética, ao visual e a aparência da própria pessoa. A imagem de uma pessoa vaidosa estará geralmente em frente a um espelho, a exemplo de Narciso. Comportamentos relacionados a este mecanismo incluem uma opinião exageradamente positiva do valor e capacidade próprios, expectativas exageradamente altas projetadas em objetos, ideias e nos outros, vestuário extravagante, orgulho, sentimentalismo e exaltação afetada, convencimento, tendência para desacreditar opiniões alheias, esforços direcionados à dominação daqueles considerados mais fracos ou menos importantes.

Como anteriormente argumentado, ninguém pode viver sem as emoções ou bloqueá-las, e a arte está em substituir os interesses negativos e viciosos por outros de caráter mais saudável. Substituir não deve ser confundido com  reprimir. Devemos ter contato com nossas emoções, compreender seu funcionamento e a serviço do que surge em nós . recalcadas, elas aparecem com maior vigor e nos pegam pela porta dos fundos.

Buscar a conscientização, meditando e dialogando consigo mesmo, é o caminho para construir vias possíveis de transformação emocional, sem dar expansão às tempestades interiores, trabalhando este algo em si mesmo que ainda se encontra desajustado.

Final do cap.9, EMOÇÕES E SENTIMENTOS UMA COMPRRENSÃO PSICOLOGICA ESPÍRITA, escrita por, Marlon Reikdal e Gelson L. Roberto, no livro REFETINDO A ALMA.

Postado dia 02/12/13.

Nenhum comentário: