EGO
+ ISMO
Perseguindo na análise
inicialmente do significado das palavras, o termo ‘ismo’ é considerado um sufixo
formador de nome de ação de alguns verbos, por exemplo, catecismo (de
catequizar), ostracismo (de ostracizar).
No Dicionário Houaiss da
Língua Portuguesa encontramos a afirmação de que
No curso dos séculos XIX e
XX o termo ‘ismo’
Foi usado para designar
movimentos sociais,
Ideológicos, políticos,
opinativos, religiosos e
personativos, através dos nomes próprios re
presentativos ou de nomes
locativos de origem,
E se chegou ao fato concreto
de que potencial
mente há para cada nome
próprio um seu derivado
em –ismo (HOUAISS, 2001,
verbete).
Desta definição surgiram
palavras como catolicismo, espiritismo, marxismo, darwinismo,academicismo, Altruísmo, parlamentarismo,
positivismo , etc.
Assim ao termo ‘ego’,
acrescentando o sufixo-ismo, temos o egoísmo enquanto a ação ou o movimento do
ego. Neste sentido, a simples ação do ego seria a nascente de todos os males. Esta
é a compreensão de algumas vertentes da Psicologia, bem como de algumas partes
da cultura oriental, anunciando a iluminação do ser somente após a eliminação
do ego, o que a vida é sofrimento simplesmente porque existe um eu (ego).
Neste olhar sobre o ser
humano o ego é caracterizado como algo ruim, como uma instancia negativa que
impossibilita a realização do indivíduo e precisa ser eliminado ou anulado para
que as pessoas encontrem a plenitude.
Sem compartilhar desta visão
de ser humano, continuando a busca de compreensão do ego+ismo, encontraremos
mais uma definição do sufixo ‘ismo’ que, segundo o mesmo dicionário, em
formações mais recentes foi primeiro usado em Medicina, para designar a
intoxicação de um agente obviamente tóxico, dando origem a palavras como “eterismo”
ou “alcoolismo”.
O ego não é uma instancia
tóxica, como temos defendido até aqui. Ainda ressaltamos as palavras de Joanna
de Ângelis quando utiliza a expressão ‘manifestações egoicas adoecidas’ nos
fazendo entender que, na perspectiva da Psicologia espírita, o ego não é
negativo, senão, que se encontre adoecido, enceguecido, atirando-se no abismo
das alienações. (livro, O Despertar do
Espírito)
É importante ressaltar ao
leitor que poderíamos apenas definir o sufixo ismo como formador de
substantivos abstratos. Mas nosso propósito não é o de realizar uma análise
linguística, desvendando a origem das palavras. Muito pelo contrário, queremos
apenas apresentar algumas possibilidades de interpretação do egoísmo, e para
isso nos detemos em definições breves e simplificadas para introduzir a questão
egoica e o funcionamento psíquico equivocado gerador de sofrimento.
Mas a ideia de intoxicação
pode ser um referencial para nossa análise. Nas pesquisas encontradas, os
conceitos de intoxicação ou o de envenenamento estão diretamente ligados ao
fator quantidade, intensidade, ou seja, caracterizam-se como intoxicação devido
ao excesso de determinada substância, e não à substância em si. Esta intoxicação,
ou envenenamento, é que faz estragar,
corromper, perverter, deteriorar, deformar a substância.
Dessa forma, em vez de
compreendermos o ego enquanto uma instancia psíquica negativa e que precisa ser
eliminada para que o indivíduo alcance a plenitude, nesta segunda forma de
definir o egoísmo, podemos entender o ego como uma instancia psíquica, produto
das reencarnações, e que, em determinada fase do desenvolvimento humano, se corrompe pelo excesso de si mesmo, se
perverte à medida que se considera o centro de tudo, aliena-se como se fosse
autossuficiente.
O ego se desenvolve como um
administrador que não deseja vivenciar sensações negativas, mas sabe que são
necessárias. Esta forma de administrar as experiências da vida é o que nos
diferencia dos demais, enquanto seres reencarnados, caracterizando-nos.
Podemos pensar que dentro
deste funcionamento normal e esperado, este ego que deveria administrar os prazeres,
as necessidades e os objetivos existenciais, pode equivocar-se na melhor forma
de gerenciar a vida, olhando apenas para si. Pode perverter-se pautado apenas
na construção dos interesses pessoais imediatos, pertinentes aos instintos
primários, em detrimento daqueles de natureza geral, de maior amplitude social
e humana.
O ego, nesta fase
desorganizada, adoecido pelo excesso de si mesmo, desconhecedor de toda a
amplidão que constitui o ser criado por Deus, deseja manter a sua identidade e
permanecer soberano.
Continuará na próxima
postagem.
Postado dia 09/12/13.
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