segunda-feira, 9 de dezembro de 2013


EGO + ISMO

Perseguindo na análise inicialmente do significado das palavras, o termo ‘ismo’ é considerado um sufixo formador de nome de ação de alguns verbos, por exemplo, catecismo (de catequizar), ostracismo (de ostracizar).

No Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa encontramos a afirmação de que

No curso dos séculos XIX e XX o termo ‘ismo’

Foi usado para designar movimentos sociais,

Ideológicos, políticos, opinativos, religiosos e

personativos,  através dos nomes próprios re

presentativos ou de nomes locativos de origem,

E se chegou ao fato concreto de que potencial

mente há para cada nome próprio um seu derivado

em –ismo (HOUAISS, 2001, verbete).

Desta definição surgiram palavras como catolicismo, espiritismo, marxismo, darwinismo,academicismo, Altruísmo, parlamentarismo, positivismo , etc.

Assim ao termo ‘ego’, acrescentando o sufixo-ismo, temos o egoísmo enquanto a ação ou o movimento do ego. Neste sentido, a simples ação do ego seria a nascente de todos os males. Esta é a compreensão de algumas vertentes da Psicologia, bem como de algumas partes da cultura oriental, anunciando a iluminação do ser somente após a eliminação do ego, o que a vida é sofrimento simplesmente porque existe um eu (ego).

Neste olhar sobre o ser humano o ego é caracterizado como algo ruim, como uma instancia negativa que impossibilita a realização do indivíduo e precisa ser eliminado ou anulado para que as pessoas encontrem a plenitude.

Sem compartilhar desta visão de ser humano, continuando a busca de compreensão do ego+ismo, encontraremos mais uma definição do sufixo ‘ismo’ que, segundo o mesmo dicionário, em formações mais recentes foi primeiro usado em Medicina, para designar a intoxicação de um agente obviamente tóxico, dando origem a palavras como “eterismo” ou “alcoolismo”.

O ego não é uma instancia tóxica, como temos defendido até aqui. Ainda ressaltamos as palavras de Joanna de Ângelis quando utiliza a expressão ‘manifestações egoicas adoecidas’ nos fazendo entender que, na perspectiva da Psicologia espírita, o ego não é negativo, senão, que se encontre adoecido, enceguecido, atirando-se no abismo das alienações. (livro, O Despertar do Espírito)

É importante ressaltar ao leitor que poderíamos apenas definir o sufixo ismo como formador de substantivos abstratos. Mas nosso propósito não é o de realizar uma análise linguística, desvendando a origem das palavras. Muito pelo contrário, queremos apenas apresentar algumas possibilidades de interpretação do egoísmo, e para isso nos detemos em definições breves e simplificadas para introduzir a questão egoica e o funcionamento psíquico equivocado gerador de sofrimento.

Mas a ideia de intoxicação pode ser um referencial para nossa análise. Nas pesquisas encontradas, os conceitos de intoxicação ou o de envenenamento estão diretamente ligados ao fator quantidade, intensidade, ou seja, caracterizam-se como intoxicação devido ao excesso de determinada substância, e não à substância em si. Esta intoxicação, ou envenenamento, é que faz estragar, corromper, perverter, deteriorar, deformar a substância.

Dessa forma, em vez de compreendermos o ego enquanto uma instancia psíquica negativa e que precisa ser eliminada para que o indivíduo alcance a plenitude, nesta segunda forma de definir o egoísmo, podemos entender o ego como uma instancia psíquica, produto das reencarnações, e que, em determinada fase do desenvolvimento humano, se corrompe pelo excesso de si mesmo, se perverte à medida que se considera o centro de tudo, aliena-se como se fosse autossuficiente.

O ego se desenvolve como um administrador que não deseja vivenciar sensações negativas, mas sabe que são necessárias. Esta forma de administrar as experiências da vida é o que nos diferencia dos demais, enquanto seres reencarnados, caracterizando-nos.

Podemos pensar que dentro deste funcionamento normal e esperado, este ego que deveria administrar os prazeres, as necessidades e os objetivos existenciais, pode equivocar-se na melhor forma de gerenciar a vida, olhando apenas para si. Pode perverter-se pautado apenas na construção dos interesses pessoais imediatos, pertinentes aos instintos primários, em detrimento daqueles de natureza geral, de maior amplitude social e humana.

O ego, nesta fase desorganizada, adoecido pelo excesso de si mesmo, desconhecedor de toda a amplidão que constitui o ser criado por Deus, deseja manter a sua identidade e permanecer soberano.

Continuará na próxima postagem.

Postado dia 09/12/13.  

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