domingo, 8 de dezembro de 2013


EGO

O Ego foi utilizado na Psicologia primeiramente por Freud, conforme discutido na capítulo sobre psicanálise. O termo é considerado a palavra latina para ‘eu’. Somente esta definição já bastaria, pois compreendemos que estamos fazendo um estudo do ‘eu’.

A partir disso as linhas da Psicologia foram criando diferentes nomes e formas de estruturação psíquica (interação entre as partes). Freud teorizou sobre o id e o superego, tendo o eu como mediador; Jung abordou os complexos, as máscaras, a sombra, o Self; Assagioli estudou o eu individual e o Eu superior. Sem deixar de falar que estas diferentes concepções de eu antecedem a própria Psicologia, sendo analisado desde a pré-história com a concepção mítica, passando por concepções como a racional e a romântica até a perspectiva pós-moderna, que vivencia a fragmentação do eu.

O dicionário de Psicologia define o ego como “núcleo da personalidade de uma pessoa ou princípio de uma organização dinâmica que determina as vivencias e atos do indivíduo.” (CABRAL E NICK, verbete) se tivéssemos a possibilidade de resgatar diferentes linhas teóricas da Psicologia como a Comportamental, a Gestalt-terapia, ou as teorias de Rogers, de Maslow ou Moreno, encontraríamos diferentes definições de ego e principalmente diferenciação no processo de formação e desenvolvimento egoico.

No entanto, todos eles abordarão de uma maneira ou de outra, independente do processo de estruturação, que o ego é uma instancia psíquica, imaterial, responsável pelo processo de adaptação à vida.

Segundo Grinberg, no livro Jung, o homem criativo, o ego proporciona este sentimento de identidade e é forma desde o nascimento, quando tem um atitude passiva, no confronto entre as necessidades de sobrevivências (corporais) e o meio ambiente. Aos poucos vai se estabelecendo um sujeito, e a criança se refere a si, dizendo “eu quero”. Na infância, o ego vai se desenvolvendo a partir de outros choques com o mundo exterior, e desenvolvendo uma postura ativa frente à vida, com escolhas, desejos, atendendo nossas necessidades ou não. Por isso dizemos que o caminho para o crescimento é feito a partir dos conflitos, medos e frustrações.

No cotidiano é difícil definir e perceber o ego, pois é ele que estrutura os pensamentos, que gerencia e organiza, avalia e raciocina, sente ou intui. É o observador falando do observado, pois toda vez que usamos o termo eu, me ou meu, estamos nos referindo ao ego.

Queremos ainda buscar o entendimento do eu na perspectiva espirita, que comporta a ideia da criação Divina que nos conduz à perfeição e de eternidade, sobrevivendo à morte do corpo. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, encontramos a afirmativa de que “em sua origem o homem só tem instintos; quando mais avançado e corrompido só tem sensações; quando instruído e depurado tem sentimentos” (KARDEC,2006, p.205)

O instinto é a força oculta que solicita os seres orgânicos a atos espontâneos e involuntários, visando a conservação do ser. Como explica Kardec, nos atos instintivos não há reflexão, nem combinação, nem premeditação, ou seja, este ato maquinal move o sujeito, que ainda não faz uso da inteligência nem da vontade (atributos que se desenvolvem com a evolução do Espírito), impulsionado por esta energia dentro de si.

A segunda etapa, conforme anuncia o Espírito Lázaro na citação acima, é o desenvolvimento das sensações. Nesse campo, experimentamos sensações boas e sensações ruins. Para alguns, acordar cedo ou fazer uma dieta equilibrada é uma sensação ruim, para outros, trabalhar é uma sensação boa, ou passear, comer doces, etc.

O homem quando se depara com as sensações boas e ruins, positivas e negativas, adentra num momento crucial de seu desenvolvimento psíquico, pois precisará administrá-las adequadamente. Se o indivíduo buscar apenas a vivencia das emoções agradáveis sucumbirá, pois ninguém vive na Terra apenas em função dos prazeres, devendo administrar as responsabilidades e muitas vezes os desprazeres que são necessários à sobrevivência do ser.

Para lidar com essa vivência, em meio aos prazeres e desprazeres, é necessário um administrador que dirija o homem lhe dizendo que é preciso se deparar e experimentar sensações negativas para que continue existindo. Esse é o ego – instancia psíquica que foi lentamente se desenvolvendo, e passou a ser elemento básico para a sobrevivência consciente do ser, administrando os desejos e os compromissos, o prazer e a realidade, enraizando-se na psique e exteriorizando-se na personalidade em a qual mantém o seu campo de desenvolvimento.

Quando reencarnamos, a personalidade é a representação do nosso desenvolvimento egoico, ou seja, formamos um  ego que é o centro da consciência. Com as experiências que a vida nos oferece vamos estruturando este ser que somos, que tem um nome, que tem uma formatação psicológica, um ingrediente de funcionamento emocional, uma estrutura valorativa com que se coloca no mundo, e que poderia ser considerado a média de todas as vivencias que já tivemos.

Final do texto, porém o cap.10, A NASCENTE DOS SOFRIMENTOS: UMA ANÁLISE DO EGO, escrita por Marlon Reikdal, no livro REFLETINDO A ALMA, terá continuação na próxima postagem. Postado dia 08/12/13.

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