EGO
O Ego foi utilizado na
Psicologia primeiramente por Freud, conforme discutido na capítulo sobre
psicanálise. O termo é considerado a palavra latina para ‘eu’. Somente esta
definição já bastaria, pois compreendemos que estamos fazendo um estudo do
‘eu’.
A partir disso as linhas da Psicologia
foram criando diferentes nomes e formas de estruturação psíquica (interação
entre as partes). Freud teorizou sobre o id e o superego, tendo o eu como
mediador; Jung abordou os complexos, as máscaras, a sombra, o Self; Assagioli
estudou o eu individual e o Eu superior. Sem deixar de falar que estas
diferentes concepções de eu antecedem a própria Psicologia, sendo analisado
desde a pré-história com a concepção mítica, passando por concepções como a
racional e a romântica até a perspectiva pós-moderna, que vivencia a
fragmentação do eu.
O dicionário de Psicologia
define o ego como “núcleo da personalidade de uma pessoa ou princípio de uma
organização dinâmica que determina as vivencias e atos do indivíduo.” (CABRAL E
NICK, verbete) se tivéssemos a possibilidade de resgatar diferentes linhas
teóricas da Psicologia como a Comportamental, a Gestalt-terapia, ou as teorias
de Rogers, de Maslow ou Moreno, encontraríamos diferentes definições de ego e
principalmente diferenciação no processo de formação e desenvolvimento egoico.
No entanto, todos eles
abordarão de uma maneira ou de outra, independente do processo de estruturação,
que o ego é uma instancia psíquica, imaterial, responsável pelo processo de
adaptação à vida.
Segundo Grinberg, no livro Jung, o homem criativo, o ego
proporciona este sentimento de identidade e é forma desde o nascimento, quando
tem um atitude passiva, no confronto entre as necessidades de sobrevivências (corporais)
e o meio ambiente. Aos poucos vai se estabelecendo um sujeito, e a criança se
refere a si, dizendo “eu quero”. Na infância, o ego vai se desenvolvendo a
partir de outros choques com o mundo exterior, e desenvolvendo uma postura
ativa frente à vida, com escolhas, desejos, atendendo nossas necessidades ou
não. Por isso dizemos que o caminho para o crescimento é feito a partir dos
conflitos, medos e frustrações.
No cotidiano é difícil definir
e perceber o ego, pois é ele que estrutura os pensamentos, que gerencia e
organiza, avalia e raciocina, sente ou intui. É o observador falando do
observado, pois toda vez que usamos o termo eu, me ou meu, estamos nos
referindo ao ego.
Queremos ainda buscar o
entendimento do eu na perspectiva espirita, que comporta a ideia da criação
Divina que nos conduz à perfeição e de eternidade, sobrevivendo à morte do
corpo. Em O Evangelho Segundo o
Espiritismo, encontramos a afirmativa de que “em sua origem o homem só tem
instintos; quando mais avançado e corrompido só tem sensações; quando instruído
e depurado tem sentimentos” (KARDEC,2006, p.205)
O instinto é a força oculta
que solicita os seres orgânicos a atos espontâneos e involuntários, visando a
conservação do ser. Como explica Kardec, nos atos instintivos não há reflexão,
nem combinação, nem premeditação, ou seja, este ato maquinal move o sujeito,
que ainda não faz uso da inteligência nem da vontade (atributos que se
desenvolvem com a evolução do Espírito), impulsionado por esta energia dentro
de si.
A segunda etapa, conforme
anuncia o Espírito Lázaro na citação acima, é o desenvolvimento das sensações. Nesse
campo, experimentamos sensações boas e sensações ruins. Para alguns, acordar
cedo ou fazer uma dieta equilibrada é uma sensação ruim, para outros, trabalhar
é uma sensação boa, ou passear, comer doces, etc.
O homem quando se depara com
as sensações boas e ruins, positivas e negativas, adentra num momento crucial
de seu desenvolvimento psíquico, pois precisará administrá-las adequadamente. Se
o indivíduo buscar apenas a vivencia das emoções agradáveis sucumbirá, pois
ninguém vive na Terra apenas em função dos prazeres, devendo administrar as
responsabilidades e muitas vezes os desprazeres que são necessários à sobrevivência
do ser.
Para lidar com essa vivência,
em meio aos prazeres e desprazeres, é necessário um administrador que dirija o
homem lhe dizendo que é preciso se deparar e experimentar sensações negativas
para que continue existindo. Esse é o ego – instancia psíquica que foi
lentamente se desenvolvendo, e passou a ser elemento básico para a sobrevivência
consciente do ser, administrando os desejos e os compromissos, o prazer e a
realidade, enraizando-se na psique e exteriorizando-se na personalidade em a
qual mantém o seu campo de desenvolvimento.
Quando reencarnamos, a
personalidade é a representação do nosso desenvolvimento egoico, ou seja,
formamos um ego que é o centro da consciência.
Com as experiências que a vida nos oferece vamos estruturando este ser que
somos, que tem um nome, que tem uma formatação psicológica, um ingrediente de
funcionamento emocional, uma estrutura valorativa com que se coloca no mundo, e
que poderia ser considerado a média de todas as vivencias que já tivemos.
Final do texto, porém o
cap.10, A NASCENTE DOS SOFRIMENTOS: UMA ANÁLISE DO EGO, escrita por Marlon
Reikdal, no livro REFLETINDO A ALMA, terá continuação na próxima postagem. Postado
dia 08/12/13.
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