terça-feira, 10 de dezembro de 2013


 

EGO+ISMO

Joanna de Ângelis nos explica que:

 

Em face da ilusão sobre a permanência do

Conjunto somático em que o Espírito se movi-

menta sobre a Terra, fixam-se-lhe equivocadas

Impressões de perenidade em torno de tudo

quanto, afinal, é transitório. A ideia falsa em

torno do prazer e o desejo da própria satisfação

estimulam a ambição pela posse e a consequente

conduta que impõe o amealhar de coisas

a que se atribui exagerado valor. (ANGELIS, Atitudes Renovadas, p.127/128)
 

Incluem-se aí todas as exterioridades terrenas que dão a sensação de preenchimento interno como os cargos, o status social ou religioso, os rendimentos financeiros, a posse em geral.

O ego é o centro da consciência, e até determinada fase da vida, é natural que se coloque como o centro de tudo. Retomando a imagem do inconsciente oferecida pela psicanalise, como um iceberg e a ponta da superfície como a consciência, diríamos que o ego ‘desinformado ‘ elege-se autoritariamente como o “dono” daquela grande pedra de gelo, se projetando como dono do oceano sem sequer cogitar o imenso mundo do qual ele mesmo faz parte e que em verdade o constitui e certamente o direciona sem o saber.

 No livro Vida: Desafios e Soluções, a mentora afirma que “invariavelmente o eu (ego) pensa somente em si, não compreendendo a imensidade do Inconsciente que é o eu total.” (P.85.)

Ante a imagem do iceberg, poderíamos imaginar que o ego é um pequeno aventureiro que “domina” a parte externa (superficial) da pedra. Todos nós que olhamos de fora sabemos que ele se ilude com uma parte quase insignificante, diante da magnitude daquela pedra de gelo ou do oceano. Mas ele, em sua ingenuidade, ignorância ou medo, acha que aquele seu território é o mundo, todo o seu mundo, e ele ali governa.

Qualquer um que chegar até ele para lhe dizer que seu reino é apenas uma pequenina parte de tudo que constitui aquela pedra, não será por ele compreendido. Se perguntarmos se ele vai para onde ele quer, ele dirá que sim. Se perguntarmos se ele tem domínio daquele mundo, ele afirmará certamente que sim, sem ter a menor noção de que muito menos do que possuir o iceberg, é o imenso oceano que o possui.

Isto somos nós em relação à psique e em relação ao todo que somos. Temos contato, conhecimento de uma pequena parte de nós, mas devido a nossa limitação existencial, achamos que aquilo que sabemos é tudo. Achamos que possuímos um inconsciente, mas na verdade é ele que nos possui. Somos produtos de milhares de anos, de experiências multifacetárias como se o hoje fosse somatório de tudo o que já vivemos, e que o ego tenta ignorar.

No livro Em Busca da Verdade, p.21,a mentora afirma que “o ego exige destaque, compensação, aplauso, originando-se nele um tipo de sede de água do mar, que não é saciada por motivos óbvios.”

Esta afirmativa permite-nos definir melhor o tipo de adoecimento que estamos tratando, afinal o processo de busca de prazer é saudável, assim como o de saciar a sede, no entanto a água do mar não produz saciedade, assim como os prazeres egóicos não proporcionam satisfações verdadeiras.

Falamos de adoecimento do ego tendo em vista que ele se mantém fixado na aparência das coisas, esquecendo-se da essência, do conteúdo de tudo, da finalidade existencial que é maior do que a transitória jornada física.

Joanna explica que estimar as coisas sem as supervalorizar, considerando que o tempo as modifica, as destrói, as consome, é a melhor conduta. Quando se está fixado somente nas coisas, ainda se estagia na infância espiritual. É a ilusão que se mantém em torno das posses, que se transforma em dor e angústia, quando a realidade se apresenta. Não apenas em relação ao ter, mas também no que diz respeito a determinadas sensações do prazer nos relacionamentos, nas afeições, nas posições de destaque, na exibição de títulos e valores, no apego ao eu transitório.

Quando o ego vivencia este desvirtuamento, este desencontro em relação à vida, identificando-se como o mais importante, o preferencial, dizemos que está adoecido, pois não consegue perceber seu papel como partícipe da vida e da necessidade da presença dos outros e de Deus no homem.

Responde assim por incontáveis conflitos e problemas pessoais e sociais, por agir impensadamente, no sentido ético, tendo em vista a autovalorização em detrimento das demais criaturas do círculo no qual se movimenta.

Ao retomarmos a resposta que os Espíritos superiores deram a Kardec, encontramos no egoísmo, ou seja, no ego adoecido, a nascente de todos os males.

Final do texto, porém o cap.10, A NASCCENTE DOS SOFRIMENTOS: UMA ANÁLISE DO EGO, escrita por Marlon Reikdal, no livro Refletindo a ALMA, continuará na próxima postagem. Postado dia10/12/13.

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