segunda-feira, 9 de dezembro de 2013


O INCONSCIENTE COLETIVO E A GRATIDÃO

Frente a algumas decisões, o ser consciente tem  dificuldade em optar as mais correta. Porque o inconsciente coletivo encontra-se cheio de medos, lembranças afligentes, impulsos não controlados, que são  herança do primarismo ancestral, mesclando as experiências gerais e as pessoais. Esse fato resulta da sombra que há na natureza de todas as criaturas.

Na alegria, na tristeza, na harmonia no desconserto, os grupos sociais podem compartilhá-las em razão do inconsciente coletivo, que esclarece ocorrências infelizes ou felizes que ocorrem simultaneamente em várias partes da Terra. É graças a esse comportamento que, em qualquer época, a sombra coletiva surge do inconsciente coletivo,- transmitida individualmente de pais para filhos, ao mesmo tempo de um grupo outro -, tornando-se uma calamidade social. Os vícios sociais, por exemplo: fumar e beber, as extravagancias sexuais e o uso de drogas aditivas que invadem a sociedade, os jogos de videogame que se tornaram modismos, entre outros, contagiam as massas, como resultado do inconsciente coletivo, o que dá à sombra uma oportunidade de participar do fenômeno. Tudo isso ocorre de forma inconsciente e, por essa razão, manifesta-se automaticamente na sociedade, após surgir no indivíduo. As sociedades são estruturadas por acontecimentos e métodos pedagógicos de conduta infantil, quando se aprende a fazer a diferença do que é bom e do que é mal, conforme a cultura e a ética de cada grupo. Caso a sombra identificada desde a infância, quando se ensinaria a descobrir os impulsos que vem dela, possibilitando ao educando compreender a sua fragilidade, os erros, desculpando-se e corrigindo-se, esclarecendo-se que existem variações no comportamento, ora para o bem, ora para o mal, tornariam mais fáceis as condutas favoráveis as sociedades e tudo que lhe está ligado.

A sombra ocorre no inconsciente coletivo pelo que se pode chamar de energias contrárias que caracterizam os terroristas, os criminosos, como também os bons cidadãos: Hitler e Churchill, Alarico e Santo Agostinho... Em realidade, a aversão e animosidade que se sustentam no exterior se originam no íntimo onde se tornam aliados. É como se fosse preciso um opositor, um inimigo, para que se mostre a pessoa que se é. Nas lutas, mais sangrentas ou mais perversas, nas perseguições sociais sutis ou públicas é que surgem os heróis, os santos, os mártires, motivado pelo lado sombrio que existe em todos.

O inconsciente coletivo registrou todo o processo da evolução do ser, desde quando o córtex cerebral se desenvolveu permitindo que surgissem as funções exteriores, os conhecimentos abstratos, os valores transcendentes do amor e da misericórdia, do perdão e da caridade, da alegria e da compaixão expressando o self. As energias contrárias promoveram o surgimento da sombra que, em razão do seu lado oposto, olvida a gratidão, criando dificuldades para vivenciá-la, em razão da prepotência ancestral que vem do primarismo na escala evolutiva.

Numa análise cuidadosa constata-se que a evolução do ser humano resulta mais da sua mente do que do seu cérebro físico, dizendo que o self lhe é preexistente, encontrando-se adormecido enquanto preparava os equipamentos para se exteriorizar, o que continua acontecendo no programa de conquista da individuação, em que os impulsos éticos e as conquistas iluminativas transcendem a capacidade física.

A gratidão é experiência moral, não cerebral, do self, não do ego, o primeiro é de origem divina e o segundo de natureza humana. Herdam-se os sentimentos – egóicos, que geram a sombra – como os sublimes estimuladores do self. Quando se odeia alguém, vive-se a sombra desconfiada de que o outro é que o odeia e quer prejudicá-lo. Em Mecanismo de defesa nasce, a animosidade. Quando se expressa o amor, o córtex traz bem-estar orgânico, ampliando as possibilidade de crescimento do self, dando lugar à saúde.

Somente através do amor é que o sentimento da gratidão e da vida pode manifestar-se, e sendo vivenciado por alguém irá influenciar as futuras gerações por registrar-se no inconsciente coletivo, destruindo o império dominador da sombra.

As pessoas que ainda vivem no comportamento sensorial, fisiológico, à medida que despertam o self, veem o mundo à sua volta de forma completamente contrário ao que viam antes, dominado por luminosidade grandiosa, por belezas nunca vistas, por harmonia antes não observada, pela brisa perfumada, alterando a realidade anterior da paisagem sombria, sem vitalidade, dominada por odores pútridos e  seres humanos que pareciam mais animais estranhos... Isso só acontecerá se for possível superar os limites da sombra no inconsciente coletivo desconhecido, gerador de conflitos diversos, tais como culpa e vergonha, julgamento, transferência, projeção, separação, nos quais o self debate-se sem conseguir vivenciar a plenitude. Indispensável a coragem para os enfrentamentos e a conscientização de que todos são frágeis e erram, não se apoiando nas bengalas do desculpismo e do acanhamento, já que o processo de evolução é feito de sucesso e insucesso, não se permitindo os julgamentos hediondos e originados no complexo de inferioridade, desprendendo-se das paixões inferiores às quais se encontram. Logo depois, conscientizando-se da necessidade de iluminação o paciente terá que se afastar dos julgamentos de si mesmo e dos demais, passando ao trabalho de reconstrução dos equipamentos emocionais, deixando de esconder-se na projeção da própria imagem nos outros, dando a cada um o direito de ser feliz ou não conforme a sua eleição, sem inveja nem ciúme, sem mágoa nem amargura. Nesse momento, novas forças morais são somadas, e o paciente entra em contato com os sentimentos superiores, não separando, e sim descobrindo a sua arrogância mascarada de humildade, a defensiva persistente para estar a favor e não armado contra, bem idealizando as demais criaturas com as imagens fortes da bondade divina. Logo se vai diluindo a sombra, e os preconceitos, os ciúmes, as inseguranças abrem espaço para a ternura, a amizade, surgindo os alvores da gratidão a tudo e a todos, até ao desagradável, é também necessário no campo experimental das emoções.

O hábito da projeção leva à paranoia que se disfarça, ocultando a ansiedade asfixiante, profundamente enraizada no comportamento psicológico.

Não basta querer o bem, é preciso vivê-lo, aspirar pela paz, abrindo-se à paz, porque toda vez quando se combate a guerra, o mal, em realidade se é (interiormente) aquilo que se está apontando em situação oposta, projetando a sombra, o negativo oculto do comportamento.

É comum a projeção e a separação darem-se as mãos e agredirem os outros, quando se narram eventos constrangedores que eles praticaram, dando a impressão de estar-se aconselhando, orientando. Inconscientemente ou não, está-se censurando, embaraçando a pessoa, desforçando-se da sua superioridade, aquela que lhe é atribuída.

Nessa conduta, a inveja tem papel importante, porque filha  da sombra ou sua promotora também vivencia-se um prazer peculiar em desnudar o outro, apontá-lo à censura dos demais.

Reconhecer, a negatividade que existe em si é um dos primeiros passos para desmascarar-se a sombra, aceitando a sua presença, mas não concordando com a sua existência.

Evitar a queixa que busca conquistar compaixão e solidariedade, utilizando dela como autojustificativa para permanecer na conduta morbosa, discernindo em torno dos valores possuídos com critério, é passo decisivo na construção básica da gratidão. A gratidão que se deve ter à vida, onde todos se encontram.

Um recurso importante de deixar que os outros se comportem como estão é a compaixão, que é uma forma gratificante de encarar a vida, porque vivenciar em relação ao próximo é uma forma de beneficiar-se também. A consciência ou superego sempre vigilante e é necessário ouvir-lhe a argumentação, especialmente quando alguém se envolve em autojustificação. Ela (a consciência ou superego) tem a possibilidade de diluir as máscaras e mostrar o erro em que se encontra, como também avalia com acerto o procedimento. É destituída de compaixão, empurrando o ser para possuí-la em relação ao outro, possibilitando sintonia com a misericórdia, com Deus. Quando se exerce, a compaixão, a consciência consente e compadece-se também autossuperando-se e vitalizando o self.

Na (re) construção dos seus equipamentos emocionais devem-se abrir canais para a presença da gratidão, exercitando-a sem cessar e não permitindo que o inconsciente coletivo lhe crie obstáculos, tornando-a irrealizável.

Trabalhado dia, 09/12/13.
Do Livro Psicologia da Gratidão, Espírito Joanna de Ângelis psicografia de Divaldo Pereira Franco. Postado dia 09/12/13.

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