A FATALIDADE DA MORTE (continuação)
Ocorrências cruéis sucedem
com indivíduos portadores de inteligência e de beleza, mas que pertencem a
etnias e raças consideradas inferiores, sendo obrigados a sorver o amargo fel
do preconceito e da perseguição inclementes.
Sucessos e insucessos de
toda ordem afetam as criaturas humanas, como se fossem frágeis marionetes ao
capricho do absurdo, que se manifesta inesperadamente, a uns elevando ao êxtase
da felicidade e a outros, ao abismo da miséria e do abandono.
Gênios do pensamento e da
arte, da ciência e da cultura, repentinamente são vítimas de fenômenos
infelizes e vencidos por acidentes vasculares cerebrais, perdem o contato com o
mundo de beleza a que se acostumaram ou que edificaram e não mais o podem
fruir.
Igualmente sucedem, a cada
instante, a incontáveis pessoas, outros tipos de acidentes automotores, choques
e quedas, incêndios e desabamentos nos quais os sentidos físicos são
danificados, quando não deixam sequelas profundas na psique, que se desconecta
da realidade e foge para o ouvido de si mesmo ou para os delírios sem sentido
das alucinações...
Considerando-se que a
presença do sofrimento em todos os segmentos da sociedade é normal, qual seria,
o sentido da vida, além disso?
Nada obstante, o ser
espiritual, vencedor de mil embates, em cada dolorosa vivencia aprimora-se
mais, adquire mecanismos de defesa, robustece a confiança nos valores
ético-morais, experiência as gloriosas possibilidades que lhe dormem no íntimo.
Herdeiro das próprias realizações
é o artífice da saúde e da doença, da sabedoria e da ignorância, responsável
pela sombra, pelo anima-us, pelo ego que se devem fundir num eixo equilibrado com o Self, que os
precede e os sobrevive.
O prosseguimento da inteligência
e do pensamento além da esfera carnal representa o mais extraordinário sentido
existencial, pelo abarcar de todas as expressões da emotividade e dos outros
demais sentimentos.
Tendo-se em mira esse
significado, mais exequível se torna viver, seja em qual situação ou circunstância
for, por saber-se que é temporária e breve a jornada carnal, portadora de
finalidade educativa, psicoterapêutica, responsável pelo engrandecimento do si-mesmo.
Com esse equipamento, a
certeza da imortalidade faculta que todos os fenômenos humanos adquiram lógica
e possam ser compreendidos como edificantes, portadores de futuro bem-estar e
de harmonia.
Atavicamente, porém, o medo
da morte e do aniquilamento permanece como um arquétipo terrível e ameaçador,
herança do período da caverna, quando ocorria o fenômeno que não era
interpretado pelo homem primitivo, que via o outro ser decompor-se, tresandar podridão e não mais voltar ao convívio...
Sem a capacidade de discernir, o culto do sepultamento desenhou-se-lhe no Self, dando lugar às superstições compatíveis
com o nível evolutivo e gerando no inconsciente profundo o horror da ocorrência
não compreendida.
Apesar disso, foi na
intimidade dessa mesma caverna que as almas aflitas ou não daqueles que sucumbiam
ao fenômeno da morte, retornavam, apavorando ou aparentando poder, que
proporcionaria ao pensamento mítico a concepção dos deuses, iniciando-se
lentamente a compreensão do fenômeno post-mortem
e dos gênios bons e maus, dos deuses nobres e viciosos...
A longa jornada atinge, na
atualidade, a concepção da Divindade fora dos padrões convencionais em forma de
objetivações materiais, aprensentando-se como a Causa Incausada, a inteligência suprema e causa primária de todas as coisas...
A morte, portanto, ao invés
de temerária, é o veículo que conduz o ser imortal ao seu destino,
proporcionando-lhe, quando terminado os renascimentos carnais, a total
conquista do Self, do numinoso, da individuação, da felicidade plena e sem jaça.
Por fim, como escreveu Jung
estudando e observando idosos na quadra terminal: ...a psique inconsciente faz pouquíssimo caso da morte.
Prosseguindo, ainda, no
tema, elucidou: É necessário, pois, que a
morte seja alguma coisa relativamente não essencial... A essência da psique estende-se
na obscuridade muito além das nossas categorias intelectuais.
O encontro com a verdade
liberta o ser da ignorância e integra-o totalmente na vida.
Desse modo a busca da
verdade não deve cessar, pois a cada instante ei-la que se apresenta grandiosa
e deslumbrante.
Onde
está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? (Paulo
aos Coríntios 1:15 – 55) .
Final do texto, final do
cp.10, A VIDA E A MORTE, do livro EM BUSCA DA VERDADE, escrito por Divaldo
Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis. Postado dia, 11/12/13.
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