domingo, 8 de dezembro de 2013


A VIDA HARMONICA

(continuação)

Aprofundando a sonda na complexidade do ser humano, a psicologia analítica oferece valiosos recursos para a autoidentificação, para a descoberta dos limites das possibilidades inimaginadas, para a construção da plenitude, libertando o paciente de todo grilhão retentivo na ignorância, na enfermidade, nos transtornos de comportamento...

Quando o individuo puder olhar-se com serenidade, sem culpa nascida no passado, sem saudades dele ou ansiedades pelo futuro, na expectativa da vir-a-ser, nada obstante os conflitos que lhe permaneçam, terá conseguido avançar decisivamente no rumo da autorrealização, portanto, de uma vida harmônica. Essa conquista não impede a luta contínua, porque a evolução não tem limite, e quanto mais se adquire conhecimento mais se ampliam os horizontes do saber e as indagações em torno do existir, do Cosmo, da vida em si mesma.

Para o êxito desse cometimento, a autoterapia do amor e do sentimento de dever contribui para o prosseguimento do esforço de crescimento interior, de realização enobrecida, de harmonia, desaguando no estado numinoso.

O ser numinoso exala equilíbrio, segurança, autoconquista. Transforma-se em um polo de atração que beneficia todos aqueles que se lhe acercam, porque a sua exteriorização é benéfica e enriquecedora.

De igual maneira, o indivíduo voluptuoso, vulgar, insensato, mesmo que se apresentando bem-vestido e com a persona bem trabalhada, cuidadosamente maquilada para a vida social, exterioriza o bafio pestilencial do seu estado interior. Basta uma aproximação, um contato, para que sinta o perigo do contágio da sua condição moral e espiritual. Logo ocorre uma falta de empatia entre aquele que é saudável e o enfermo, produzindo fenômenos psicológicos de antipatia e distanciamento.

Cada qual é aquilo que cultiva interiormente, suas aspirações e pensamentos, seus cuidados ou desastres emocionais, não podendo ocultá-los de tal forma que psiquicamente os mesmos não se manifestem.

Nesse capítulo, pode-se inferir que as existências pregressas impuseram o seu selo representativo da conduta que cada qual se permitiu.

É comum ouvir-se dizer que os discípulos de determinados mestres iogues asserenam-se junto deles, sem necessidade de qualquer verbalização... O mesmo ocorre com muitos pacientes que chegam aos seus médicos, enfermeiros ou assistentes, sendo generalizada a ocorrência em relação às pessoas portadoras de sentimentos elevados que produzem alegria e geram harmonia a sua volta.

De igual maneira, aqueles que são temperamentos rebeldes, instáveis, comportamentos doentios, sentimentos avaros e mesquinhos, turbulentos e perversos, fazem-se identificar facilmente, mesmo que o não queiram, sem qualquer manifestação exterior.

O ser psíquico-moral é o verdadeiro indivíduo.

A nobre tarefa da psicoterapia é trabalhar esse Self que centraliza todas as atenções e cuidados, nele descobrindo os registros das aflições defluentes das experiências malogradas, dos comprometimentos desastrosos, do que poderia haver realizado de meritório e ficou na expectativa...

Onde se encontre o enfermo psicológico ou físico, ou mental, aí está a totalidade dos seus atos em reencarnações anteriores agora refletidos na conduta angustiosa ou aflitiva que o aturde.

Imprescindível trabalhar-lhe o inconsciente coletivo, buscando os arquétipos portadores de desintegração e sofrimento que nele ressumam com frequência.

Os primeiros passos para a conquista da vida harmoniosa, são aqueles que liberam o despertar da consciência de si, ao lado da responsabilidade assumida em favor das mudanças que se fazem necessárias na ementa existencial.

Desmascarar a ignorância e diluir a sombra onde quer que se refugiem, constituem o segundo passo da lucidez para alcançar-se o objetivo anelado.

Assumindo facetas desculpistas, ensejando processos de transferência de responsabilidade, o ego engenhoso e insubordinado procura sempre manter-se no comando, disfarçando a aparência e mantendo os conteúdos doentios.

Outras terapias, denominadas alternativas, também são muito úteis para a conquista dessa vida harmônica sempre buscada.

Desde os procedimentos de cromoterapia, como os de massoterapia, os de meditação e ioga para atingir o mocsa, os de fluidoterapia especialmente através dos passes e outros tantos valiosos recursos à disposição dos interessados, o importante é alcançar a individuação, a sukha...

Muitos outros indivíduos, entretanto, preferem ficar vitimados pela síndrome do mundo cruel, conforme a denominam os sociólogos, em face da alta carga de informações negativas, de desastres e infortúnios de que são vítimas, informando a impossibilidade de as superar ou pelo menos digeri-la mentalmente.

Sem dúvida, é um disfarce para evitar assumir a responsabilidade pelo que está ocorrendo no mundo, porquanto, ao lado das misérias e vicissitudes, também se encontram os exemplos de dignificação e sacrifício de verdadeiras multidões que permanecem no anonimato ou se tornam conhecidas, sem darem importância ao lado infeccioso da sociedade, que se apresenta em forma de doença pandêmica e constante.

A predominância dos bons e dos portadores de sentimentos elevados proporciona à vida uma paisagem de esperança e de significação, qual um amanhecer de bonança após a violência da tormenta.

A aquisição, portanto, de uma vida harmônica, está na dependência da eleição que cada um faz em torno dos objetivos existenciais, sendo factível anelá-la e trabalhar por conquistá-la.

... E o filho pródigo voltou para os braços paternos...

Final do texto, porém o cap. 10, A VIDA E A MORTE, do livro EM BUSCA DA VERDADE, escrito por Divaldo Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis, continuará na próxima postagem  

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