quinta-feira, 5 de dezembro de 2013


A VIDA E A MORTE
A organização fisiológica do ser humano é uma das mais grandiosas peças da engenharia genética jamais antes ou depois elaborada...
Constituída por um sistema circulatório que varia entre 150.000 a 190.000 quilômetros de artérias, veias e vasos em um circuito excelente e único, pelo qual viaja o sangue que nutre todas as células, num total de cem trilhões, renovando-se continuamente, com exceção dos neurônios cerebrais, segundo alguns neurocientistas, enquanto outros informam que algumas ilhas se repetem quando os mesmos morrem, para que a vida possa pulsar no grandioso mecanismo.
Todo esse equipamento depende do oxigênio que lhe é vital e que transforma o sangue venoso em arterial, eliminando as perigosas toxinas que produz pelo aparelho excretor, mantendo um equilíbrio invejável.
A bomba cardíaca, que lhe é fundamental, começa a pulsar a partir do vigésimo dia da fecundação, quando automaticamente é disparado um choque elétrico, e não cessa de realizar a função incomum da sístole e da diástole, de modo que o sangue chegue ao cérebro e dele aos pés atravessando esse extraordinário sistema circulatório, que é autopreservador. Se, por acaso, uma picada de alfinete destrói milhares de capilares, logo outros lhes tomam o lugar, em um mecanismo insuperável de ordem e de ação, e, quando há um corte maior, de imediato, é atirada sobre ele uma delicada camada de fibrina, para realizar o tampão que lhe impede a morte pela hemorragia, que seria contínua, com exceção dos hemofílicos, cujo processo é mais delicado e mais complexo...
Os sistemas nervosos de sustentação e equilíbrio são de uma complexidade incomum, emitindo vibrações e mensagens que se responsabilizam pela harmonia de toda a maquinaria, na execução da sua programática.
As glândulas endócrinas, especializadas, funcionam dentro de um ritmo que transcende a capacidade total do entendimento humano, contribuindo com os hormônios responsáveis pela estabilidade de todos os equipamentos físicos, emocionais e psíquicos...
Essa aparelhagem sem similar é ativada por sistemas especiais emissores de energia que procedem da mente, circulando em todo o organismo, mente que, por sua vez, é instrumento de manifestação do Espírito, quer consciente ou não da sua existência e significado.
Resistente a diferentes altitudes e golpes de vária ordem, é, no entanto, frágil, pois que, pode ser vitimada por bactérias e vírus que mantém sob controle, quando o sistema imunológico, por alguma razão deixa de funcionar como seria desejável...
É que todo o comando se encontra no Espírito que a vitaliza e conduz, contribuindo para o seu êxito ou a sua desorganização, embora nem sempre esteja consciente da alta magnitude do investimento de que se encontra possuído, a fim de alcançar as estrelas, saindo, por definitivo, da treva da ignorância para a glória da imortalidade...
Essa máquina extraordinária que a nenhuma outra se compara foi, no entanto, trabalhada pelas Divinas Leis ao longo de dois bilhões de anos, aproximadamente desde a formação das primeiras moléculas de açúcar, na intimidade das aguas oceânicas abissais, chegando à atualidade com equipamentos elétrico e eletrônicos dos mais sofisticados, de forma que através dela o Espirito pode desenvolver o seu deus interno, cantando as glórias de Deus...
Nesses incomparáveis equipamentos encontram-se os mecanismos que expressam a inteligência, o sentimento, as tendências de toda natureza, graças ao períspirito que os modela, obedecendo as exigências da Lei de Causa e Efeito, no desempenho da tarefa para a qual foi elaborado pela Divindade, na sua condição de envoltório sutil da alma ou Espírito.
A benção, portanto, de um corpo, para o crescimento espiritual, por mais limitado e destroçado que seja, é de não apreciado valor, porquanto reflete as necessidades do seu agente espiritual, sempre responsável pela maneira como se condensa no mundo das formas.
Respeitá-lo com imenso carinho, oferecendo-lhe os contributos próprios para que sejam alcançadas as finalidades às quais se destina, é o dever inteligente do viandante na romagem terrena.
Resguardá-lo das agressões internas, que procedem dos atavismos ínsitos nele próprio, defluentes da sua conduta passada, é consciência de dever para com o invólucro material de que necessita para crescer e reparar, conquistar o infinito e avançar na busca da individuação.
Quando o Self se encontra consciente dos seus atributos, melhor trabalha para a harmonia que lhe é necessária, a fim de desempenhar as funções de mortalidade e de imortalidade que lhe dizem respeito, superando os impositivos da sombra,  que evocam os caminhos dúbios que foram transitados e necessitam da contribuição do entendimento para que haja plena harmonia.
Desse modo, o corpo deve ser considerado um santuário sublime que a vida concede ao Espírito, a fim de que permita o desabrochar dos valores adormecidos, qual ocorre com o solo generoso que acolhe a semente. A fim de que alcance a meta que jaz no seu imo.
De maneira idêntica, é necessário atender essa semente inteligente resguardando-a das pragas e perigos mesológicos que podem atentar contra a sua sobrevivência e desenvolvimento vital.
Assim considerando, os maiores perigos jazem internamente, são as imperfeições morais remanescentes do primarismo, que teimam em manter encarcerado o ser real, fazendo-o repetir as façanhas infelizes que o tornaram desditoso.
O esforço pelo autoconhecimento, pela autoidentificação no tocante às possibilidades que lhe dizem respeito é compromisso inadiável para todas as criaturas que despertam em consciência lúcida para atingir a meta da existência, que é o estado sukha.
Normalmente, em mecanismos de transferência ou de fuga da responsabilidade, pensam alguns indivíduos que os seus inimigos encontram-se fora, programando ataques, estabelecendo estratégias de agressão e de destruição, sem dar-se conta de que esses jamais alcançam o seu objetivo se encontram a lucidez daquele de quem não gostam e a preservação dos seus valores morais em clima de harmonia.
Desse modo, os adversários de fora, muito decantados, mal algum podem fazer, quando se está consciente de si mesmo e disposto a galgar níveis mais elevados na escala da evolução que não cessa.
Por isso mesmo, qualquer ocorrência perniciosa que afete esse gigantesco instrumento da evolução, representa um dano de consequências graves, impondo refazimento através do renascimento corporal, em equipamento desorganizado pela sandice que o indivíduo se permitiu.
A visão religiosa castradora do passado via no corpo um adversário em face dos seus impulsos e necessidades, passando a puni-lo de maneira covarde e a aplicar-lhe silícios, a fim de diminuir-lhe a vontade, em falsas tentativas de libertá-lo das tentações, preferindo a ignorância que lhe vedava o entendimento para compreender que os desejos infrenes, os apelos carnais são reflexos do estágio do Espírito que se reflete na matéria e não ao contrário.

O amor, portanto, para com o doce e calmo jumentinho, conforme o denominava o santo de Assis, em reconhecê-lo como o animal em que montava, é a proposta mais bela e rica de contribuições para a sua preservação e harmonia.

Conclusão do texto, porém o cap. 10, A VIDA E A MORTE, continuará na próxima postagem. Postado dia 05/12/13.

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