terça-feira, 17 de dezembro de 2013


GRATIDÃO NA CONVIVENCIA SOCIAL 

O processo antropológico da evolução aos poucos tirou o ser humano do individualismo do ego, para a parceria sexual por impulso do instinto, a fim de que, depois, em razão dos prenuncio da afetividade biológica, tivesse origem o sentimento do grupo familiar envolvendo a descendência.

Surgiram então os mecanismos gregários para a construção do grupo social, formando a tribo em convivência harmônica, para que, através dos milênios, o instinto pudesse deixar-se iluminar pela razão, ampliando as afinidades no conjunto que seria a sociedade.

Mesmo nesse período tribal, a animosidade contra os demais grupos marcava-lhe o primitivismo agressivo-defensivo. Foi vagarosamente que os interesses comuns uniram aqueles que tinham as mesmas afinidades, fazendo surgir as primeiras experiências sociais.

Porém o estado beligerante, que lhe era inato dava origem as guerras cruéis, a exemplo do que ocorre ainda hoje, evidencia a predomínio da natureza animal sobre a natureza espiritual.

A elaboração da sociedade fez surgir a necessidade de preservação de cada grupo, dos recursos e valores diversos em tentativas de auxílios recíprocos, de sustentação dos seus membros, de crescimento econômico e cultural.

O self em desenvolvimento foi superando a sombra coletiva, enquanto a individual começou a cristalizar-se, gerando a dualidade de comportamento: o eu opositor ao outro eu.

Animal gregário por excelência, a sua sobrevivência no planeta que o alberga depende da contribuição social, que o conduz ao desenvolvimento intelecto-moral, etapa a etapa através das reencarnações.

Alcançando o atual nível de cultura, de civilização e de tecnologia, o sentimento de gratidão pelas gerações passadas deve haver, possibilitando compreender as conquistas do vir a ser.

A busca da sua plenitude leva-o a uma luta contínua pela superação das heranças do comportamento primitivo que ainda lhe perdura no amago, dificultando-lhe a autorrealização.

Os sentimentos, substituindo ou modificando os instintos agressivos, ampliam-lhe os horizontes  do sentido e do significado da vida, a fim de que cresça na direção da plenitude.

Conquistando a consciência individual, a razão leva-o à contribuição digna da coletiva, enquanto trabalha pela constante renovação e abandono das paisagens mentais em clichês viciosos que se lhe insculpirão, desenvolvendo os hábitos que proporcionam a harmonia de conduta e a alegria de viver.

Insistentemente, a sombra mantém-no no egoísmo, encarcera-o nas paixões grosseiras, enquanto o self se lhe opõe, abrindo espaço    a uma batalha perturbadora que se transforma em conflito.

O acordar para a vitória sobre tais limites não deve ser afligente, para que se consiga a pureza espiritual, a conduta irreprochável, a vivencia destituída de problemas. É inevitável, conforme acentuam Kierkegaard, Paul Tillich, Rollo May e outros estudiosos da psicologia existencial assim como do socialismo religioso, que estejam presentes na psique e no comportamento do indivíduo a ansiedade, o medo, a culpa, a solidão... Heranças da jornada evolutiva, esses transtornos continuarão por longo tempo ainda até a libertação gradual e a conquista da individuação.

Nesse sentido, merece atenção o corpo emocional do indivíduo, que se apresenta enfermo como decorrência  da sombra  que o leva a negar tudo quanto lhe pode modificar os hábitos para melhor, influenciando-o a permanecer  na angústia devastadora ou na ansiedade, mantendo a culpa consciente ou não, em atitude autopunitiva arbitrária. Da mesma forma como se reservam espaços para os cuidados com o corpo, torna-se indispensável que se cuide de preservar a serenidade do self com silêncios interiores que propiciem a reflexão e a meditação, com diálogos salutares com a consciência, numa atitude de preces sem palavras, mantendo a vinculo com as fontes da vida.

Somente através desse hábito pessoal vai ser possível superar as situações negativas propiciadas pela sombra, sem entrar em luta renhida, assimilando as suas lições e diluindo aquelas que são perturbadoras para dar lugar ao bem-estar e à resistência para as atividades de autoiluminação e de convivência social nem sempre equilibrada.

Os interesses dos grupos humanos são muito variados, gerando constantes atritos e desgastes na área da emotividade, o que pede autocontrole, disciplina da vontade e espírito de paz, para não entorpecer os valores éticos, os significados morais e objetivos da vida, deixando-se arrastar pela enxurrada de conflitos...

A saúde emocional propicia a harmonia do self, motivando a compreensão de que o processo de inserção na sociedade cria dificuldades e propõe desafios que melhor fazem o indivíduo crescer na direção da aspiração numinosa.

Com esse comportamento alteram-se as condições ambientais do planeta, tendo-se em vista que tudo quanto existe interage uma na outra expressão, formando a unidade.

O leve orvalho da brisa num jardim liga-se a uma tormenta no lado oposto da Terra, assim como um pensamento de amor contribui para a sinfonia universal da harmonia cósmica.

Enquanto se estudam as melhores técnicas para deter e evitar-se os danos da devastação dos recursos planetários em extinção, a limitação da emissão de gases que contribuem para o lento aquecimento global, em razão também do envenamento dos rios, das nascentes d’agua, dos mares e dos oceanos, a morte e a ameaça de desaparecimento dos vegetais e animais, que culminará na do ser humano, merece reflexão a terrível condição mental das criaturas humanas que se demoram nos desacertos morais e na crueldade.

As ambições sem controle que tem levado a sociedade à conquista de contínuas tecnologias, sem pensar nos prejuízos ocasionais que também causam à natureza, exultam nos milhares de fragmentos de satélites e de foguetes que se desintegram, e os que escapam do aniquilamento no contato com a atmosfera, atraídos pela gravidade do planeta, na atualidade são o lixo espacial decorrente dos grandes engenhos do pensamento desarvorado sem as reflexões indispensáveis...

As providências que vem sendo tomadas não tem efeito retroativo em relação ao que se encontra em volta da Terra e não é consumido na sua queda natural na superfície do planeta. Pensou-se ingenuamente que tais fragmentos cairiam sempre nos mares e oceanos, assim mesmo poluindo-os, o que não se pode confirmar, porque tem caído em organizações urbanas, no campo e em toda parte..

Diante do quadro de sombra individual e coletiva que domina a sociedade morna, a gratidão tem papel importante, porque tendo sua origem na emoção superior no abrigo doméstico, no próprio indivíduo e por si mesmo, cresce para os grupos sociais, considerando sempre tudo que a vida tem oferecido gratuitamente sem nada pedir de volta, apenas que se mantenha o equilíbrio necessário para a continuação do processo de evolução.

Desfrutam-se de mil favores e conquistas enquanto na experiência carnal, sem sacrifício e sem nenhuma gratulação em torno  do seu significado e das respostas oferecidas.

A gratidão social é a resposta do coração feliz pelas excelentes oportunidades de que se frui durante toda a vida terrena.

Com tal conduta, minora as competições prejudiciais entre os indivíduos e os grupos, as intrigas e as malquerenças, os ódios e os ressentimentos doentios...

Reflexionando-se a respeito do grupo social em que se movimenta, a gratidão enriquece o self que absorve a sombra sem a antagonizar, e a plenitude se instala no ser humano.

Trabalho do cap.3, COMPROMISSOS DA GRATIDÃO, do livro EM busca da Verdade, escrito por, Divaldo Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
postado dia 17/12/13.

 

 

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