A
NASCENTE DE TODOS OS MALES
(continuação)
O egoísmo torna sofrida a
vida na Terra, constituindo o maior entrave ao progresso, conforme afirmam os
benfeitores espirituais a Kardec nas questões 785 e 917. No complemento desta
ultima questão, o insigne codificador explica que somente quando o homem compreender
bem que o egoísmo gera o orgulho, a ambição, a cupidez, a inveja, o ódio, o
ciúme, que a cada momento o magoa; leva perturbação a todas as relações
sociais, provoca as dissensões, aniquila a confiança, o que o obriga a se
manter constantemente na defensiva contra o seu vizinho. Enfim, somente quando
o homem compreender que o egoísmo é capaz de fazer de um amigo um inimigo,
então ele compreenderá também que esse vício é incompatível com a sua
felicidade e com a sua própria segurança. Estas profundas palavras nos mostram
quão delicada é a temática do egoísmo como nascente de todos os males.
Retomando novamente as
definições do dicionário, encontramos “amor exagerado aos próprios valores e
interesses em despeito de outrem; exclusivismo que leva uma pessoa a se tomar
como referencia a tudo”.
Em mínimas reflexões o homem
comum percebe a presença do egoísmo na sociedade, vivendo dias nos quais uma
pequena parcela da população mundial usufrui de muitos recursos, e a outra
parcela, infinitamente maior, sobrevive ainda com necessidades fundamentais.
Joanna de Ângelis, em um de
seus mais recentes trabalhos, afirma que o egoísmo é uma virose que ataca as
sociedades dos dias atuais oferecendo perigo. Mesmo combatido pela ética e pela
moral, tem sido motivo de mitos cuidados pelo Cristianismo, por encontrar nele
um perverso adversário da solidariedade, do amor e da verdadeira caridade. O
Espiritismo continua a autora espiritual, na sua condição de restaurador do
pensamento de Jesus, tem-no [o egoísmo] na condição de bafio pestilencial, que
necessita de terapia preventiva muito bem elaborada e tratamento persistente
depois que se encontra instalado.
Não é preciso qualquer
esforço para identificar este amor exagerado aos próprios valores e interesses
em despeito dos de outrem, bastando para isso avaliar as posturas no transito de
uma cidade grande, dentro de empresas, no comercio ou em outras instituições. Locais
estes onde a competitividade determina a forma de relacionamento entre as
pessoas e, também na interação em muitos lares, nos quais, a educação desde os
primeiros dias é pautada no interesse dos seus, e apenas dos seus membros, em
detrimento da família universal.
Comprometemo-nos com a
moral, que deveria ser uma regra de bem-proceder em qualquer lugar, situação ou
com qualquer pessoa, priorizando apenas os nossos. Isso dá a entender que
aquela regra determina uma atitude em relação aos meus (interesses, familiares,
amigos, etc.) e outra atitude, menos valorosa, em relação aos outros.
Esquartejamos a ordem social
beneficiando somente aqueles que nos interessam. Adulteramos inclusive a
religião, imbuídos do sentimento egoísta, para satisfazer-nos. Envolvidos pelo
egoísmo, temos dificuldade em lidar com as separações, com a morte, negamos a impermanência,
adoecemos, resistentes ao movimento transitório que nos é imposto
pedagogicamente pela vida. Conforme Joanna mesmo nos explicou anteriormente,
toda vez que o ser se identifica pelo apego (egoísmo) com o que é impermanente
ele acaba sofrendo. A beleza do corpo, o
dinheiro, o poder, tudo o que é transitório pelo nosso egoísmo acaba ganhando
um valor irreal, negamos a realidade do ser imortal e assim ficamos presos o
nos valores materiais.
A desordem social, econômica
e moral em que atualmente vivemos, sem dúvida nenhuma é filha deste egoísmo, do
despeito pelo outro, do exclusivismo por si próprio. Ela incentiva o homem a
distanciar-se de seus semelhantes cada vez mais.
Imbuídas pelo egoísmo,
algumas pessoas avaliam a família como instituição falida, por não conseguirem
perceber os benefícios do convívio com o outro e a possibilidade impar do
desenvolvimento do amor.
Por força do egoísmo outros
chegam à conclusão de que ter filhos é um atraso, pensando no seu tempo
perdido, nas mudanças e adaptações que deverá produzir em sua vida, e nas
oportunidades perdidas em função de um outro que não a si mesmo, incapazes
ainda de avaliar as consequências do amor-doação em suas vidas.
Existe ainda aqueles que não
se deram à prática da caridade, o que lhes permitiria vivenciar o sentimento de
amor ao próximo e o verdadeiro prazer que esta atitude proporciona e, a
despeito disso, chamam a caridade de instrumento para aliviar a culpa dos
equivocados.
Este sujeito que se toma
como referencia para tudo, apresenta-se realmente impossibilitado de transitar
livremente pela sociedade, de relacionar-se de maneira saudável e principalmente
de viver conforme as leis maiores e, por isso sofre.
O sofrimento, conforme aqui
é enunciado, permite facilmente concluir que não é uma punição, ou ação de um
Deus vingativo e mal, que prejudica e impõe-se. O sofrimento, ao contrário é um
convite gentil para o reencontro consigo mesmo. É harmonioso, pois se apresenta
na medida perfeita nas atitudes do próprio sujeito. Este convite, através do
qual o Criador se faz ouvido e entendido, aponta para o retorno ao melhor caminho,
para o encontro com a divindade que adormece em si e que só pode desabrochar
com o verdadeiro movimento em direção ao seu próximo.
Todavia, ainda podemos
buscar definições mais aprofundadas para o egoísmo, pautadas em conceitos
psicológicos. Nesta perspectiva é possível entender o egoísmo como a conjunção
de duas palavras: ‘ego’ e ‘ismo’ iniciaremos pelas reflexões sobre o ‘ego’, que
depois, acrescentadas ao termo ‘ismo’ nos possibilitarão conclusões
significativas sobre nossas vidas.
Final do texto, porém o cap.10,
A NASCENTE DO SOFRIMENTO: UMA ANÁLISE DO EGO, escrita por Marlon Reikdal, no
livro REFLETINDO A ALMA, continuará na próxima postagem.
Postado, dia 07/12/13.
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