sábado, 7 de dezembro de 2013


A VIDA HARMONICA

Genericamente, alguns biólogos definem a vida como um fenômeno que anima a matéria.

A referencia à vida humana, que abrange o período da fecundação até o da desencarnação, mediante o qual o Espirito toma a matéria e a abandona, é caracterizado pela presença da energia pensante.

A vida encontra-se estuante em toda parte, seja no campo da estrutura molecular como naquele que se expressa em outra dimensão – a de natureza espiritual.

A vida humana, entretanto, é a transitória existência corporal, através da qual se processam os mecanismos da evolução física, psíquica, emocional e espiritual, seguindo a fatalidade da perfeição relativa que a todos se encontra destinada.

A morte, no ser humano, por sua vez, é a cessação dos fenômenos orgânicos, a degeneração do tronco encefálico, abrindo espaço à desencarnação, que constitui a liberação total do Espirito em relação à estrutura material. Por isso, nem sempre morrer é desencarnar, considerando-se que constitui um expressivo numero, o daqueles que se mantêm apegados aos despojos matérias, após a ocorrência da morte, na vã expectativa de trazê-los de volta à vitalidade.

Vivenciando uma existência sensualista, assinalada pelo egoísmo e pelas suas expressões mais vis, o acontecimento que produz a morte orgânica de forma alguma libera o princípio inteligente da vestidura que lhe facultou o gozo e as sensações exorbitantes. Fixados nos equipamentos de que se utilizou, o fenômeno mortis não proporciona de imediato a identificação da mudança de plano vibratório em que se encontra, em razão da continuidade das percepções orgânicas, apresentando-se como impressões vigorosas que transmitem a ideia de que nada se modificou. Lentamente, porém, à medida que ocorre a transformação e a desintegração dos despojos, o ser real é assaltado pelo pavor e aturde-se na ignorância em que se manteve de referencia à realidade além do campo sensorial. Essa perturbação prolonga-se por tempo indeterminado, variando de um para outro indivíduo, conforme o nível de consciência que lhe é próprio. O Self em reestruturação após o desenlace dos complexos equipamentos celulares, das combinações químicas eletro eletrônicas do cérebro, prossegue dominado pelo imperativo do ego que o manteve encarcerado na sombra das paixões servis, dando-lhe a falsa ideia de que tudo prossegue em regime de similitude, embora o sucesso que teve lugar...

De outra maneira, quando se viveu dentro dos padrões éticos estabelecidos, mantendo-se respeito pela existência, utilizando-se da roupagem carnal de maneira sóbria, edificante e construtiva, experiencia-se, desde cedo, um natural desapego pela mesma, como consequência da visão espiritualista que se possui da vida. Tendo-se em mente que tudo é transitório no mundo físico, e que o corpo é somente um instrumento para a evolução, ama-se a organização material, consciente, porém, da sua relatividade, da sua destrutibilidade pela morte.

Os fenômenos biológicos são recursos preciosos para que o Espírito adquira a consciência de Si-mesmo ampliando a sua capacidade de entendimento intelecto-moral das coisas e da realidade em que se encontra. Tendo como objetivos imediatos a saúde e o bem-estar, opera em toda as circunstancias de maneira a evitar comprometimento desequilibrante, dando-se conta de que a sua felicidade está vinculada aos fatores ambientais e humanos, que também devem participar do mesmo empreendimento ditoso.

Para que o tentame seja alcançado, o Self identifica os alvos estabelecidos, empenhando-se no esforço pela harmonização dos arquétipos perturbadores e desenvolvimento das faculdades que se lhe encontram em germe, em estado de adormecimento. Trata-se do empenho pelo autodescobrimento, pela autoiluminação, pela superação das heranças ancestrais geradoras de inquietação e sofrimento.

Como o sofrimento se encontra presente em todas as fases do desenvolvimento do ser, por tratar-se de um fenômeno natural, hora por desgaste biológico, ora por ocasionar o sofrimento do sofrimento, vezes outras por impermanência, impõe-se a atitude estoica de aceitá-lo jovialmente como processo de percurso inevitável, do qual resultam inúmeras conquistas, quais o amadurecimento psicológico, a visão da solidariedade em relação aos seres sencientes – vegetais, animais e humanos – em cujo grupo se encontra.

A consciência da transitoriedade da matéria proporciona ao Self a eleição dos cometimentos edificantes, aqueles que não geram culpa nem arrependimento, proporcionando a vida harmônica em ideal identificação com tudo e com todos.

Trata-se, sem dúvida, de um grande esforço a ser desenvolvido. No entanto, a pérola que reflete a luz das estrelas é arrancada dos abismos em que se desenvolve no molusco que a retém como mecanismo de autodefesa, ou como a estátua de rara beleza que estava oculta na pedra grosseira ou no metal sujo e informe...

A existência humana é um desafio gigantesco no processo ontológico da evolução. Por mais se queira, ninguém é capaz de evitar os impositivos em que se expressa. Por isso mesmo, o pensamento ético estabeleceu diretrizes de segurança para que sejam logrados os objetivos da saúde e da tranquilidade, do bem-estar e da alegria de viver.

O presente texto, devido ao seu tamanho será concluído na próxima postagem. Postado em 07/12/13.

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