segunda-feira, 9 de dezembro de 2013


EQUIPAMENTOS PSICOLÓGICOS PARA O SER

Na extraordinária façanha da existência humana, a conquista de sentido e de significado é de relevante magnitude, pois que, do contrário, não se vive, apenas se vegeta, conforme conceituação de um brocardo popular.

A constituição do Self como energia pensante, na condição de princípio inteligente do universo, conforme é definido o Espírito pelos Benfeitores da Humanidade, impõe por princípio e legitimidade todo um arsenal de equipamentos psicológicos para o desempenho da tarefa que deve executar – a autoiluminação.

Procedente do Psiquismo Divino, possui, em germe, todas as potencialidades provenientes da sua causalidade, sendo-lhe necessário o despertar das mesmas e o desenvolvê-las ao largo das experiências sucessivas.

Em decorrência, o ser psicológico que é, impõe-se como de fundamental relevância em todo processo evolutivo, sendo-lhe necessários recursos psíquicos propiciatórios para o alcance dos seus objetivos.

Sediando as aspirações no superconsciente e conservando as realizações no inconsciente coletivo, o seu envoltório perispiritual é o reservatório onde se encontram todos os valores amealhados, dignificantes ou inquietadores, e que ressumam com frequência, de acordo com as emoções, as ocorrências que fazem parte do processo da evolução, auxiliando-o na ascensão ou induzindo-o ao sofrimento.

Como consequência, as suas são necessidades de ordem ética, estética, transpessoal, como recursos de manutenção do equilíbrio e de impulsos para o avanço pela senda libertadora dos atavismos negativos que interferem no comportamento que opta pelo bem-estar.

Alegria de viver, por exemplo, é um dos mais valiosos equipamentos psicológicos para o êxito do empreendimento humano, porquanto, através desse sentimento, todas as experiências adquirem significação, selecionando aquelas que promovem com a superação tranquila em relação às portadoras de angústia e de aflição.

Para que haja alegria de viver, no entanto, impõem-se condições emocionais específicas, tais sejam: os procedimentos mentais saudáveis, nos quais o pensamento e a imaginação ativa exercitam-se trabalhando as aspirações da ordem e do dever, da ação nobre e da solidariedade, do progresso e da abnegação, mantendo o clima superior propiciatório ao entusiasmo, sem as defecções ocasionadas pelos conflitos; a reflexão antes de qualquer atitude, a fim de evitar a culpa que transtorna, elegendo as condutas que proporcionam júbilo interior; as atividades representativas da caridade, da compaixão; a autoanalise frequente, de modo a identificar os erros e reabilitar-se deles, os acertos e seus prosseguimentos...

Isto porque, segundo a opinião do eminente Jung:...dentro da alma, desde suas origens primordiais, tem havido um desejo de luz e uma ânsia incontida para debelar as sombras primordiais...a noite psíquica primordial...é hoje a mesma de incontáveis milhões de anos passados. O anseio pela luz é o anseio pela consciência.

A busca dessa consciência profunda transforma-se em meta que conduz à plenitude psicológica, quando o sofrimento não encontra lugar para instalar-se, ou quando ali presente, ser superado. Embora o sofrimento permaneça no mundo e nas criaturas como uma fatalidade do seu processo de evolução, mediante os equipamentos sociológicos da busca da luz, torna-se factível diluí-lo na claridade do amor inefável.

O sonho alquimista era a transmudação dos metais comuns em ouro de alto valor, que não foi conseguido. Nada obstante, psicologicamente, é possível essa alquimia no ser, ao transformar a sombra em luz e os conflitos com as suas marcas de perturbação no ouro da harmonia.

Para tal cometimento, os recursos a serem utilizados são internos e fazem parte da construção da consciência, pois que, somente por seu intermédio, é possível a conquista da sabedoria, ao discernir o que é necessário e inútil na existência, de real ou de aparente valor...

Enquanto isso, a luta interior em relação ao sofrimento prossegue contínua. Ainda conforme o pensamento junguiano, o oriental planeja vencer o sofrimento expulsando-o como se fora uma coisa, enquanto o ocidental pensa que conseguirá libertar-se dele através dos medicamentos. Nenhum medicamento, porém, tem o poder de eliminar os sofrimentos que se derivam da consciência de culpa, dos fenômenos psicológicos da afetividade não correspondida, das ansiedades não concretizadas, do desejo do belo e da paz não conseguidos...

O dinheiro, por exemplo, pode oferecer uma farta alimentação, jamais provocar o apetite; pode conseguir o conforto, nunca, porém, a paz de quem habita o lugar agradável; a presença de pessoas, sem que lhe ofereçam o amor... a morte de um ser querido interrompe os sorrisos e o poder do mundo não o pode trazer de volta, embora possa mover praticamente tudo e todos...

Tais ocorrências produzem sofrimentos, sem dúvida, que não podem ser expulsos a golpes de insistência mental nem socorridos com medicamentos de qualquer  natureza. Têm de ser enfrentados pacientemente pela psique, através do estado autoconsciente do Self.

É natural que o sofrimento e a felicidade manifestem-se lado a lado, em aparente oposição, que os equipamentos psicológicos da compreensão podem fundir num estado de harmonia, quando se compreenda que através do primeiro se pode alcançar a segunda, bastando, para tanto, a compreensão das suas origens e da sua permanência. Diluindo-se as marcas que procedem do inconsciente individual e do coletivo, anula-se a desdita e despertando a criança maltratada , que se encontra latente, consegue-se entender que é possível conciliar um com a outra, desde que transformando o primeiro em caminho que conduz à plenitude.

Não havendo reproche, nem mágoa pelas ocorrências desagradáveis geradoras do sofrimento, não tem vigência os mórbidos resíduos psicológicos, antes surgem perspectivas favoráveis à superação do mesmo, porque outros fatores tomam-lhe o lugar, como sejam: a paz de consciência, o desejo para alcançar as metas programadas, os ideais abraçados.

Quando a mente está voltada para os significativos labores de elevação moral, social, espiritual, artística ou de qualquer outro tipo, as expressões do sofrimento perdem a preponderância na emoção e, naturalmente, deixam de influenciar o comportamento.

Dessa forma, a melhor maneira de superar o sofrimento e conquistar a felicidade é trabalhando-o, ultrapassando-lhe os limites e as imposições.  Em assim comportando-se, o sofrimento se transforma num dínamo gerador de energia que se desenvolve e produz recursos para a conquista da individuação.

Como equipamento psicológico, é justo ainda insistir-se no relacionamento criatura-Criador, pensamento-oração, mente-esperança, que facultam a sintonia com as forças cósmicas de onde procedem todas as coisas materiais, e em forma de energia vitaliza e acalma todos quantos se utilizam desse comportamento.

Vivendo-se no mundo em que tudo é energia sob diferentes aspectos de aglutinação de moléculas, o pensamento também pode e deve engendrar mecanismo propiciatório ao surgimento de forças psíquicas que trabalham pelo bem-estar e superam as construções do sofrimento.

Tudo, portanto, encontra-se dentro da pauta do querer corretamente, a fim de conseguir-se retamente.

Pensando-se com equidade e justiça, agindo-se com bondade e compaixão, vivendo-se com esperança e alegria, a iluminação dá-se natural, ampliando a capacidade no Self para gerar o estado numinoso permanente.

Aqui encerra o texto, porém o cap.10, A VIDA E A MORTE, escrito por Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis, no livro Em Busca da Verdade, continuará na próxima postagem.
Postado dia 09/12/13.  

Nenhum comentário: