quarta-feira, 16 de julho de 2014


PENSAMENTO E AÇÃO

Do ponto de vista filosófico, o pensamento é uma atividade psíquica responsável pelos fenômenos cognitivos, independente da vontade e dos sentimentos.
Com a frase: “Eu sou uma coisa que pensa”, René Descartes deu ao pensamento um significado específico, afirmando que a essência do homem é pensar.
É com o pensamento que o ser humano eleva o seu estágio de evolução, caracterizando-se pela nobreza das ideias que declara ou pela vulgaridade em que se satisfaz.
O processo de evolução do pensamento fez-se aos poucos através das  experiências reencarnacionista, desde quando surgiram as primeiras expressões arcaicas, passando pelas de natureza primitiva, mítica, egocêntrica até alcançar o estágio racional, avançando em direção a sublime conquista cósmica.
Desenvolvendo a capacidade de pensar, ultrapassando as barreiras dos instintos que limitam, o Espírito vem ampliando a percepção do divino que nele existe, adquirindo essa peculiar capacidade, base para todas as realizações existenciais.
Essa faculdade inata, que se desdobra através das experiências contínuas,  tem um poder para a ação, que a torna elemento vital ao desenvolvimento do Espírito na sua continua busca de felicidade.
Os desafios e dificuldades na vida orgânica enfrentrados pelo ser humano, nos inícios da evolução, foi desenvolvendo a caixa craniana e aumentando o tamanho do cérebro, conforme o surgimento dos neurônios necessários às sinapses mais elevadas e às expressões que iriam caracterizar o pensamento. Surgido por ampliação do instinto, considerado que é o instinto uma forma primária de pensamento, as necessidades ambientais e a luta pela sobrevivência estimularam o Espírito a liberar as funções que se encontravam em latência, dando lugar ao surgimento das ideias, ao desenvolvimento das faculdades psíquicas. Fatores,  mesológicos e filogenéticos responsabilizaram-se através dos milhões de anos na construção dos equipamentos ultradelicados para decodificar o pensamento, que é de natureza transcendente e não de natureza eletroquímica do próprio cérebro, conforme afirmam respeitáveis estudiosos.
Emanação do Espírito é o instrumento hábil para o estabelecimento da razão, do discernimento, da consciência que se desenvolve através de níveis específicos até fundir-se na identificação cósmica, como ocorre com o próprio pensamento.
Em cada etapa, o Espírito exercita  determinada faculdade, ora intelectiva, ora emocional, abrindo espaço para as aptidões culturais, artísticas, religiosas, sociais, políticas, que irão construir a sua plenitude.
O pensamento, portanto, em face das conquistas adquiridas pelas experiências agiganta-se e transforma-se em força criadora, que a consciência de si orienta sob as diretrizes ético-morais, indispensáveis à canalização das ideias e aspirações compatíveis com o estágio do desenvolvimento de valores elevados.
Foi, graças a esse esforço e direcionamento, que surgiram os conceitos filosóficos, as inabordáveis conquistas científicas, as maravilhas da arte em todas as suas expressões, as sublimes realizações espirituais e religiosas, o estabelecimento dos códigos dos direitos e dos deveres do ser humano em relação a si mesmo, ao próximo, à Natureza, à vida...
Esse permanente processo de crescimento passou, também, por vários choques, quando as opções do pensamento conservaram as heranças do primarismo, principalmente na agressividade e na violência, na pulsão do poder e do prazer, nos caprichos infantis mal suportados, abrindo espaço ao crime, à destruição, ao despautério, à crueldade não diluída no imo.
Na atualidade, quando se alcançou o máximo de progresso científico e tecnológico até então jamais atingido, lamentavelmente permanecem ainda as expressões grosseiras e perversas do pensamento primitivo, que não evoluiu no direcionamento ético e moral, gerador dos sentimentos de paz e de compaixão, de bondade e de compreensão da finalidade existencial na Terra.
Tudo, no ser humano, tem origem no pensamento, que logo se transforma em ideia, desenhando as possibilidades de realização, para transformar-se em ação. Afirma-se com severidade que o fato de pensar em determinada ideia, que se fixa, já se está cometendo o ato. Vamos encontrar no Evangelho de Jesus, essa força de expressão no capítulo 5 de Mateus, versículo 28, quando enuncia: eu, porém, vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.
Quando se olha algo ou alguém, logo vem a formulação da ideia, do desejo, da necessidade, e, no caso, o pensamento desregrado, indisciplinado, acostumado ao imediatismo da libido, logo passa a experienciar a ação, desde que emite  onda mental.
O oposto também é verdadeiro, quando se fixa a atenção, e como consequencia o desejo mental em algo enobrecedor, já se inicia a vivencia do anelado.
Essa força do pensamento também responde pela conduta emocional, pelas heranças positivas ou negativas do indivíduo, cabendo-lhe direcionar seus anseios para as questões superiores da existência, as que dignificam e promovem o sentimento e a própria vida.
É nessa estrutura que o Self adquire resistência para compreender e aceitar a sombra, conviver com o ego sem luta nem conflito.
Quando é vitima de transtornos psicológicos, o indivíduo apresenta-se incapaz de fixar o pensamento na esperança e na expectativa de recuperação, normalmente, porque sempre cultivou ideias negativas, pessimistas e perturbadoras, às quais se acostumou, afirmando não ter forças para corrigir o velho hábito e passar a contribuir em favor da psicoterapia libertadora.
No entanto quando se esforça, e deseja a conquista da saúde física, emocional ou de algum transtorno mais profundo, desde que não esteja afetado na função do pensamento, poderá fixar a mente nas perspectivas saudáveis do refazimento, auxiliando os neuropeptídios na produção das substancias especiais para o reequilíbrio. Nesse caso, inscrevem-se as terapias placebo de excelentes resultados em muitos processos psicoterapêuticos, mesmo nas enfermidades orgânicas. Por outro lado, as experiências nocebo também resultam em agravamento dos quadros enfermiços, levando os pacientes a situações mais difíceis. Ambas as ocorrências, portanto, em face da força do pensamento, que se fixa numa como noutra, de onde se originam os resultados positivos ou prejudiciais ao organismo físico, emocional e psíquico.
Por motivos óbvios, somente o ser humano pensa, é capaz de compreender abstrações, de conceber e antever o que lhe ocorre na mente, e que pode materializar posteriormente através do empenho e da dedicação na construção das ideias.

Mediante o pensamento bem-ordenado, todo o constructo do ser humano avança pelas vias da saúde e da edificação interior, alcançando o elevado patamar da individuação.
Texto trabalhado com base no livro EM BUSCA DA VERDADE, escrito por Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Postado no dia 16/07/2014.

 

 

 

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