segunda-feira, 14 de julho de 2014


FÉ E RELIGIÃO
Em sua essência, o ser humano, é um animal religioso. A sua busca de religiosidade leva-o a vincular-se às diferentes correntes doutrinárias, buscando segurança e harmonia na caminhada física. As suas experiências de fé religiosa dão-lhe vigor e coragem nas situações difíceis e de desafios.
 Nesse indivíduo a fé é quase genética. Há uma crença universal em Deus, não considerando o nome que Lhe dê, nem a forma como se compreenda. Atavicamente, o arquétipo divino que nele se expresse através do Self é natural. Mas  a crença religiosa, resulta de fatores educacionais, mesológicos, familiares. Têm-se então a crença natural e a religião que foi aprendida. Na infância, no período lúdico, as fantasias crescem em torno da religião, dando-lhe colorido ou criando terror conforme o conteúdo de cada uma delas. À medida que a razão e o discernimento substituem a ignorância e a ingenuidade, os conflitos que surgem também vão confrontar com a conduta religiosa, especialmente se ela é castradora, imposta, ou se tem caráter policialesco de vigiar todos os passos com ameaças de punição.
A racionalidade que tomou conta dos primeiros pensadores do século XVll, abrindo campo para os enfrentamentos entre as ciências nascentes e as doutrinas religiosas dominantes, atingiu o seu apogeu no final do XlX, quando, aparentemente, o ser humano afirmou estar distante de Deus, presumivelmente apoiando-se no arrogante conceito de Nietzsche, a respeito de Sua morte ou dos  muitos outros filósofos niilistas e materialistas, ou de eminentes cientistas. Apesar disso, quanto mais  avanços nas ciências e a tecnologia de ponta mais ampliava os horizontes da compreensão do mundo, curiosamente surgiu um paradoxo, fazendo com que muitos cientistas começassem a voltar a Deus e à crença no Espírito, como únicas maneiras de entenderem o Cosmo e a vida em si mesma.
Depois da proposta de Darwin sobre a evolução vegetal, animal e o surgimento do homem, através da seleção natural, trazendo a negação dos conceitos criacionistas bíblicos, considerados por vários séculos, com o advento das moderníssimas conquistas a respeito da decodificação do genoma humano, uma ponte foi lançada entre uma teoria e outra, demonstrando que existem verdades em ambas propostas, possibilitando, o entendimento de como Deus criou a vida.
Não é mais blasfêmia um cientista confessar a sua crença em Deus, assim como a da sobrevivência do Espírito à disjunção molecular do corpo.
As incontáveis investigações em torno da paranormalidade humana, feitas nos séculos XlX e XX, por sérios cientistas das diversas áreas do conhecimento, têm trazido material  incontestável para confirmar que a morte não destrói a vida e que o Espírito não morre, quando desaparece o seu revestimento material.
A mediunidade, após vencer os preconceitos e as superstições que a mistificavam, tornou-se objeto de estudos sérios e consagrados por homens e mulheres dos mais diversos seguimentos da cultura e da civilização, que se renderam à sua legitimidade como instrumento comprovante da imortalidade do Espírito.
Ciências que derivaram da Psicologia, como área experimental, no caso, a Parapsicologia, mais tarde, a Psicotrópica, a Psicobiofísica, ofereceram campo vasto para os estudos sérios em torno dessas questões, trazendo evidencias e fatos que não podem ser contestados e merecem todo respeito, diante daqueles pesquisadores sérios que se debruçaram sobre a pesquisa, o experimento, a comparação...
A ruptura com as colocações extremistas de alguns cientistas em relação à religião e aos fenômenos dela decorrentes, não existe mais com a mesma firmeza de antes. Neurocientistas e astrofísicos, matemáticos e biólogos, psicólogos e psiquiatras,  e outros profissionais das diferentes áreas do conhecimento científico vem defrontando a realidade transpessoal e adotando comportamento conforme com a filosofia imortalista, como a mais avançada conclusão das suas experiências nos seus campos de trabalho.
Chegamos ao momento em que as questões metafísicas podem ser discutidas nos laboratórios sem timidez pelos estudiosos, em tentativas importantes para descobrirem o que se esconde além das chamadas leis naturais, pelo menos aquelas que já detectadas.
Jung foi um dos primeiros acadêmicos a não valorizar demais o aspecto racionalista absoluto  do Universo, abrindo caminhos ainda não percorridos, para melhor compreender a criatura humana em sua profundidade e a realidade em que todos se encontram.
O ser humano não pode fugir do seu arquétipo psicóide, em razão do inconsciente coletivo, onde se encontram todos os constructos da sua existência, naturalmente, também, as expressões da fé, no seu sentido mais amplo, da religião e de Deus... Esse extraordinário inconsciente encontra-se fora do conhecido mundo consciente, sendo constituído por um campo-primordial-de-espaço-tempo.
A Psicologia, desse modo, tem por meta entender os fenômenos pertencentes à psique e às suas manifestações, não estando vinculada a qualquer compromisso com os comportamentos religiosos, sem que, no entanto, deles deva abdicar, especialmente quando estudando os diversos distúrbios que aturdem os seus pacientes, as suas alucinações e delírios também de natureza espiritual...
A fé religiosa, quando saudável, estruturada na filosofia da razão, que pode enfrentar a dúvida em todas as épocas do pensamento, contribui bastante  para a saúde mental e emocional do indivíduo, dando-lhe sustentação nos momentos de debilidade e coragem nos instantes de desafio.
A fé pode ser natural, sem subterfúgio, em que tudo se acredita sem ser investigado, e ninguém vive sem essa experiência psicológica que se expressa como fidúcia, aceitação automática... Ou resulta das lutas entre razão e  sentimento, o fato e outas explicações, passando pelo crivo da lógica, da observação, tornando-se racional, robusta.
Graças à fé natural, desenvolvem-se as aptidões humanas e os projetos desenhados para a existência transformam-se em realidade, porquanto os estímulos e a fortaleza que dela se derivam, proporcionam os meios para continuação nas tentativas até serem concluídos.
A fé é portadora de força tão excepcional, que muitas vezes o indivíduo que tem um objetivo luta contra tudo que se lhe opõe, vence as dificuldades certo de que é viável o que deseja e que conseguirá.
É a fé que tem sustentado os investigadores de todos os níveis, os cientistas que trabalham com hipóteses contrárias ao aceito e permitido, conseguindo demonstrar a sua validade após grandes esforços, confirmando que têm razão.
Ninguém atinge qualquer meta se não acredita na sua viabilidade, na possibilidade, mesmo que não a identifique conscientemente. A perseverança numa ação e a constância em um trabalho são frutos da fé em torno dos mesmos.
A fé religiosa, sustenta-se na probabilidade de que sejam reais os postulados transpessoais, espirituais, nos quais se acredita. Felizmente, graças à mediunidade, a fé religiosa dispõe hoje de grande quantidade de fatos que superam e eliminam todas as negações. Afirmava-se durante a vitória da filosofia existencialista, que era preciso ver para crer, conceito hoje ultrapassado em face das propostas da física quântica, que estabelecem ser preciso crer para depois ver, mesmo porque nem tudo em que se crê nessa área somente se encontra dentro de probabilidades e jamais será visto...
A fé produz heróis e santos, mártires e pessoas de bem.
Durante o holocausto judeu, suas vítimas que mantiveram a fé de que sobreviveriam, de uma ou outra forma conseguiram o objetivo. Aquelas que se afirmavam necessária a vida a fim de denunciarem toda a crueldade, vivenciaram todos os horrores e ficaram lúcidas para narrar ao mundo o poder da loucura, do extremismo, da solução final, meta dos  psicopatas que tomaram o poder na Alemanha...
Quando se crê, todo o organismo atende aos impulsos da psique e responde de maneira eficaz, produzindo recursos propiciatórios à sua realização.
Entra em tormento emocional com mais facilidade, o indivíduo em conflito pela dúvida, atormentado pela insegurança, desconfiado de tudo e de todos. Mediante a fé em Deus, sem exaltação e com harmonia, a saúde emocional é mais duradoura, e, quando, por alguma razão, experimenta transtorno, mais rapidamente retorna ao equilíbrio.
A fé demonstrada por cientistas e navegadores, como Cristóvão Colombo, que acreditava na existência de terras, caso viajasse na direção do oeste, saindo da Europa, conseguiu prová-lo, porque no inconsciente armazenavam-se os registros representativos de já haver estado naqueles lugares em existência anterior...
Quantas vezes, o pai da psicologia analítica em suas viagens de trem, partindo de Zurique (Suiça) com destino à Itália, antes de chegar às cidades a serem visitadas, via-as, conhecia-as, constatando a veracidade posteriormente, embora nunca ali estivesse estado, pelo menos na existência atual. Surpreendido por esses eventos, assim como pelo sonho-visão que tivera, a respeito da grande onda que destruiria praticamente a Europa, se tornou real por ocasião da lamentável Grande Guerra que sacudiu todo o planeta, nunca se escusou a narrar tais ocorrências...
Esses fenômenos que transcendem a realidade psicológica estão vinculados ao ser paranormal, espiritual e imortal, estando, desse modo, além das suas perspectivas, embora as possa penetrar.
Madame Curie, por sua vez, realizando as suas extraordinárias experiências com toneladas de pechblenda, tinha certeza, mantinha a fé segura de que encontraria expressão mais rarefeita da matéria, e insistindo, embora contra todas as opiniões, com o esposo conseguiu detectar a radioatividade. Posteriormente, continuando nas pesquisas exaustivas com diversos tipos de pechblenda conseguiu detectar o polônio e o rádio... Mesmo na viuvez, manteve a fé natural e racional em torno das imensas possibilidades que estavam ao alcance e superou-se, conquistando o respeito internacional e o Prêmio Nobel de Química, tornando-se a única pessoa a receber duas vezes o referido Prêmio em áreas diferentes...
A fé sempre a sustentou, mesmo no período de aborrecimentos e conflitos emocionais vividos após a desencarne do marido...
Jesus disse com segurança e beleza: Se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar; e nada vos será impossível (Mateus, 17-20).
Com certeza, não se referia à montanha em si mesma, mas, aos graves problemas que crescem em torno da existência, criando dificuldades e produzindo embaraços. A fé, ainda que pequena, já que o grão de mostarda é uma das menores sementes que existem, consegue o resultado que se almeja, em razão das forças que facultam e da inspiração que propiciam.
A fé, de qualquer forma, é estímulo de alto significado para uma vida feliz e saudável, portanto para a contribuição eficaz para a individuação.
Texto trabalhado com base no livro EM BUSCA DA VERDADE, escrito por Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

Postado no dia 14/07/2014.

 

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