quarta-feira, 9 de julho de 2014


 

BUSCA INTERIOR
O mundo objetivo, a realidade das sensações exerce um poderoso controle sobre a psique humana, pelas restrições e condicionamentos vindos dos seus significados.
Encarcerado o Self nos condutores cerebrais através dos quais se expressa, registra na infância acontecimentos que serão matrizes do seu comportamento, dando espaço às manifestações do seu equilíbrio ou desarmonia que acompanharão o indivíduo por toda existência. Em razão da anterioridade ao corpo, traz também, armazenado no perispírito as contribuições de vidas passadas, que se apresentam desde cedo, como tendências, aptidões, anseios ou conflitos, inquietações, impulsos autodestrutivos, de sublimação e complexos de comportamentos que irão tipificar o ser humano.
Porém trazendo ínsita no cerne das estruturas energéticas desse mesmo Self,  a imago Dei,  aos poucos leva-o às conquistas dos espaços, à ampliação da compreensão de si mesmo e dos outros, à saída dos  limites da organização cerebral, às percepções de outras realidades, incluindo as de natureza paranormal, que muitas vezes estão fixadas na superconsciência, favorecendo a descoberta do mundo da energia com as suas variações surpreendentes.
Fenômenos incomuns, inabituais surgem na infância, estados paroxísticos apresentam-se espontâneos, alucinações surpreendentes ocorrem, durante toda a vida, chamando a atenção para a vida em outras dimensões.
A força, irreprimível, da matéria e dos seus implementos, os condicionamentos orgânicos e os mecanismos convencionais da educação e do conhecido, criam embaraços a essas manifestações, produzindo recalques e castrações, quando não produzem os fenômenos do pavor e os conflitos psicológicos que levam para alienações e desastres de conduta.
A mediunidade é uma faculdade orgânica presente em todos os indivíduos, conforme a definiu com segurança o mestre Allan Kardec, estabelecendo metodologias e disciplinas de educação e aprofundamento das suas expressões.
A vida, como consequência, rompe a barreira do mundo físico e das suas manifestações para expressar-se em toda a sua plenitude como de natureza energética ou espiritual, constituindo a realidade pulsante de onde emerge a de formação material, por onde o Espírito transita muitas vezes, em períodos breves estabelecidos entre o berço e o túmulo.
A psicologia analítica não pode negar-se a uma investigação honesta do tema, considerando as próprias experiências paranormais de que foi objeto o eminente neurologista e psiquiatra Jung, conforme as suas próprias narrações e todos os tumultos em que esteve envolvido, atraído pelo invisível e resistente ao seu apelo irrefreável.
Foi necessário que uma enfermidade o fizesse diminuir o controle sobre a sua consciência, a própria resistência, para, logo depois, escrever a sua Resposta a , realizando a extraordinária façanha quase que de uma só vez, dizendo que se sentiu pegar o espírito pelo cangote (que) foi o modo pelo qual este livro nasceu.
Importantes experiências o levaram a interessar-se pela fenomenologia mediúnica, sendo ele próprio instrumento constante para a sua ocorrência, especialmente quando, na Inglaterra, passando fins de semana numa residência assombrada no ano de 1920, confessou o estado de ansiedade que o dominava à noite, quando ocorriam diversas manifestações estranhas, ruídos que pareciam o roçar da seda e o gotejamento. Nesse momento viu uma aparição, a distancia de cinquenta centímetros, sobre um travesseiro, era a cabeça de uma mulher, em constituição semissólida com um dos olhos semiaberto fixando-o. O  fenômeno, se prolongou por alguns minutos e no seu final, ele acendeu uma vela e ficou o resto da noite sentado em uma poltrona meditando.
Essa foi, uma das muitas ocorrências para-psíquicas que lhe ocorreram na existência desde a infância, lembrando que a sua genitora era médium, e que o seu avô referia-se ao aparecimento da esposa desencarnada, que se sentava numa poltrona que mantinha no seu gabinete e lhe ditava alguns sermões.
Segundo Aniela Jaffé, sua secretária, o grande pesquisador participou, conforme fez antes com sua prima, no início da sua carreira, de experimentos com o extraordinário investigador Schrenck-Notzing, e como médium o famoso Rudi Schneider, que produzia fenômenos de materialização, no ano de 1920. Mais tarde, em 1930, assistiu a outras experiências de materialização com o referido investigador e outros cientistas.
Após muitas reflexões nesse campo, disse: Se, de um lado, nossas faculdades críticas duvidam de todo caso individual de aspecto espírita, somos, contudo, incapazes de demonstrar um caso sequer de não-existência de Espíritos. Devemos, por esse motivo, limitar-nos, a esse respeito, a julgamento non liquet, ou seja, não está claro, a coisa oferece dúvida, não está bem esclarecida, há necessidade de maiores informações.
Escreveu depois: Embora eu nunca tenha feito qualquer notável pesquisa original nesse campo (psíquico), não hesito em declarar que observei uma quantidade suficiente de tais fenômenos (participando, então, das surpreendentes pesquisas do barão Albert Schrenck-Notzing), que me convenceram inteiramente de sua realidade.
Como a tarefa científica de Jung era outra à qual deu toda a vida, abrindo horizontes quase infinitos para a psique, na construção da psicologia analítica, bastante combatida pelos adversários das novas ideias. ele não pôde dedicar-se a esse campo experimental.
O espaço das pesquisas ficou em aberto para os seguidores e discípulos do mestre do estudo da realidade esmagadora, dando continuidade a pesquisas exaustivas, nele mesmo e nos seus pacientes, para mergulhar mais no contexto histórico e psicológico da vida.
A mediunidade, inerente a todos os seres humanos, em diversos graus de desenvolvimento, influi no comportamento do ser psicológico, abrindo espaços a conflitos parapsíquicos, interpretados muitas vezes como pertencentes à realidade objetiva.
O ser humano é bem mais complexo do que a dualidade psique-corpo, mente-matéria, nele se encontra o Espírito imortal e o seu envoltório perispiritual encarregado da modelagem das formas físicas nas muitas reencarnações.
Muitos conceitos junguianos encontram conformação de grande relevância, com a visão espiritual do ser, por estarem centrados na realidade subjetiva expressa através da vasta fenomenologia mediúnica e pela conjuntura de o indivíduo possuir  recursos não próprios, que se lhe somam pelo intercambio com outros seres desencarnados que o envolvem e que fazem parte do seu comportamento psíquico, emocional e físico.
A busca interior não pode estancar na periferia da realidade física, mas  penetrar no âmago do ser e das suas faculdades, ampliando a agenda de realizações com a visão do indivíduo indimensional, o Self com os seus atributos divinos.
Texto trabalhado com base no livro EM BUSCA DA VERDADE, escrito por Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Postado no dia 09/07/2014.

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