BUSCA
INTERIOR
O mundo objetivo, a
realidade das sensações exerce um poderoso controle sobre a psique humana, pelas
restrições e condicionamentos vindos dos seus significados.
Encarcerado
o Self nos condutores cerebrais através dos quais se expressa, registra
na infância acontecimentos que serão matrizes do seu comportamento, dando espaço
às manifestações do seu equilíbrio ou desarmonia que acompanharão o indivíduo
por toda existência. Em razão da anterioridade ao corpo, traz também,
armazenado no perispírito as contribuições de vidas passadas, que se apresentam
desde cedo, como tendências, aptidões, anseios ou conflitos, inquietações,
impulsos autodestrutivos, de sublimação e complexos de comportamentos que irão
tipificar o ser humano.
Porém trazendo ínsita no
cerne das estruturas energéticas desse mesmo Self, a imago Dei, aos poucos leva-o às conquistas dos espaços, à
ampliação da compreensão de si mesmo e dos outros, à saída dos limites da organização cerebral, às percepções
de outras realidades, incluindo as de natureza paranormal, que muitas vezes estão
fixadas na superconsciência, favorecendo a descoberta do mundo da energia com
as suas variações surpreendentes.
Fenômenos incomuns,
inabituais surgem na infância, estados paroxísticos apresentam-se espontâneos, alucinações surpreendentes ocorrem,
durante toda a vida, chamando a atenção para a vida em outras dimensões.
A força, irreprimível, da
matéria e dos seus implementos, os condicionamentos orgânicos e os mecanismos
convencionais da educação e do conhecido, criam embaraços a essas
manifestações, produzindo recalques e castrações, quando não produzem os
fenômenos do pavor e os conflitos psicológicos que levam para alienações e
desastres de conduta.
A mediunidade é uma faculdade orgânica presente em todos os
indivíduos, conforme a definiu com segurança o mestre Allan Kardec,
estabelecendo metodologias e disciplinas de educação e aprofundamento das suas
expressões.
A vida, como consequência,
rompe a barreira do mundo físico e das suas manifestações para expressar-se em
toda a sua plenitude como de natureza energética ou espiritual, constituindo a
realidade pulsante de onde emerge a de formação material, por onde o Espírito
transita muitas vezes, em períodos breves estabelecidos entre o berço e o
túmulo.
A psicologia analítica não
pode negar-se a uma investigação honesta do tema, considerando as próprias
experiências paranormais de que foi objeto o eminente neurologista e psiquiatra
Jung, conforme as suas próprias narrações e todos os tumultos em que esteve
envolvido, atraído pelo invisível e
resistente ao seu apelo irrefreável.
Foi necessário que uma
enfermidade o fizesse diminuir o controle sobre a sua consciência, a própria
resistência, para, logo depois, escrever a sua Resposta a Jó,
realizando a extraordinária façanha quase que de uma só vez, dizendo que se
sentiu pegar o espírito pelo cangote
(que) foi o modo pelo qual este livro nasceu.
Importantes experiências
o levaram a interessar-se pela fenomenologia mediúnica, sendo ele próprio
instrumento constante para a sua ocorrência, especialmente quando, na
Inglaterra, passando fins de semana numa residência assombrada no ano de 1920,
confessou o estado de ansiedade que o dominava à noite, quando ocorriam
diversas manifestações estranhas, ruídos que pareciam o roçar da seda e o gotejamento. Nesse momento viu uma aparição, a
distancia de cinquenta centímetros, sobre um travesseiro, era a cabeça de uma
mulher, em constituição semissólida com um dos olhos semiaberto fixando-o. O fenômeno, se prolongou por alguns minutos e no
seu final, ele acendeu uma vela e ficou o resto da noite sentado em uma
poltrona meditando.
Essa foi, uma das muitas
ocorrências para-psíquicas que lhe ocorreram na existência desde a infância, lembrando
que a sua genitora era médium, e que o seu avô referia-se ao aparecimento da
esposa desencarnada, que se sentava numa poltrona que mantinha no seu gabinete e
lhe ditava alguns sermões.
Segundo Aniela Jaffé, sua
secretária, o grande pesquisador participou, conforme fez antes com sua prima,
no início da sua carreira, de experimentos com o extraordinário investigador
Schrenck-Notzing, e como médium o famoso Rudi Schneider, que produzia fenômenos
de materialização, no ano de 1920. Mais tarde, em 1930, assistiu a outras
experiências de materialização com o referido investigador e outros cientistas.
Após muitas reflexões nesse
campo, disse: Se, de um lado, nossas
faculdades críticas duvidam de todo caso individual de aspecto espírita, somos, contudo, incapazes de demonstrar
um caso sequer de não-existência de Espíritos. Devemos, por esse motivo,
limitar-nos, a esse respeito, a julgamento non
liquet, ou seja, não está claro, a coisa oferece dúvida, não está bem
esclarecida, há necessidade de maiores informações.
Escreveu
depois: Embora eu nunca tenha feito
qualquer notável pesquisa original nesse campo (psíquico), não hesito em
declarar que observei uma quantidade suficiente de tais fenômenos
(participando, então, das surpreendentes pesquisas do barão Albert Schrenck-Notzing), que me convenceram
inteiramente de sua realidade.
Como
a tarefa científica de Jung era outra à qual deu toda a vida, abrindo
horizontes quase infinitos para a psique, na construção da psicologia
analítica, bastante combatida pelos adversários das novas ideias. ele não pôde dedicar-se
a esse campo experimental.
O
espaço das pesquisas ficou em aberto para os seguidores e discípulos do mestre
do estudo da realidade esmagadora, dando
continuidade a pesquisas exaustivas, nele mesmo e nos seus pacientes, para
mergulhar mais no contexto histórico e psicológico da vida.
A
mediunidade, inerente a todos os seres humanos, em diversos graus de
desenvolvimento, influi no comportamento do ser psicológico, abrindo espaços a
conflitos parapsíquicos, interpretados muitas vezes como pertencentes à
realidade objetiva.
O
ser humano é bem mais complexo do que a dualidade psique-corpo, mente-matéria,
nele se encontra o Espírito imortal e o seu envoltório perispiritual
encarregado da modelagem das formas físicas nas muitas reencarnações.
Muitos
conceitos junguianos encontram conformação de grande relevância, com a visão
espiritual do ser, por estarem centrados na realidade subjetiva expressa através
da vasta fenomenologia mediúnica e pela conjuntura de o indivíduo possuir recursos não próprios, que se lhe somam pelo
intercambio com outros seres desencarnados que o envolvem e que fazem parte do
seu comportamento psíquico, emocional e físico.
A
busca interior não pode estancar na periferia da realidade física, mas penetrar no âmago do ser e das suas
faculdades, ampliando a agenda de realizações com a visão do indivíduo
indimensional, o Self com os seus
atributos divinos.
Texto
trabalhado com base no livro EM BUSCA DA
VERDADE, escrito por Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de
Ângelis.
Postado
no dia 09/07/2014.
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