sábado, 5 de julho de 2014


GRATIDÃO A CURTO E A LONGO PRAZO
As emoções são reflexos do self, exteriorizando as construções e ideações mentais.
Quanto mais diluída a sombra que se lhe integra através da evolução, mais fortes emoções serão possíveis.
Vindo a tona as fixações perturbadoras do inconsciente pessoal e do coletivo, mais necessário se torna administrá-las pela sua substituição através de formulações opostas, que irão sendo superadas no transcurso do tempo, através da repetição. O exercício de qualquer função é sempre o meio mais hábil para que se faça a sua necessária fixação, tornando-se um hábito novo que se desenha no comportamento.
Sendo essa a educação mental que proporciona renovação moral.
A saúde emocional, torna-se assim, consequência do esforço do self, quando se resolve pela mudança de atitude diante da vida não mais aceitando os condicionamentos perniciosos, os vícios morais, as atitudes de agressividade e de perturbação.
Os conflitos, que são as heranças doentias do ego e da sombra, quando delinquiram, são psicoterapeuticamente transformados em segurança pessoal, em harmonia do comportamento – mente e emoção -, pelo empenho do self dando lugar ao bem-estar que se apresenta como saúde interior.
Por isso os velhos refrões: pensa no bem e o bem te acontecerá, tanto quanto pensa no mal e o pior te tornarás tornam-se fenômenos da conduta do self na manutenção dos equipamentos delicados da emoção.
O pensamento é assim um dínamo gerador de ondas que movimentam a maquinaria orgânica, exteriorizando-se dos neurônios cerebrais em direção ao sistema nervoso central, que as envia às glândulas endócrinas, e, por fim, vibrando no sistema imunológico, por extensão, repercutindo no emocional e dando lugar a efeitos perfeitamente equivalentes.
Pensamento é força dinâmica e vital.
O que se fixa no pensamento, a vida responde em forma de ideoplastia ou concretiza-se inconscientemente, desde que o automatismo da repetição na mente faz-se responsável pela condução a que o indivíduo se entrega.
No que diz respeito aos fenômenos psicológicos de pequena ou de grande monta, ei-los que se traduzem como sentimentos de variada expressão, desde aqueles que consomem as energias, resultando em depressões, distúrbios do pânico, pavores diversos, síndromes de Parkinson e de Alzheimer ou esperança, alegria, equilíbrio, gratidão...
A gratidão moral é de suma importância para o engrandecimento do self. Isto é: a lúcida compreensão da conduta irregular de outrem, ao lado da tolerância e da humildade pessoal proporcionam o reconhecimento de que cada qual se comporta de acordo com o seu nível de consciência e o seu estágio intelecto-moral.
Compreende-se, desse modo, que um gênero de gratidão desconhecido é o perdão real.
Para que se expresse esse sentimento nobre – o perdão! -, é imprescindível maturidade emocional, compreensão da realidade da existência, respeito ético pelo próximo, cultura de compaixão, sem o que muito dificilmente pode ser exercido.
Quando o amor se expande, o perdão torna-se  natural, pois quando se espalha a afetividade supera qualquer limite imposto pelas convenções e se transforma num oceano de generosidade.
Quando alguém preserva o ressentimento em relação a outrem que não lhe correspondeu à expectativa, crendo-se em postura melhor, supondo-se merecedor de mais especial consideração, na realidade se encontra no mesmo nível, porque a mágoa é escara moral de inferioridade e de presunção...
 A diferença, entre o que perdoa e o que é perdoado é que o primeiro se encontra em patamar superior  de evolução, podendo estar aberto ao retorno do ofensor, sem nenhuma censura ou reprimenda, o que corresponde ao legítimo esquecimento do mal para somente recordar do bem edificante.
O perdão dignifica aquele que o favorece, como necessidade de conceder ao outro o pleno direito de caminhar conforme as próprias possibilidades.
A luz sempre dilui sem alarde a sombra da ignorância, da maldade, da perversidade...
A gratidão a curto prazo logo se faz um verdadeiro automatismo, no receber e no retribuir, no oferecer antes de conseguir, no ato de estar-se livre para a vida.
Quando, ao contrário, espera-se a retribuição, vive-se a síndrome de Peter Pan, mantendo-se interessado em coisas e negando-se ao amadurecimento, à reflexão, à autodoação que dignificam.
A largo prazo, a gratidão irisa-se de sabedoria para enriquecer a sociedade com as bênçãos do conhecimento e do amor, como resultado de um grande esforço para atingir a meta que lhe faculte servir com abnegação e devotamento.
O profissional de qualquer área que aplica largo período da existência preparando-se para adquirir conhecimentos e habilidades específicas para serem aplicadas posteriormente, alcança o patamar da gratidão que ajuda a satisfação pessoal, o progresso dos demais indivíduos e, por extensão, da humanidade.
De maneira pessimista, alguém enunciou que a Terra é um grande hospital, sem perceber que essa conclusão  resulta de uma ótica moral distorcida a respeito da realidade, que é sempre promissora e rica de oportunidades felizes.
Podemos dizer que a Terra é uma escola de bênçãos, onde ocorre o aprimoramento moral e espiritual do ser na direção do estado numinoso que o aguarda.
Esse estado é o nível superior de integração do eixo ego-self alcançando a sua plenitude.
Todo esforço, dirigido para a conquista do padrão de equilíbrio emocional através dos sentimentos edificantes deve ser considerado para o encontro com o si profundo, transmudando as experiências perturbadoras em conquistas relevantes, capazes de alterar toda estrutura do comportamento.
O self traz condições inatas para essa realização, porque vem de conquistas contínuas no longo processo de desenvolvimento das suas possibilidades de realização plena.
Texto trabalhado do livro PSICOLOGIA DA GRATIDÃO, escrito por Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Postado dia 05/07/2014.

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