JESUS
PERANTE AS EMOÇÕES E LIMITAÇOES HUMANAS
Vivenciar aquilo que se diz
faz uma diferença substancial. Pois proporciona identificação e energia ao que
se transmite, estabelecendo uma transferência positiva com o paciente. É que,
no processo terapêutico, mesmo que sejamos excelentes técnicos naquilo que
realizamos, o nosso inconsciente interfere em nosso labor.
Tudo aquilo que não
realizamos em nossa jornada pessoal, o que permanece em conflito na própria
psique do psicoterapeuta, também participa do contexto da sessão, a partir das
relações que, em Psicologia são conhecidas com o nome de transferência e
contratransferência. A respeito disso, Jung considera que o Analista está “em tratamento, na mesma medida em que está o
paciente, e o seu desenvolvimento como pessoa é o que será decisivo, mas que o
seu conhecimento.”
Jesus, por ser “o exemplo do ser integrado, perfeitamente destituído
de um inconsciente perturbador” Joanna de Ângelis no livro Jesus e o Evangelho à luz da Psicologia Profunda, p.29, estabelecia uma perfeita relação com seus “pacientes”.
Os que O buscavam deparavam-se com um ser integral, que conjugava palavra e
ação, pensamento e emoção, numa perfeita identificação com o Pai.
Não se colocava, no entanto,
em condição de Superioridade perante os outros, embora reconhecesse Seu valor
moral e espiritual. Havia, até mesmo, uma força de atração que fazia com que todos
aqueles que desejavam uma sincera mudança Dele se aproximassem, mesmo com o mundo
emocional fragilizado, para que pudessem reconectar-se a si mesmos.
Às vezes, não é tão simples
para os terapeutas lidarem com as emoções humanas, e talvez por isso,
aprendemos nas academias do mundo a manter o distanciamento emocional com o paciente,
sendo mesmo vetado, em alguns códigos de conduta, manter qualquer tipo de
relação com o paciente extraconsultório...
“como se fosse possível dissociar o humano do social, o ser em si mesmo
daquele que desempenha o papel de curador... que deve curar não apenas mediante
os conhecimentos acadêmicos e as substancias de laboratório, mas sobretudo
através do sentimento de humanidade, de compaixão, de solidariedade...”
(Angelis, Em Busca da Verdade, p.48)
Jesus, no entanto, o
Terapeuta por excelência, participava ativamente da dor dos que se Lhe
acercavam, sem que deixasse com isso de propor o medicamento conveniente, a
terapia necessária para o reerguimento moral e espiritual.
Com propriedade lidava com
Suas emoções, permitindo também que aqueles que O buscassem fizessem o mesmo,
deixando que a expressassem profundamente. Proporcionava, portanto, uma
profunda catarse que, por si só, ativava recursos terapêuticos. Milênios depois,
Freud chegaria à conclusão de que a catarse – trazer à consciência pensamentos
e sentimentos reprimidos – seria uma das formas principais de conseguir a cura.
Um dos graves entraves do
processo terapêutico é quando o próprio paciente, de forma consciente ou inconsciente,
boicota o seu tratamento, camuflando ocorrências e conflitos e dificultando a
percepção, por parte do profissional, das verdadeiras raízes dos transtornos.
Jesus, no entanto, como assevera Joanna de Ângelis, no livro, Jesus e Atualidade, p.7, “penetrava com segurança nos refolhos do
indivíduo e descobria as causas reais das aflições que o inconsciente de cada
um procurava escamotear.”
Por isso mesmo, complementa:
“toda a terapêutica proposta por Jesus é libertadora, total e sem recuo.
Ele não se detém à borda do problema, mas identifica-o, despertando o indivíduo
para que não reincida no erro, no comprometimento moral com a consciência, a
fim de que não lhe aconteça algo pior...” (ANGELIS, Jesus e o Evangelho
à luz da Psicologia Profunda, p.53)
Texto escrito por Cláudio
Sinoti, no livro Refletindo a Alma. Postado
dia, 20/07/14.
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