ENCONTRO COM O SELF
Para Jung o Self
é a representação do
“objetivo do homem inteiro,
a saber, a realização de sua totalidade e de sua individualidade, com ou contra
sua vontade. A dinâmica desse processo é o instinto, que vigia para que tudo o
que pertence a uma vida individual figure ali, exatamente, com ou sem a
concordância do sujeito, quer tenha ciência do que acontece, quer não.”
Comandado pelo instinto, o self experimenta
a sua imposição, vivendo um processo de transformação contínuo e engrandecedor
na direção da individuação.
Muitas vezes experimentando
a própria sombra, tem como finalidade primeira auxiliar o ego na sua integração
plena durante a vigência do eixo que os vincula e os influencia reciprocamente.
Apesar da sombra causar
muitos conflitos, em muitas situações ela responde por fatores de alegria, de relacionamentos
felizes, de motivações de vida, apresentando uma face oposta à sua constituição primitiva como
arquétipo.
Na integração da anima com o animus, para conseguir a harmonia, a sombra contribui com parcela
de entendimento das suas finalidades, permitindo a vivencia de ambos sem
perturbação da persona. Resultada da
repressão de muitos sentimentos que não puderam ser vivenciados, emerge do
inconsciente e expressa-se muitas vezes de forma aflingente.
Todos acreditam, que a
função do médico é curar, para isso deve estar sempre preparado, às ordens. Embora,
existam outros fatores que o levam a mudanças dessa estrutura da persona, assumindo também o papel de
esposo e pai, de cidadão e idealista com outras atividades, essa alteração
significa a presença da sombra que emerge do inconsciente onde estão
arquivadas, desde antes da concepção, heranças do inconsciente coletivo.
Numa análise atual, na visão
dos ensinos espiritas, esses arquivos do inconsciente coletivo resultam de
vivencias que o Espirito realizou em reencarnações passadas, trazendo essas
heranças registradas no seu perispírito (na consciência, enquanto as
vivenciando no seu período próprio). Por isso, não estranhe que se tornem rejeições da
consciência, que as mantém estáticas e uniformes, esperando o momento de
poderem expressar-se.
O indivíduo nasce com essas
informações adormecidas, que vão ressumando através dos tempos e tornando-se
conscientes pelo self.
Jung imaginava
o inconsciente como um iceberg, cuja parte visível são apenas 5% do seu volume
(consciência), estando os 95% da sua massa submersos (o inconsciente).
Assim está a consciência no ser humano. O mesmo conceito é o de Freud, quando o
comparou com um oceano, e a
consciência a uma casca de noz sobre
ele.
Os arquivos de todas as
experiências vividas nas sucessivas existências
corporais é imenso, presentes no inconsciente e vão sendo revividas pela
consciência, nos momentos dos grandes sofrimentos, nos estados alterados (de
consciência), durante os estágios oníricos, quando são liberados
automaticamente, permitindo que o Espírito volte a vivenciá-los.
Dado esse grande armazém presente
no inconsciente e que pode flutuar na consciência, muitos conflitos e complexos
da personalidade tomam corpo, levando as pessoas a transtornos vários.
Quantos pacientes vivem
resignados na miséria, confiantes na escassez, nobres e honestos nas situações
mais lamentáveis da vida socioeconômica em que se encontram!
Nessa situação eles continuam
exercendo os caracteres morais da vida anterior, quando se viviam em posição importante,
no poder, no conforto, na dignidade, e hoje vivenciam o contrário, contribuindo
com o self harmônico, com o
ego nele integrado, formando a unidade.
Também há os soberbos e malcriados na pobreza, agressivos e raivosos,
ostentando recursos que não tem, (re) vivendo situações anteriores que não foram
dignamente cumpridas, e voltaram ao palco terrestre em provas e expiações
rigorosas. Tal ocorre para que possam valorizar as oportunidades existenciais,
especialmente os desafios ou provações da riqueza, do poder, da beleza, das
situações invejáveis que muita vezes se transformam em sítios de escravidão
para os quais o self retorna quando
sob as recordações inconscientes.
Os complexos de
inferioridade ou de superioridade em que se encontra grande número de pessoas,
que não conseguindo disfarçar as magoas da situação em que se encontram, projetam
o que se demora no inconsciente, na difícil condição em que se encontram no
mundo, vindas de condutas de vidas passadas que não souberam utilizar ou
aplicaram de forma ignominiosa.
Tais pessoas – condutoras
do complexo de inferioridade – são rudes, ingratas, exigentes, comprazendo-se
em humilhar os subalternos e auxiliares, mantendo-se dominadoras e
inacessíveis... outras – portadoras de
complexo de superioridade – nem conseguem o convívio saudável no grupo familiar
e social em que se encontram, sem conseguir esconder o conflito que as maltrata...
Essas importantes heranças
de vidas passadas são mais comuns do que se pensa, consumindo as suas vítimas,
aquelas que as guardam e conservam.
Cabe ao self diluir essas construções fortes registradas na persona pelo inconsciente pessoal desde
que a psique passou a animar a matéria na concepção fetal.
Manter condutas
saudáveis com disciplina da sombra, que é instrumento de execução dessas
frustrações do processo evolutivo, é inevitável e de rápida aplicação.
Pelo exercício da reflexão é possível
ao self constatar o que é e como
se conduz, esforçando-se por alterar as emissões mentais para outras condutas
mais equilibradas, em padrões de saúde que traz relacionamentos construtivos e
compensadores.
Conservando a postura
das imagens reprimidas no inconsciente, esses pacientes nem percebem quanto
devem à vida, tornando-se ingratos e
reacionários, quando, com uma mudança de atitude adquirida pela analise que possibilita
identificar as mazelas, poderá começar a
bendizer a vida, por ascender na escala dos valores, por vencer o orgulho,
passando a agradecer a oportunidade de crescimento real para a felicidade.
É com esse esforço
que o ego se integrará no self, sem perder os seus valores de alto significado.
Texto trabalhado do livro PSICOLOGIA DA GRATIDÃO, escrito por
Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Postado no dia, 18/07/2014.
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