sexta-feira, 18 de julho de 2014


ENCONTRO COM O SELF
Para Jung o Self é a representação do

“objetivo do homem inteiro, a saber, a realização de sua totalidade e de sua individualidade, com ou contra sua vontade. A dinâmica desse processo é o instinto, que vigia para que tudo o que pertence a uma vida individual figure ali, exatamente, com ou sem a concordância do sujeito, quer tenha ciência do que acontece, quer não.”
Comandado pelo instinto, o self experimenta a sua imposição, vivendo um processo de transformação contínuo e engrandecedor na direção da individuação.
Muitas vezes experimentando a própria sombra, tem como finalidade primeira auxiliar o ego na sua integração plena durante a vigência do eixo que os vincula e os influencia reciprocamente.
Apesar da sombra causar muitos conflitos,   em muitas situações ela responde por  fatores de alegria, de relacionamentos felizes, de motivações de vida, apresentando uma  face oposta à sua constituição primitiva como arquétipo.
Na integração da anima com o animus, para conseguir a harmonia, a sombra contribui com parcela de entendimento das suas finalidades, permitindo a vivencia de ambos sem perturbação da persona. Resultada da repressão de muitos sentimentos que não puderam ser vivenciados, emerge do inconsciente e expressa-se muitas vezes de forma aflingente.
Todos acreditam, que a função do médico é curar, para isso deve estar sempre preparado, às ordens. Embora, existam outros fatores que o levam a mudanças dessa estrutura da persona, assumindo também o papel de esposo e pai, de cidadão e idealista com outras atividades, essa alteração significa a presença da sombra que emerge do inconsciente onde estão arquivadas, desde antes da concepção, heranças do inconsciente coletivo.
Numa análise atual, na visão dos ensinos espiritas, esses arquivos do inconsciente coletivo resultam de vivencias que o Espirito realizou em reencarnações passadas, trazendo essas heranças registradas no seu perispírito (na consciência, enquanto as vivenciando no seu período próprio). Por isso, não  estranhe que se tornem rejeições da consciência, que as mantém estáticas e uniformes, esperando o momento de poderem expressar-se.
O indivíduo nasce com essas informações adormecidas, que vão ressumando através dos tempos e tornando-se conscientes pelo self.
Jung imaginava o inconsciente como um iceberg, cuja parte visível são apenas 5% do seu volume (consciência), estando os 95% da sua massa submersos (o inconsciente). Assim está a consciência no ser humano. O mesmo conceito é o de Freud, quando o comparou com um oceano, e a consciência a uma casca de noz sobre ele.
Os arquivos de todas as experiências  vividas nas sucessivas existências corporais é imenso, presentes no inconsciente e vão sendo revividas pela consciência, nos momentos dos grandes  sofrimentos, nos estados alterados (de consciência), durante os estágios oníricos, quando são liberados automaticamente, permitindo que o Espírito volte a vivenciá-los.
Dado esse grande armazém presente no inconsciente e que pode flutuar na consciência, muitos conflitos e complexos da personalidade tomam corpo, levando as pessoas a transtornos vários.
Quantos pacientes vivem resignados na miséria, confiantes na escassez, nobres e honestos nas situações mais lamentáveis da vida socioeconômica em que se encontram!
Nessa situação eles continuam exercendo os caracteres morais da vida anterior, quando se viviam em posição importante, no poder, no conforto, na dignidade, e hoje vivenciam o contrário, contribuindo com o self harmônico, com o ego nele integrado, formando a unidade.
Também há os soberbos e malcriados na pobreza, agressivos e raivosos, ostentando recursos que não tem, (re) vivendo situações anteriores que não foram dignamente cumpridas, e voltaram ao palco terrestre em provas e expiações rigorosas. Tal ocorre para que possam valorizar as oportunidades existenciais, especialmente os desafios ou provações da riqueza, do poder, da beleza, das situações invejáveis que muita vezes se transformam em sítios de escravidão para os quais o self retorna quando sob as  recordações inconscientes.
Os complexos de inferioridade ou de superioridade em que se encontra grande número de pessoas, que não conseguindo disfarçar as magoas da situação em que se encontram, projetam o que se demora no inconsciente, na difícil condição em que se encontram no mundo, vindas de condutas de vidas passadas que não souberam utilizar ou aplicaram de forma ignominiosa.
Tais pessoas – condutoras do complexo de inferioridade – são rudes, ingratas, exigentes, comprazendo-se em humilhar os subalternos e auxiliares, mantendo-se dominadoras e inacessíveis...  outras – portadoras de complexo de superioridade – nem conseguem o convívio saudável no grupo familiar e social em que se encontram, sem conseguir esconder o conflito que as maltrata...
Essas importantes heranças de vidas passadas são mais comuns do que se pensa, consumindo as suas vítimas, aquelas que as guardam e conservam.
Cabe ao self diluir essas construções fortes registradas na persona pelo inconsciente pessoal desde que a psique passou a animar a matéria na concepção fetal.
Manter condutas saudáveis com disciplina da sombra, que é instrumento de execução dessas frustrações do processo evolutivo, é inevitável e de rápida aplicação.
Pelo exercício da reflexão é possível ao self constatar o que é e como se conduz, esforçando-se por alterar as emissões mentais para outras condutas mais equilibradas, em padrões de saúde que traz relacionamentos construtivos e compensadores.
Conservando a postura das imagens reprimidas no inconsciente, esses pacientes nem percebem quanto devem  à vida, tornando-se ingratos e reacionários, quando, com uma mudança de atitude adquirida pela analise que possibilita  identificar as mazelas, poderá começar a bendizer a vida, por ascender na escala dos valores, por vencer o orgulho, passando a agradecer a oportunidade de crescimento real para a felicidade.
É com esse esforço que o ego se integrará no self, sem perder os seus valores de alto significado.
Texto trabalhado do livro PSICOLOGIA DA GRATIDÃO, escrito por Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Postado no dia, 18/07/2014.

Nenhum comentário: