IDENTIFICANDO O INCONSCIENTE
Essa
abordagem sobre o inconsciente, refere-se ao coletivo e não ao individual, onde
se encontram os mais antigos arquétipos e se sediam emoções, como o medo, a
angústia, a ansiedade, a vida e a morte...
Encontra-se
nas camadas mais profundas da psique, sendo os arquivos mais importantes e
duradouros que temos notícias.
Abarcando
o conhecimento dos acontecimentos passados, é responsável por muitos conflitos
que assaltam a criatura humana, revelando-se, principalmente, nos sonhos
repetitivos, simbólicos e representativos de figuras de fatos mitológicos, cuja
interpretação, além de complexa, torna-se grande desafio.
A
psicologia analítica, através do seu fundador, nele deposita a existência dos
arquétipos, especialmente do Self,
anima-us, ego, persona, psicoide, sendo, realmente desconhecido, tendo
também caráter de um constructo energético
não localizado, sendo, uma hipótese, pela grande
dificuldade de demonstrá-lo de forma concreta...
O conceito
do inconsciente, nessa significação, é muito antigo, do ponto de vista
filosófico desde Plotino, passando por Platão, na antiguidade, e continuando
com Leibnitz, Goethe e outros pensadores de ontem como de hoje.
A
sua observação não pode ser feita de forma objetiva, mas penetrada nas suas
estruturas, psiquicamente, aí se lhe detecta o essencial. Não pode ser
constatado, e sim aceito por conclusão, nem
também pode ser negado.
A
sua concepção por Jung, resultou da lógica de que existindo uma
consciência, haveria, por efeito, um inconsciente como um satélite
girando em torno de um foco central...
Sendo
ele o responsável pelas imposições sobre a consciência, quase comandando-a, dando
lugar à existência dos arquétipos, que são as suas seguras manifestações.
Enquanto a consciência é apenas uma pequena parte da realidade, ele é a quase
totalidade na orientação do ser humano.
Numa
analise moderna, tendo por base os conceitos reencarnacionista, afirma-se
que essas fixações, que fazem parte dos tempos passados, também resultam de
experiências que foram vividas pelo Self,
nas épocas e situações, nos povos e culturas que tem arquivados e
periodicamente expressa.
Como
o Self tem sua realidade além do
tempo, é mortal no corpo e imortal após ou antes do corpo, preserva os acontecimentos em que esteve
envolvido, conservando uma camada de esquecimento em cada renascimento, no entanto, trazendo possibilidades
libertadoras das impressões mais fortes, que nele se apresentam como conflitos
e perplexidades, distúrbios de conduta, estados fóbicos, afetividade,
idealismo, significação...
Nas psicoterapias
de regressão de memória a vidas passadas, por exemplo, faz-se presente esses
arquivos das vivencias perturbadoras, fatos que causaram traumas e sofrimentos
que, depois da catarse e do diálogo saudável entre paciente e especialista, se
diluem, libertando a consciência do causador do desequilíbrio. O inverso também
é verdadeiro, porque o arquivo, em si, é neutro. Há gráficos edificantes,
realizações enobrecedoras que ficaram interrompidas pela morte, anseios não
realizados, importantes para o ser e sua realidade.
Essas
imagens primordiais, conforme as
denominou Jung no inicio de suas investigações, tem grande força de expressão,
porque umas são lembranças doloridas recalcadas não permitidas de
manifestar-se, por atentar contra os valores éticos aceitos, naquele tempo dando lugar
a inquietações e sofrimentos. Outras são também imperiosas pelas propostas de
dignificação e de ações que constroem o bem interior e ajudam no
desenvolvimento da comunidade humana.
No
conceito reencarnacionista e todo o seu conteúdo de lembranças arquivadas, mas
não mortas, a existência atual de cada indivíduo é sempre a soma daquelas
vivências que necessitam de liberação.
Muitas
resurgem como tendências e aptidões guiando o Self e o ego, que também
lhes sofrem as influências, conforme a natureza de cada fato que representam.
Nos
sonhos, e através de imaginação ativa, consegue-se encontrar os símbolos
representativos que, em se tornando conscientes, liberam o indivíduo da sua
incidência e da ação morbosa da representação onírica portadora de conflitos.
Vejamos
a questão da homossexualidade, que se enraíza em múltiplas vivências do Self, ora num ou noutro corpo
anatomicamente masculino ou feminino, preservando as emoções de um como e de
outro equipamento.
A culpa,
o pavor, a timidez, que têm raízes próximas a partir da vida intrauterina –
consciente individual – se originam, quase sempre, em atitudes indignas que
foram praticadas em vidas passadas, sendo ignoradas por todas as pessoas menos
por seu autor, que os transferiu, na condição de conflito, de uma para outra
existência corporal.
As
tendências para o bem, o bom, o belo, o santo, em pessoas de procedência
humílima, nascidas em situações deploráveis, com ascendentes genéticos incapazes de produzir seres bem equipados para
a vida, apresentando gênios, heróis e missionários de vários tipos, que se
tornam promotores da humanidade por seus exemplos, sua dedicação ao ideal que abraçam,
seus sacrifícios homéricos em clima de felicidade merecem reflexões mais profundas.
A
proposta da reencarnação torna-se, pelo menos, uma possibilidade a considerar, como
ocorre nos fenômenos da simpatia, da antipatia, em muitos casos de
sincronicidade, de premonição, nos sonhos proféticos...
Considerando
os indivíduos belicosos, descendentes de famílias pacíficas, como os
privilegiados pela capacidade de adquirir e multiplicar conhecimentos,
habilidades, expressões de sabedoria e de arte, de tecnologia e de pensamento, tendo
antecedentes broncos, senão incapazes
alguns e teremos evidencias de vida-antes-da-vida...
Estudemos
em comparação sincrônica as vidas de Alexandre Magno, Júlio Cesar, Napoleão
Bonaparte, e vamos encontrar o mesmo Self
ambicioso, conquistador, inquieto, modificando as estruturas geográficas e
históricas da Humanidade.
Examinemos
também as vidas de Hipócrates, de Paracelso e de Samuel Hahnemann na luta
sacrificial em favor da saúde e se poderá encontrar o Self missionário, trabalhando a ciência médica, modernizando o conhecimento
num processo progressista, com destino de abnegação e serviço proporcionadores
do equilíbrio psicofísico e do bem-estar. Graças as suas contribuições as
doenças passaram a merecer cuidados e providências curativas, tornando a
existência mais apetecível e menos sofrida.
Há
um encadeamento intérmino em todos os fenômenos da Natureza, desde a formação
das primeiras moléculas, suas aglutinações e complexidades até a transcendência
do ser, da vida, de todas as ocorrências.
Vê o
caos como caos não é correto, por nele haver algum tipo de ordem, de
determinismo, de programação...
O
ser humano é imanente e é transcendente.
À
medida que o seu superconsciente mantém as ainda não detectadas possibilidades
de sintonia com o divino, registrando o psiquismo da vida, o inconsciente
individual preserva as experiências atuais, e o coletivo
arquiva as lembranças de todas as vivencias pretéritas.
Meditação,
prática yoga, leituras edificantes com suas
fixações e reflexões, oração bem-direcionada e frequente são mecanismos
seguros de penetração no inconsciente, diluindo aí impressões
infelizes, estimulando recordações honoráveis, enquanto se abrem as comportas
do superconsciente para captar as forças sublimes da Paternidade divina.
Com certeza,
vive-se mais sob os fenômenos automáticos, das imposições do inconsciente,
em pela necessidade de liberação dos fatores de perturbação, que precisam da
catarse libertadora, a benefício da lucidez e plenitude do Self, da aceitação da sombra, da harmonia do anima-us,
em direção da felicidade.
Afirmava
Sêneca: O sofrimento faz mal, mas não é
um mal.
A
existência do sofrimento encontra-se nas ações inescrupulosas praticadas pelo
Espírito, dando lugar à culpa e, por consequência, aos efeitos morais dela
defluentes, nos atentados aos códigos de harmonia que vigem no universo.
Na
impossibilidade de se evitar o mal, porque é um efeito, por não se poder
retroceder no tempo, para impedir-lhe a causa, tem-se, pelo menos, o dever de
utilizar-lhe a ocorrência em proveito da aprendizagem pessoal, a fim de
mudar-se o comportamento, de escolher o melhor método para a produção da
harmonia e do bem-estar, da felicidade a que se aspira.
Todos
querem e lutam para a conquista da felicidade, quase desconhecida pelo inconsciente,
mesmo quando se impondo sofrimentos na expectativa das sensações posteriores
que representam alegria e serenidade. Nessa visão, a felicidade tem um aspecto
masoquista que deve ser evitado, porque o prazer não pode estruturar-se primeiro, no desconforto como propiciatório àquela.
Em
sânscrito, existe a palavra sukha, tendo
como significado um estado de harmonia, de nirvana,
que liberta da ignorância da verdade, abrindo espaço para a sabedoria, para
o entendimento das leis geradoras de equilíbrio e de plenitude.
Enquanto
o
inconsciente continuar ignorado pelo ego, que se atribua a capacidade de impor-se ao Self, na tormentosa ambição do poder e
do prazer, serão liberadas impressões destrutivas, porque tormentosas,
insustentáveis.
Primordial
para a saúde é a penetração do ser consciente nos arquivos do inconsciente,
equipado, de entendimento e de valor
moral, a fim de autoenfrentar-se, não permitindo o surgimento de conflitos por
descobrir-se como realmente se é e não conforme se pensa ou se projeta para o
mundo exterior.
A
psicologia espirita, utilizando o paradigma da imortalidade para explicar o ser
real e todas as suas mazelas e grandezas, propõe o esforço bem-direcionado pelo
bem-fazer, pelo fazer-se bem, na utilização do amor, da compaixão, da
benevolência em relação a todos e a si mesmo, que são recursos importantes para
a integração do eixo ego-Self, a
conquista de sukha.
Não
se trata aqui de fazer o bem para ganhar o céu, ou de praticar a caridade para conseguir
a salvação.
Céu e salvação encontram-se presentes no ato
de fazer o melhor em favor de si mesmo e do seu próximo, isto porque, a
satisfação com que se administram valores de bondade, de ternura,
distribuindo-se alegria e generosidade, já constitui a almejada felicidade.
Feliz,
portanto, é todo aquele que reparte com prazer, multiplicando os talentos com que foi enriquecido pelo
Senhor da Vida, despertando da sonolência para voltar para casa, retornando do país
longínquo, mesmo que destroçado, abrindo-se à aceitação do amor do Pai,
sempre generoso, e do irmão mais velho, que
se encontra no inconsciente em forma de mágoas e reservas, desconfianças e
insatisfações em relação ao herói de
volta.
Desse
modo, liberar o irmão mais velho do
ressentimento e da insegurança que lhe são habituais em relação aos propósitos
do outro filho de seu pai, que
somente agora descobriu a ventura e está trabalhando para anular o passado –
sublimar as lembranças do inconsciente – transferindo-o para a consciência e
avançando na direção do superconsciente, onde foram
depositados os talentos que se estão
multiplicando.
Texto
trabalhado com base no livro EM BUSCA DA
VERDADE, escrito por Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de
Ângelis.
Postado
no dia 10/07/2014.
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