quinta-feira, 10 de julho de 2014


IDENTIFICANDO O INCONSCIENTE
Essa abordagem sobre o inconsciente, refere-se ao coletivo e não ao individual, onde se encontram os mais antigos arquétipos e se sediam emoções, como o medo, a angústia, a ansiedade, a vida e a morte...
Encontra-se nas camadas mais profundas da psique, sendo os arquivos mais importantes e duradouros que temos notícias.
Abarcando o conhecimento dos acontecimentos passados, é responsável por muitos conflitos que assaltam a criatura humana, revelando-se, principalmente, nos sonhos repetitivos, simbólicos e representativos de figuras de fatos mitológicos, cuja interpretação, além de complexa, torna-se grande desafio.
A psicologia analítica, através do seu fundador, nele deposita a existência dos arquétipos, especialmente do Self, anima-us, ego, persona, psicoide, sendo, realmente desconhecido, tendo também caráter de um constructo energético não localizado, sendo, uma hipótese, pela grande dificuldade de demonstrá-lo de forma concreta...
O conceito do inconsciente, nessa significação, é muito antigo, do ponto de vista filosófico desde Plotino, passando por Platão, na antiguidade, e continuando com Leibnitz, Goethe e outros pensadores de ontem como de hoje.
A sua observação não pode ser feita de forma objetiva, mas penetrada nas suas estruturas, psiquicamente, aí se lhe detecta o essencial. Não pode ser constatado, e sim aceito por conclusão,  nem também pode ser negado.
A sua concepção por Jung, resultou da lógica de que existindo uma consciência, haveria, por efeito, um inconsciente como um satélite girando em torno de um foco central...
Sendo ele o responsável pelas imposições sobre a consciência, quase comandando-a, dando lugar à existência dos arquétipos, que são as suas seguras manifestações. Enquanto a consciência é apenas uma pequena parte da realidade, ele é a quase totalidade na orientação do ser humano.
Numa analise moderna, tendo por base os conceitos reencarnacionista, afirma-se que essas fixações, que fazem parte dos tempos passados, também resultam de experiências que foram vividas pelo Self, nas épocas e situações, nos povos e culturas que tem arquivados e periodicamente expressa.
Como o Self tem sua realidade além do tempo, é mortal no corpo e imortal após ou antes do corpo,  preserva os acontecimentos em que esteve envolvido, conservando uma camada de esquecimento em cada renascimento,  no entanto, trazendo possibilidades libertadoras das impressões mais fortes, que nele se apresentam como conflitos e perplexidades, distúrbios de conduta, estados fóbicos, afetividade, idealismo, significação...
Nas psicoterapias de regressão de memória a vidas passadas, por exemplo, faz-se presente esses arquivos das vivencias perturbadoras, fatos que causaram traumas e sofrimentos que, depois da catarse e do diálogo saudável entre paciente e especialista, se diluem, libertando a consciência do causador do desequilíbrio. O inverso também é verdadeiro, porque o arquivo, em si, é neutro. Há gráficos edificantes, realizações enobrecedoras que ficaram interrompidas pela morte, anseios não realizados, importantes para o ser e sua realidade.
Essas imagens primordiais, conforme as denominou Jung no inicio de suas investigações, tem grande força de expressão, porque umas são lembranças doloridas recalcadas não permitidas de manifestar-se, por atentar contra os valores éticos aceitos, naquele tempo dando lugar a inquietações e sofrimentos. Outras são também imperiosas pelas propostas de dignificação e de ações que constroem o bem interior e ajudam no desenvolvimento da comunidade humana.
No conceito reencarnacionista e todo o seu conteúdo de lembranças arquivadas, mas não mortas, a existência atual de cada indivíduo é sempre a soma daquelas vivências que necessitam de liberação.
Muitas resurgem como tendências e aptidões guiando o Self e o ego, que também lhes sofrem as influências, conforme a natureza de cada fato que representam.
Nos sonhos, e através de imaginação ativa, consegue-se encontrar os símbolos representativos que, em se tornando conscientes, liberam o indivíduo da sua incidência e da ação morbosa da representação onírica portadora de conflitos.
Vejamos a questão da homossexualidade, que se enraíza em múltiplas vivências do Self, ora num ou noutro corpo anatomicamente masculino ou feminino, preservando as emoções de um como e de outro equipamento.
A culpa, o pavor, a timidez, que têm raízes próximas a partir da vida intrauterina – consciente individual – se originam, quase sempre, em atitudes indignas que foram praticadas em vidas passadas, sendo ignoradas por todas as pessoas menos por seu autor, que os transferiu, na condição de conflito, de uma para outra existência corporal.
As tendências para o bem, o bom, o belo, o santo, em pessoas de procedência humílima, nascidas em situações deploráveis, com ascendentes genéticos  incapazes de produzir seres bem equipados para a vida, apresentando gênios, heróis e missionários de vários tipos, que se tornam promotores da humanidade por seus exemplos, sua dedicação ao ideal que abraçam, seus sacrifícios homéricos em clima de felicidade merecem reflexões mais profundas.
A proposta da reencarnação torna-se, pelo menos, uma possibilidade a considerar, como ocorre nos fenômenos da simpatia, da antipatia, em muitos casos de sincronicidade, de premonição, nos sonhos proféticos...
Considerando os indivíduos belicosos, descendentes de famílias pacíficas, como os privilegiados pela capacidade de adquirir e multiplicar conhecimentos, habilidades, expressões de sabedoria e de arte, de tecnologia e de pensamento, tendo antecedentes  broncos, senão incapazes alguns e teremos evidencias de vida-antes-da-vida...
Estudemos em comparação sincrônica as vidas de Alexandre Magno, Júlio Cesar, Napoleão Bonaparte, e vamos encontrar o mesmo Self ambicioso, conquistador, inquieto, modificando as estruturas geográficas e históricas da Humanidade.
Examinemos também as vidas de Hipócrates, de Paracelso e de Samuel Hahnemann na luta sacrificial em favor da saúde e se poderá encontrar o Self missionário, trabalhando a ciência médica, modernizando o conhecimento num processo progressista, com destino de abnegação e serviço proporcionadores do equilíbrio psicofísico e do bem-estar. Graças as suas contribuições as doenças passaram a merecer cuidados e providências curativas, tornando a existência mais apetecível e menos sofrida.
Há um encadeamento intérmino em todos os fenômenos da Natureza, desde a formação das primeiras moléculas, suas aglutinações e complexidades até a transcendência do ser, da vida, de todas as ocorrências.
Vê o caos como caos não é correto, por nele haver algum tipo de ordem, de determinismo, de programação...
O ser humano é imanente e é transcendente.
À medida que o seu superconsciente mantém as ainda não detectadas possibilidades de sintonia com o divino, registrando o psiquismo da vida, o inconsciente individual preserva as experiências atuais, e o coletivo arquiva as lembranças de todas as vivencias pretéritas.
Meditação, prática yoga, leituras edificantes com  suas fixações e reflexões, oração bem-direcionada e frequente são mecanismos seguros de penetração no inconsciente, diluindo aí impressões infelizes, estimulando recordações honoráveis, enquanto se abrem as comportas do superconsciente para captar as forças sublimes da Paternidade divina.
Com certeza, vive-se mais sob os fenômenos automáticos, das imposições do inconsciente, em pela necessidade de liberação dos fatores de perturbação, que precisam da catarse libertadora, a benefício da lucidez e plenitude do Self, da aceitação da sombra, da harmonia do anima-us,  em direção da felicidade.
Afirmava Sêneca: O sofrimento faz mal, mas não é um mal.
A existência do sofrimento encontra-se nas ações inescrupulosas praticadas pelo Espírito, dando lugar à culpa e, por consequência, aos efeitos morais dela defluentes, nos atentados aos códigos de harmonia que vigem no universo.
Na impossibilidade de se evitar o mal, porque é um efeito, por não se poder retroceder no tempo, para impedir-lhe a causa, tem-se, pelo menos, o dever de utilizar-lhe a ocorrência em proveito da aprendizagem pessoal, a fim de mudar-se o comportamento, de escolher o melhor método para a produção da harmonia e do bem-estar, da felicidade a que se aspira.
Todos querem e lutam para a conquista da felicidade, quase desconhecida pelo inconsciente, mesmo quando se impondo sofrimentos na expectativa das sensações posteriores que representam alegria e serenidade. Nessa visão, a felicidade tem um aspecto masoquista que deve ser evitado, porque o prazer não pode estruturar-se primeiro, no desconforto como propiciatório àquela.
Em sânscrito, existe a palavra sukha, tendo como significado um estado de harmonia, de nirvana, que liberta da ignorância da verdade, abrindo espaço para a sabedoria, para o entendimento das leis geradoras de equilíbrio e de plenitude.
Enquanto o inconsciente continuar ignorado pelo ego, que se atribua a capacidade de impor-se ao Self, na tormentosa ambição do poder e do prazer, serão liberadas impressões destrutivas, porque tormentosas, insustentáveis.
Primordial para a saúde é a penetração do ser consciente nos arquivos do inconsciente, equipado,  de entendimento e de valor moral, a fim de autoenfrentar-se, não permitindo o surgimento de conflitos por descobrir-se como realmente se é e não conforme se pensa ou se projeta para o mundo exterior.
A psicologia espirita, utilizando o paradigma da imortalidade para explicar o ser real e todas as suas mazelas e grandezas, propõe o esforço bem-direcionado pelo bem-fazer, pelo fazer-se bem, na utilização do amor, da compaixão, da benevolência em relação a todos e a si mesmo, que são recursos importantes para a integração do eixo ego-Self, a conquista de sukha.
Não se trata aqui de fazer o bem para ganhar o céu, ou de praticar a caridade para conseguir a salvação. 
Céu e salvação encontram-se presentes no ato de fazer o melhor em favor de si mesmo e do seu próximo, isto porque, a satisfação com que se administram valores de bondade, de ternura, distribuindo-se alegria e generosidade, já constitui a almejada felicidade.
Feliz, portanto, é todo aquele que reparte com prazer, multiplicando os talentos com que foi enriquecido pelo Senhor da Vida, despertando da sonolência para voltar para casa, retornando do país longínquo, mesmo que destroçado, abrindo-se à aceitação do amor do Pai, sempre generoso, e do irmão mais velho, que se encontra no inconsciente em forma de mágoas e reservas, desconfianças e insatisfações em relação ao herói de volta.
Desse modo, liberar o irmão mais velho do ressentimento e da insegurança que lhe são habituais em relação aos propósitos do outro filho de seu pai, que somente agora descobriu a ventura e está trabalhando para anular o passado – sublimar as lembranças do inconsciente – transferindo-o para a consciência e avançando na direção do superconsciente, onde foram depositados os talentos que se estão multiplicando.

Texto trabalhado com base no livro EM BUSCA DA VERDADE, escrito por Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

Postado no dia 10/07/2014.

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