A
VIDA HARMÔNICA
Alguns biólogos definem
a vida como um fenômeno que anima a
matéria.
A vida humana vai da fecundação
até a desencarnação, desde que o Espirito toma a matéria e a abandona, caracterizando-se
pela presença da energia pensante.
A vida estua em toda parte,
tanto no campo da estrutura molecular como naquele que se expressa em outra
dimensão, a espiritual.
Mas a vida humana é a
transitória existência corporal, através da qual ocorrem os mecanismos da
evolução física, psíquica, emocional e espiritual, seguindo a fatalidade da
perfeição relativa que é o destino de todos.
A morte, no ser humano, é a
cessação dos fenômenos orgânicos, a degeneração do tronco encefálico, abrindo
espaço à desencarnação, a liberação total do Espirito em relação à estrutura
material. Nem sempre morrer é desencarnar, considerando-se que há um expressivo
numero, que se mantêm apegado aos despojos matérias,
após a morte, na expectativa de trazê-los de volta à vitalidade.
Vivenciando uma existência
sensualista, marcada pelo egoísmo e pelas suas expressões mais vis, o
acontecimento que produz a morte orgânica não libera o princípio inteligente da vestidura que lhe facultou o gozo e as
sensações exorbitantes. Fixados nos equipamentos de que se utilizou, o fenômeno
mortis não proporciona de imediato a
identificação da mudança de plano vibratório em que se encontra, em razão da
continuidade das percepções orgânicas, apresentando-se como impressões
vigorosas que transmitem a ideia de que nada se modificou. Lentamente, porém, à
medida que ocorre a transformação e a desintegração dos despojos, o ser real é
assaltado pelo pavor e aturde-se na ignorância em que se manteve com referencia
à realidade além do campo sensorial. Essa perturbação prolonga-se por tempo
indeterminado, variando de um para outro indivíduo, conforme o nível de
consciência que lhe é próprio. O Self em
reestruturação após o desenlace dos equipamentos celulares, das combinações
químicas eletro eletrônicas do cérebro, continua dominado pelo imperativo do ego que o manteve prisioneiro na sombra das paixões servis, dando a falsa
impressão de que tudo continua da mesma forma, apesar do acontecido...
Quando se viveu nos padrões
éticos estabelecidos, mantendo-se respeito pela existência, utilizando-se de
forma sóbria a roupagem carnal, edificante e construtiva, vive-se, desde cedo,
um natural desapego pela mesma, como consequência da visão espiritualista que
se possui da vida. Tendo-se em mente que tudo no mundo físico é passageiro, e
que o corpo é apenas um instrumento para a evolução, ama-se a organização
material, consciente, da sua relatividade, da sua destrutibilidade pela morte.
Os fenômenos biológicos são
recursos preciosos para que o Espírito adquira a consciência de Si-mesmo ampliando a sua capacidade de
entendimento intelecto-moral das coisas e da realidade em que se encontra.
Tendo como objetivos imediatos a saúde e o bem-estar, opera em todas as
circunstancias para evitar comprometimento desequilibrante, dando-se conta de
que a sua felicidade está vinculada aos fatores ambientais e humanos, que
também devem participar do mesmo empreendimento ditoso.
Para que o tentame seja
alcançado, o Self identifica os alvos
estabelecidos, esforçando-se para harmonizar os arquétipos perturbadores e
desenvolver as faculdades que se lhe encontram em germe, em estado de
adormecimento. Trata-se do esforço pelo autodescobrimento, pela autoiluminação,
pela superação das heranças ancestrais geradoras de inquietação e sofrimento.
Como o sofrimento está
presente em todas as fases do desenvolvimento do ser, por tratar-se de um
fenômeno natural, hora por desgaste biológico, ora por ocasionar o sofrimento do sofrimento, outras vezes por
impermanência, impõe-se a atitude
estoica de aceitá-lo jovialmente como processo de percurso inevitável, do qual
resultam muitas conquistas, como o amadurecimento psicológico, a visão da
solidariedade com relação aos seres sencientes – vegetais, animais e humanos –
em cujo grupo se encontra.
A consciência da
transitoriedade da matéria traz ao Self a
escolha das atividades edificantes, aquelas que não geram culpa nem
arrependimento, propiciando a vida harmônica em identificação ideal com tudo e
com todos.
É grande o esforço a ser
desenvolvido. Mas, a pérola que reflete a luz das estrelas é arrancada dos
abismos em que se desenvolve no molusco que a retém como mecanismo de
autodefesa, ou como a estátua de rara beleza que estava oculta na pedra
grosseira ou no metal sujo e informe...
A existência humana é um
desafio gigantesco no processo ontológico da evolução. Por mais se queira,
ninguém evita os impositivos em que se expressa. Por isso, o pensamento ético estabeleceu
diretrizes de segurança para que sejam atingidos os objetivos da saúde e da
tranquilidade, do bem-estar e da alegria de viver.
Aprofundando a sonda na
complexidade do ser humano, a psicologia analítica traz valiosos recursos para
a autoidentificação, para a descoberta dos limites das possibilidades
inimaginadas, para a construção da plenitude, libertando o paciente dos grilhões
retentivos na ignorância, na enfermidade, nos transtornos de comportamento...
Quando o individuo puder
olhar-se com serenidade, sem culpa nascida no passado, sem saudades dele ou
ansiedades pelo futuro, na expectativa da vir-a-ser,
apesar dos conflitos que lhe permaneçam, terá conseguido avançar
decisivamente para a autorrealização, para uma vida harmônica. Essa conquista
não impede a luta contínua, porque a evolução não tem limite, e quanto mais se
adquira conhecimento mais se ampliam os horizontes do saber e as questões em
torno do existir, do Cosmo, da vida em si mesma.
Para o êxito, a autoterapia
do amor e do sentimento de dever contribui para a continuação do esforço de
crescimento interior, de realização enobrecida, de harmonia, alcançando no
estado numinoso.
O ser numinoso exala equilíbrio, segurança,
autoconquista. Transforma-se em um polo de atração que beneficia todos que se
lhe acercam, porque a sua exteriorização é benéfica e enriquecedora.
Como o indivíduo voluptuoso,
vulgar, insensato, mesmo que se apresentando bem-vestido e com a persona bem trabalhada, cuidadosamente
maquilada para a vida social, exterioriza o bafio pestilencial do seu estado
interior. Basta uma aproximação, um contato, para que se sinta o perigo do
contágio da sua condição moral e espiritual. Logo ocorre uma falta de empatia
entre aquele que é saudável e o enfermo, produzindo fenômenos psicológicos de
antipatia e distanciamento.
Cada qual é o que cultiva interiormente, suas aspirações e
pensamentos, seus cuidados ou desastres emocionais, não podendo ocultá-los de
forma que psiquicamente não se manifestem.
Pode-se inferir que as
existências passadas colocaram o seu selo representativo da conduta que cada um
se permitiu.
Ouve-se dizer que os
discípulos de determinados mestres iogues asserenam-se junto deles, mesmo sem
qualquer verbalização... O mesmo ocorre em relação aos pacientes e seus
médicos, enfermeiros ou assistentes, sendo generalizada a ocorrência com às
pessoas de sentimentos elevados que produzem alegria e geram harmonia a sua
volta.
Da mesma forma, os de
temperamentos rebeldes, instáveis, comportamentos doentios, sentimentos avaros
e mesquinhos, turbulentos e perversos, identificam-se facilmente, mesmo que o não
queiram, sem qualquer manifestação exterior.
O ser psíquico-moral é o
verdadeiro indivíduo.
A psicoterapia deve
trabalhar esse Self que centraliza
todas as atenções e cuidados, para descobrir os registros das aflições vindas
das experiências frustradas, dos comprometimentos desastrosos, do que poderia ter
feito de louvável e ficou na expectativa...
Onde estiver o enfermo
psicológico ou físico, ou mental, aí está também a soma dos seus atos em
reencarnações passadas refletidos agora na conduta angustiosa ou aflitiva que o
embaraça.
Imprescindível trabalhar-lhe
o inconsciente coletivo, buscando os arquétipos portadores de desintegração e
sofrimento que nele ressurge com frequência.
Os primeiros passos para conquistar
a vida harmoniosa são os que liberam o despertar da consciência de si, com a
responsabilidade assumida em favor das mudanças necessárias na existência.
Desmascarar a ignorância e
diluir a sombra onde quer que se escondam,
é o segundo passo da lucidez para atingir o objetivo buscado.
Assumindo posturas
desculpistas, em transferência de responsabilidade, o ego engenhoso e insubordinado quer sempre manter-se no comando,
disfarçando a aparência e mantendo os conteúdos doentios.
As terapias alternativas,
também são úteis para a conquista da vida harmônica sempre buscada.
A cromoterapia, a
massoterapia, a meditação e ioga para atingir o mocsa, a fluidoterapia especialmente através dos passes e outros recursos à disposição dos interessados, o que importa
é alcançar a individuação, a sukha...
Outros preferem ser vitimas da
síndrome do mundo cruel, conforme a denominam
os sociólogos, ante o volume de informações negativas, de desastres e
infortúnios de que são vítimas, informando da impossibilidade de as superar ou digerir mentalmente.
Sendo esse um disfarce para não
assumir a responsabilidade pelo que está acontecendo no mundo, pois, junto com as
misérias e vicissitudes, se encontram os exemplos de dignificação e sacrifício
de verdadeiras multidões que se encontram no anonimato ou se tornam conhecidas,
sem valorizarem o lado infeccioso da sociedade, que surge como doença pandêmica
e constante.
O predomínio dos bons e dos
portadores de sentimentos elevados oferece à vida uma paisagem de esperança e significação,
como um amanhecer de bonança depois da violência do temporal.
Conquistar, uma vida
harmônica, depende da escolha que cada um faça dos objetivos existenciais,
sendo possível desejá-la e trabalhar para conquista-la.
... E o filho pródigo voltou
para os braços paternos...
Texto
trabalhado com base no livro EM BUSCA DA
VERDADE, escrito por Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de
Ângelis.
Postado
no dia 18/07/2014.
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