sábado, 19 de julho de 2014


A VIDA HARMÔNICA

Alguns biólogos definem a vida como um fenômeno que anima a matéria.
A vida humana vai da fecundação até a desencarnação, desde que o Espirito toma a matéria e a abandona, caracterizando-se pela presença da energia pensante.
A vida estua em toda parte, tanto no campo da estrutura molecular como naquele que se expressa em outra dimensão, a espiritual.
Mas a vida humana é a transitória existência corporal, através da qual ocorrem os mecanismos da evolução física, psíquica, emocional e espiritual, seguindo a fatalidade da perfeição relativa que é o destino de todos.
A morte, no ser humano, é a cessação dos fenômenos orgânicos, a degeneração do tronco encefálico, abrindo espaço à desencarnação, a liberação total do Espirito em relação à estrutura material. Nem sempre morrer é desencarnar, considerando-se que há um expressivo numero,   que se mantêm apegado aos despojos matérias, após a morte, na expectativa de trazê-los de volta à vitalidade.
Vivenciando uma existência sensualista, marcada pelo egoísmo e pelas suas expressões mais vis, o acontecimento que produz a morte orgânica não libera o princípio inteligente da vestidura que lhe facultou o gozo e as sensações exorbitantes. Fixados nos equipamentos de que se utilizou, o fenômeno mortis não proporciona de imediato a identificação da mudança de plano vibratório em que se encontra, em razão da continuidade das percepções orgânicas, apresentando-se como impressões vigorosas que transmitem a ideia de que nada se modificou. Lentamente, porém, à medida que ocorre a transformação e a desintegração dos despojos, o ser real é assaltado pelo pavor e aturde-se na ignorância em que se manteve com referencia à realidade além do campo sensorial. Essa perturbação prolonga-se por tempo indeterminado, variando de um para outro indivíduo, conforme o nível de consciência que lhe é próprio. O Self em reestruturação após o desenlace dos equipamentos celulares, das combinações químicas eletro eletrônicas do cérebro, continua dominado pelo imperativo do ego que o manteve prisioneiro na sombra das paixões servis, dando a falsa impressão de que tudo continua da mesma forma, apesar do acontecido...
Quando se viveu nos padrões éticos estabelecidos, mantendo-se respeito pela existência, utilizando-se de forma sóbria a roupagem carnal, edificante e construtiva, vive-se, desde cedo, um natural desapego pela mesma, como consequência da visão espiritualista que se possui da vida. Tendo-se em mente que tudo no mundo físico é passageiro, e que o corpo é apenas um instrumento para a evolução, ama-se a organização material, consciente, da sua relatividade, da sua destrutibilidade pela morte.
Os fenômenos biológicos são recursos preciosos para que o Espírito adquira a consciência de Si-mesmo ampliando a sua capacidade de entendimento intelecto-moral das coisas e da realidade em que se encontra. Tendo como objetivos imediatos a saúde e o bem-estar, opera em todas as circunstancias para evitar comprometimento desequilibrante, dando-se conta de que a sua felicidade está vinculada aos fatores ambientais e humanos, que também devem participar do mesmo empreendimento ditoso.
Para que o tentame seja alcançado, o Self identifica os alvos estabelecidos, esforçando-se para harmonizar os arquétipos perturbadores e desenvolver as faculdades que se lhe encontram em germe, em estado de adormecimento. Trata-se do esforço pelo autodescobrimento, pela autoiluminação, pela superação das heranças ancestrais geradoras de inquietação e sofrimento.
Como o sofrimento está presente em todas as fases do desenvolvimento do ser, por tratar-se de um fenômeno natural, hora por desgaste biológico, ora por ocasionar o sofrimento do sofrimento, outras vezes por impermanência, impõe-se a atitude estoica de aceitá-lo jovialmente como processo de percurso inevitável, do qual resultam muitas conquistas, como o amadurecimento psicológico, a visão da solidariedade com relação aos seres sencientes – vegetais, animais e humanos – em cujo grupo se encontra.
A consciência da transitoriedade da matéria traz ao Self a escolha das atividades edificantes, aquelas que não geram culpa nem arrependimento, propiciando a vida harmônica em identificação ideal com tudo e com todos.
É grande o esforço a ser desenvolvido. Mas, a pérola que reflete a luz das estrelas é arrancada dos abismos em que se desenvolve no molusco que a retém como mecanismo de autodefesa, ou como a estátua de rara beleza que estava oculta na pedra grosseira ou no metal sujo e informe...
A existência humana é um desafio gigantesco no processo ontológico da evolução. Por mais se queira, ninguém evita os impositivos em que se expressa. Por isso, o pensamento ético estabeleceu diretrizes de segurança para que sejam atingidos os objetivos da saúde e da tranquilidade, do bem-estar e da alegria de viver.
Aprofundando a sonda na complexidade do ser humano, a psicologia analítica traz valiosos recursos para a autoidentificação, para a descoberta dos limites das possibilidades inimaginadas, para a construção da plenitude, libertando o paciente dos grilhões retentivos na ignorância, na enfermidade, nos transtornos de comportamento...
Quando o individuo puder olhar-se com serenidade, sem culpa nascida no passado, sem saudades dele ou ansiedades pelo futuro, na expectativa da vir-a-ser, apesar dos conflitos que lhe permaneçam, terá conseguido avançar decisivamente para a autorrealização, para uma vida harmônica. Essa conquista não impede a luta contínua, porque a evolução não tem limite, e quanto mais se adquira conhecimento mais se ampliam os horizontes do saber e as questões em torno do existir, do Cosmo, da vida em si mesma.
Para o êxito, a autoterapia do amor e do sentimento de dever contribui para a continuação do esforço de crescimento interior, de realização enobrecida, de harmonia, alcançando no estado numinoso.
O ser numinoso exala equilíbrio, segurança, autoconquista. Transforma-se em um polo de atração que beneficia todos que se lhe acercam, porque a sua exteriorização é benéfica e enriquecedora.
Como o indivíduo voluptuoso, vulgar, insensato, mesmo que se apresentando bem-vestido e com a persona bem trabalhada, cuidadosamente maquilada para a vida social, exterioriza o bafio pestilencial do seu estado interior. Basta uma aproximação, um contato, para que se sinta o perigo do contágio da sua condição moral e espiritual. Logo ocorre uma falta de empatia entre aquele que é saudável e o enfermo, produzindo fenômenos psicológicos de antipatia e distanciamento.
Cada qual é  o que cultiva interiormente, suas aspirações e pensamentos, seus cuidados ou desastres emocionais, não podendo ocultá-los de forma que psiquicamente não se manifestem.
Pode-se inferir que as existências passadas colocaram o seu selo representativo da conduta que cada um se permitiu.
Ouve-se dizer que os discípulos de determinados mestres iogues asserenam-se junto deles, mesmo sem qualquer verbalização... O mesmo ocorre em relação aos pacientes e seus médicos, enfermeiros ou assistentes, sendo generalizada a ocorrência com às pessoas de sentimentos elevados que produzem alegria e geram harmonia a sua volta.
Da mesma forma, os de temperamentos rebeldes, instáveis, comportamentos doentios, sentimentos avaros e mesquinhos, turbulentos e perversos,  identificam-se facilmente, mesmo que o não queiram, sem qualquer manifestação exterior.
O ser psíquico-moral é o verdadeiro indivíduo.
A psicoterapia deve trabalhar esse Self que centraliza todas as atenções e cuidados, para descobrir os registros das aflições vindas das experiências frustradas, dos comprometimentos desastrosos, do que poderia ter feito de louvável e ficou na expectativa...
Onde estiver o enfermo psicológico ou físico, ou mental, aí está também a soma dos seus atos em reencarnações passadas refletidos agora na conduta angustiosa ou aflitiva que o embaraça.
Imprescindível trabalhar-lhe o inconsciente coletivo, buscando os arquétipos portadores de desintegração e sofrimento que nele ressurge com frequência.
Os primeiros passos para conquistar a vida harmoniosa são os que liberam o despertar da consciência de si, com a responsabilidade assumida em favor das mudanças necessárias na  existência.
Desmascarar a ignorância e diluir a sombra onde quer que se escondam, é o segundo passo da lucidez para atingir o objetivo buscado.
Assumindo posturas desculpistas, em transferência de responsabilidade, o ego engenhoso e insubordinado quer sempre manter-se no comando, disfarçando a aparência e mantendo os conteúdos doentios.
As terapias alternativas, também são úteis para a conquista da vida harmônica sempre buscada.
A cromoterapia, a massoterapia, a meditação e ioga para atingir o mocsa, a fluidoterapia especialmente através dos passes e outros  recursos à disposição dos interessados, o que importa é alcançar a individuação, a sukha...
Outros preferem ser vitimas da síndrome do mundo cruel, conforme a denominam os sociólogos, ante o volume de informações negativas, de desastres e infortúnios de que são vítimas, informando da impossibilidade de as superar ou  digerir mentalmente.
Sendo esse um disfarce para não assumir a responsabilidade pelo que está acontecendo no mundo, pois, junto com as misérias e vicissitudes, se encontram os exemplos de dignificação e sacrifício de verdadeiras multidões que se encontram no anonimato ou se tornam conhecidas, sem valorizarem o lado infeccioso da sociedade, que surge como doença pandêmica e constante.
O predomínio dos bons e dos portadores de sentimentos elevados oferece à vida uma paisagem de esperança e significação, como um amanhecer de bonança depois da violência do temporal.
Conquistar, uma vida harmônica, depende da escolha que cada um faça dos objetivos existenciais, sendo possível desejá-la e trabalhar para conquista-la.
... E o filho pródigo voltou para os braços paternos...

Texto trabalhado com base no livro EM BUSCA DA VERDADE, escrito por Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Postado no dia 18/07/2014.

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