segunda-feira, 26 de agosto de 2013


 

O SER MADURO PSICOLOGICAMENTE E A GRATIDÃO Cap. 2 . Continuação pag. 60

Livro Psicologia da gratidão

O sentimento da gratidão sempre deve estar desacompanhado da expectativa de qualquer forma de retribuição, sequer de um olhar ou de um sorriso, que expressariam reciprocidade. Havendo, é bem melhor, porque o outro igualmente se encontra em processo de amadurecimento psicológico e de contribuição valiosa à sociedade. Mas será uma exceção e não uma lei natural e constante.
Todo ato de generosidade, pela sua maneira de ser, dispensa gratulação e manifesta-se naturalmente. O amor aos filhos, aos cônjuges, os deveres para com eles e para com os outros são de natureza íntima de cada um, que se compraz em  proceder de acordo com as regras do bem viver e não apenas do viver bem, cercado de coisas, de carinho, de compensações.

Essas atitudes são logo esquecidas, pois que, toda vez que se espera reconhecimento, surge um encarceramento, por exemplo, no caso daquelas pessoas que asseveram que vivem para outras: filhos, parceiros, amigos , e que ficam desoladas quando estes alçam voos no rumo que lhes é o destino. A triste síndrome do ninho vazio em que se encarceram por prazer e por imaturidade psicológica induz os pacientes à amargura e ao desencanto por não receberem a compensação retributiva em relação ao que fizeram por interesse, não pelo prazer de realizá-lo.
Esse fenômeno é muito comum também no que tange aos labores enobrecedores que aguardam aprovação, recompensa da sociedade. Pessoas portadoras de alto nível de inteligência e de trabalho contribuem eficazmente em todos os setores do progresso social, através de descobrimentos, de invenções, de realizações grandiosas...No entanto, quando não são reconhecidas ou premiadas, mergulham na revolta ou no desânimo, na queixa ou na desistência de prosseguir, amarguradas e infelizes. Não são pessoas más, como é claro percebe-se, mas imaturas psicologicamente, vivenciando ainda o período dos elogios infantis, dos aplausos e dos comentários, dos quinze minutos de holofotes, mesmo que depois sofram o esquecimento, como é quase normal numa sociedade utilitarista como o é a hodierna. Embora disfarçado, encontra-se nesse caso o narcisismo, resultado de uma infância que não recebeu reconhecimento nem estímulos, nem entusiasmo nem acolhimento. O conflito defluente nasce na imaturidade psicológica.

Aqueles que assim procedem, em contrapartida, por mais que sejam bajulados, elogiados, aplaudidos, sempre tem sede de mais reconhecimento, dando lugar a um condicionamento que se poderia denominar como vício ou dependência de gratidão.
Quando não se recebe gratidão, não significa psicologicamente que a pessoas não é aceita, que é rejeitada. Tal ocorrência resulta igualmente de outros fatores psicológicos que dizem respeito aos demais, às circunstâncias, aos valores de cada cultura.

O ideal é viver-se em favor da gratidão mesmo sem a receber, valorizando o lado claridade da vida, as suas bênçãos e todos os contributos existenciais que nunca esperam receber aplauso.
Jesus, o Homem-luz, único ser que não tinha o lado sombra, maior exemplo de maturidade psicológica, fez da sua uma vida dedicada à gratidão, pelo amor com que enriqueceu a Terra desde então, vivendo exclusivamente para o amor e o perdão, a misericórdia e a compaixão.

Recebeu, antes, pelo contrário, por todo o bem que fez, pelas fabulosas lições de sabedoria que legou à posteridade, a negação de um amigo,  traição de outro, que se arrependeram certamente, a perseguição gratuita dos narcisistas e imaturos, temerosos e egotistas, a infâmia, o abandono, a exposição à ralé arbitrária, as chibatadas, a crucificação...mas retornou em triunfo de imortalidade exaltando a vida e Deus em estado numinoso.pg.62

Final do texto, porém o capítulo continua na próxima postagem.

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