sexta-feira, 30 de agosto de 2013


Complexos
(Continuação do cap6; a Psicologia analítica de Karl Gustav Jung)
Em uma conversa, um amigo de Jung contava-lhe uma experiência vivida em longa viagem de trem pela Rússia. A experiência que despertou o interesse de Jung foi a seguinte: embora não conhecesse o alfabeto russo (cirílico), ele, o amigo, começou a divagar nos possíveis significados daquelas palavras, e voluntariamente foi praticando uma associação, entrando assim em estado de devaneio, no qual imaginava todo tipo de significado para as palavras. Como uma ideia foi levando à outra, muitas lembranças antigas começaram a surgir. Situações desagradáveis, há tempo esquecidas, voltaram à consciência. Conteúdos supostamente apagados retornavam.
Após essa conversa, Jung, que nesta época trabalhava como assistente de Bleuler em psiquiatria dedicou-se ao teste de associação de palavras. (Neste teste, o paciente deveria associar a primeira palavra que lhe viesse à mente à algumas palavras-estímulo. Era verificado o tempo de reação, observando-se as repetições e falhas nas respostas. Iris Sinoti). Através desses testes Jung descobriu que, no inconsciente, alguns conteúdos gozavam de certa autonomia, chegando até a impor-se à mente consciente. Quando atingidos, esses conteúdos, graças à sua autonomia, perturbavam a pessoa, fazendo-lhe dizer coisas que não queria dizer conscientemente.
Jung chamou-os de complexos, termo por ele introduzido na Psicologia para definir a reunião de conteúdos que se aglomeravam no inconsciente pessoal, atraindo para si uma grande quantidade de ideias de teor afetivo e dotadas de energia psíquica acumulada.
Por isso supomos que, quando somos dominados por uma emoção descontrolada, é sinal de que algum complexo foi ativado. O perigo, diria Jung, não é possuirmos complexos, mesmo porque todos os possuímos, mas sermos por eles possuídos. E isso só acontece porque enquanto o complexo estiver inconsciente, nos for estranho, estaremos sob o seu domínio, vulneráveis às reações mais irracionais e estranhas à nossa consciência. Como se fossemos tomados por outra personalidade que nos revela parte de nós mesmos que sempre mantivemos escondida, nossa Sombra.
Concluído o texto, porém o artigo continuará na próxima postagem
Dia 30,8,2013.

Nenhum comentário: