Complexos
(Continuação
do cap6; a Psicologia analítica de Karl Gustav Jung)
Em uma conversa, um amigo de
Jung contava-lhe uma experiência vivida em longa viagem de trem pela Rússia. A
experiência que despertou o interesse de Jung foi a seguinte: embora não
conhecesse o alfabeto russo (cirílico), ele, o amigo, começou a divagar nos
possíveis significados daquelas palavras, e voluntariamente foi praticando uma
associação, entrando assim em estado de devaneio, no qual imaginava todo tipo
de significado para as palavras. Como uma ideia foi levando à outra, muitas
lembranças antigas começaram a surgir. Situações desagradáveis, há tempo
esquecidas, voltaram à consciência. Conteúdos supostamente apagados retornavam.
Após essa conversa, Jung,
que nesta época trabalhava como assistente de Bleuler em psiquiatria dedicou-se
ao teste de associação de palavras. (Neste teste, o paciente deveria associar a
primeira palavra que lhe viesse à mente à algumas palavras-estímulo. Era
verificado o tempo de reação, observando-se as repetições e falhas nas
respostas. Iris Sinoti). Através desses testes Jung descobriu que, no inconsciente,
alguns conteúdos gozavam de certa autonomia, chegando até a impor-se à mente
consciente. Quando atingidos, esses conteúdos, graças à sua autonomia,
perturbavam a pessoa, fazendo-lhe dizer coisas que não queria dizer
conscientemente.
Jung chamou-os de complexos, termo por ele introduzido na Psicologia
para definir a reunião de conteúdos que se aglomeravam no inconsciente pessoal,
atraindo para si uma grande quantidade de ideias de teor afetivo e dotadas de
energia psíquica acumulada.
Por isso supomos que, quando
somos dominados por uma emoção descontrolada, é sinal de que algum complexo foi
ativado. O perigo, diria Jung, não é possuirmos complexos, mesmo porque todos
os possuímos, mas sermos por eles possuídos. E isso só acontece porque enquanto
o complexo estiver inconsciente, nos for estranho, estaremos sob o seu domínio,
vulneráveis às reações mais irracionais e estranhas à nossa consciência. Como
se fossemos tomados por outra personalidade que nos revela parte de nós mesmos
que sempre mantivemos escondida, nossa Sombra.
Concluído o texto, porém o
artigo continuará na próxima postagem
Dia 30,8,2013.
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