quarta-feira, 28 de agosto de 2013


COMPROMISSOS DA GRATIDÃO
Cap. 3  do livro Psicologia da gratidão

Continuação da postagem do dia 26/08/2013.
NO INCOMPARÁVEL SERMÃO DA MONTANHA, APÓS O canto sublime das bem-aventuranças, Jesus enunciou com sabedoria e vigor:
“Amai aos vossos inimigos e orai pelo os que vos perseguem, para que vos torneis filho do vosso Pai que está nos céus, porque Ele faz nasceu o Seu Sol sobre maus e bons e faz chover sobre justos e injustos” (Mt. 5:44-45)
A recomendação em comum proposta pelo psicólogo incomparável surpreende, ainda hoje, a todo aquele que mergulha o pensamento na reflexão em torno dos textos escriturísticos evocativos da sua palavra.
A recomendação tradicional impunha o revide ao mal com equivalente mal, e ainda permanece essa conduta enferma em muitas legislações ensandecidas, impondo punições assinaladas pela crueldade em relação àqueles que são surpreendidos em erro, distanciadas da justiça e da reeducação do criminoso, o que são fundamentais.
Nos relacionamentos familiares e sociais, profissionais e artísticos, como nos demais, a conduta retributiva é firmada na injusta conduta ancestral diante dele, que permanece no inconsciente individual e coletivo, gerando graves transtornos pessoais e sociais.
Certamente, não se espera que o tratamento concedido ao perverso seja negligente em referencia aos seus atos ignóbeis, o que não se deve é proceder de maneira equivalente, aplicando-lhe penas que são compatíveis com seu nível primitivo de evolução, sendo lícito ensejar-lhe meios de reparar os danos causados, de recuperar-se perante as suas vítimas e a própria consciência, de reintegrar-se na sociedade...
Essa atitude, a de conceder-lhe oportunidade de agir com equilíbrio, é caracterizada pelo perdão às suas atitudes arbitrárias, sem conivência porem com o seu delito, mas também sem cerceamento da graça do amor que retira o criminoso da masmorra sem grades em que se encarcera, conduzindo-o à sociedade que foi ferida e aguarda-lhe a cooperação para ser cicatrizada, superando a sua hediondez.
De certa forma, a proposta de Jesus, no que concerne ao amor em retribuição ao mal, é também a maneira psicológica saudável da gratidão, pelo ensejar vivência da abnegação e da caridade. Não implica silenciar o deslize que foi praticado, porem reconhecer que este proporciona o surgir e expandir-se os sentimentos superiores da compaixão e da misericórdia que devem viger nos indivíduos e nos grupos sociais.
A gratidão é a mais sutil psicoterapia para os males que se instalam na sociedade constituída em grande parte por Espíritos enfermos.
Quando alguém consegue ofertá-la com espontaneidade e sem alarde, produz um clima psíquico de harmonia que o beneficia e aos demais que o cercam, porque não ressuma o morbo da revolta ou da queixa sistemática...
A gratidão deve transformar-se em hábito natural no comportamento maduro de todos os seres humanos. Para que seja conseguida, necessita de treinamento, de exercício diário, em razão da sombra vigilante que propele à conduta da distância, da indiferença ou mesmo da ingratidão.
O ingrato, além de imaturo psicológico, é vítima da inveja, da competitividade doentia, do primarismo evolutivo.
A ingratidão viceja nos grupamentos sociais onde predominam o egoísmo e a sordidez.
O grande desafio existencial é o de em viver-se e não o do pressuposto viver-se bem, entulhado de coisas e ansioso por novas aquisições entre tormentos íntimos e desconfianças afligentes. Nesse sentido, é muita grata a recomendação de Jesus, conclamando ao amor mesmo em relação aos adversários, porque eles, sim, são os doentes, pois que elegeram as atitudes agressivas e destrutivas, acumulando resíduos de inconformismo e de ira, que terminam  produzindo-lhes lamentáveis somatizações.
Quando se consegue não devolver o mal na sua idêntica e morbífica moeda, o self  exulta e o seu eixo com o ego torna-se menor em distância separatista, proporcionando-lhe a diluição lenta de suas fixações. Entretanto, quando se consegue amar o adversário, recordá-lo sem ressentimento, compadecer-se da alienação a que se entrega, todo um contingente de arquétipos perturbadores cede lugar a emoções saudáveis, que proporcionam alegria de viver e de lutar, estimulando o crescimento intero e a sua contínua ascensão ideológica. Pg.68.
Este texto prossegue na próxima postagem.

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