COMPROMISSOS DA
GRATIDÃO
Cap. 3 do livro Psicologia da gratidão
Continuação da postagem do dia 26/08/2013.
NO INCOMPARÁVEL SERMÃO DA MONTANHA, APÓS O canto sublime
das bem-aventuranças, Jesus enunciou com sabedoria e vigor:
“Amai
aos vossos inimigos e orai pelo os que vos perseguem, para que vos torneis
filho do vosso Pai que está nos céus, porque Ele faz nasceu o Seu Sol sobre
maus e bons e faz chover sobre justos e injustos” (Mt. 5:44-45)
A
recomendação em comum proposta pelo psicólogo incomparável surpreende, ainda
hoje, a todo aquele que mergulha o pensamento na reflexão em torno dos textos
escriturísticos evocativos da sua palavra.
A
recomendação tradicional impunha o revide ao mal com equivalente mal, e ainda
permanece essa conduta enferma em muitas legislações ensandecidas, impondo
punições assinaladas pela crueldade em relação àqueles que são surpreendidos em
erro, distanciadas da justiça e da reeducação do criminoso, o que são fundamentais.
Nos relacionamentos
familiares e sociais, profissionais e artísticos, como nos demais, a conduta
retributiva é firmada na injusta conduta ancestral diante dele, que permanece no
inconsciente individual e coletivo, gerando graves transtornos pessoais e
sociais.
Certamente,
não se espera que o tratamento concedido ao perverso seja negligente em
referencia aos seus atos ignóbeis, o que não se deve é proceder de maneira
equivalente, aplicando-lhe penas que são compatíveis com seu nível primitivo de
evolução, sendo lícito ensejar-lhe meios de reparar os danos causados, de
recuperar-se perante as suas vítimas e a própria consciência, de reintegrar-se
na sociedade...
Essa
atitude, a de conceder-lhe oportunidade de agir com equilíbrio, é caracterizada
pelo perdão às suas atitudes arbitrárias, sem conivência porem com o seu
delito, mas também sem cerceamento da graça do amor que retira o criminoso da
masmorra sem grades em que se encarcera, conduzindo-o à sociedade que foi
ferida e aguarda-lhe a cooperação para ser cicatrizada, superando a sua
hediondez.
De certa
forma, a proposta de Jesus, no que concerne ao amor em retribuição ao mal, é também
a maneira psicológica saudável da gratidão, pelo ensejar vivência da abnegação
e da caridade. Não implica silenciar o deslize que foi praticado, porem
reconhecer que este proporciona o surgir e expandir-se os sentimentos
superiores da compaixão e da misericórdia que devem viger nos indivíduos e nos
grupos sociais.
A gratidão
é a mais sutil psicoterapia para os males que se instalam na sociedade
constituída em grande parte por Espíritos enfermos.
Quando
alguém consegue ofertá-la com espontaneidade e sem alarde, produz um clima psíquico
de harmonia que o beneficia e aos demais que o cercam, porque não ressuma o
morbo da revolta ou da queixa sistemática...
A gratidão
deve transformar-se em hábito natural no comportamento maduro de todos os seres
humanos. Para que seja conseguida, necessita de treinamento, de exercício diário,
em razão da sombra vigilante que propele à conduta da distância, da indiferença
ou mesmo da ingratidão.
O ingrato,
além de imaturo psicológico, é vítima da inveja, da competitividade doentia, do
primarismo evolutivo.
A ingratidão
viceja nos grupamentos sociais onde predominam o egoísmo e a sordidez.
O grande
desafio existencial é o de em viver-se e não o do pressuposto viver-se bem,
entulhado de coisas e ansioso por novas aquisições entre tormentos íntimos e
desconfianças afligentes. Nesse sentido, é muita grata a recomendação de Jesus,
conclamando ao amor mesmo em relação aos adversários, porque eles, sim, são os
doentes, pois que elegeram as atitudes agressivas e destrutivas, acumulando
resíduos de inconformismo e de ira, que terminam produzindo-lhes lamentáveis somatizações.
Quando
se consegue não devolver o mal na sua idêntica e morbífica moeda, o self exulta e o seu eixo com o ego torna-se menor
em distância separatista, proporcionando-lhe a diluição lenta de suas fixações.
Entretanto, quando se consegue amar o adversário, recordá-lo sem ressentimento,
compadecer-se da alienação a que se entrega, todo um contingente de arquétipos
perturbadores cede lugar a emoções saudáveis, que proporcionam alegria de viver
e de lutar, estimulando o crescimento intero e a sua contínua ascensão
ideológica. Pg.68.
Este
texto prossegue na próxima postagem.
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