A CRISE DA MODERNIDADE E A
PROPOSTA PSICOLÓGICA DE JOANNA DE ÂNGELIS
Artigo escrito por Gelson L.
Roberto.
Capítulo 3º do livro Refletindo a Alma – Joanna de Ângelis,
psicografia de Divaldo Pereira Franco
Continuação da pag. 63
postada em 27/08/2013.
Queremos trazer uma nova concepção
de pensar no homem e sua psicologia, na qual qualquer aspecto da vida se torna
o lugar da intimidade. E diante de um mundo tão celerado e desprovido de
compaixão frente a uma onda de movimentos caóticos e superficiais, possamos recuperar
a noção de eu a vida tem sentido. Um sentido e uma intimidade na relação entre
o transitório e o transpessoal, entre o pessoal e o impessoal, entre o
individual e o coletivo, entre o interno e o externo, entre consciência e inconsciente.
Um lugar onde a vida não seja excluída da totalidade os eventos e significados
da experiência. Como refere Jaffé:
O
sentido é a experiência da totalidade. Qualquer descrição dele pressupõe a
realidade vivida no tempo, tanto quanto a realidade de vida na intemporalidade;
experiências pessoais e consciente, assim como um domínio que transcende a consciência
e o mundo tangível. (Jaffé, Aniela. O
mito do Significado. 1989, p. 15).
A
proposta de Jaffé é parecida com a de Hillman, mas este propõe uma virada mais
radical quando faz do ego um agente inserido numa paisagem determinada pela “alma
do mundo”. Este autor tenta superar a noção usual de realidade psíquica fundamentada
num sistema de sujeitos particulares animados e objetos públicos inanimados. A partir
do conceito de anima mundi (alma do
mundo do platonismo), desenvolvido por Plotino e outros filósofos neoplatônicos,
e aprofundado por Marsílio Ficino, Hillman propõe a ideia de um mundo “almado”
em lugar da usual noção acima descrita.
Lemos
em Hillman (do livro Cidade & Alma, 1993a,
p. 14) o seguinte trecho:
(...)
Imaginemos a anima mundi como aquele lampejo de alma especial, aquele imagem
seminal, que se apresenta por meio de cada coisa em sua forma visível. Então,
anima mundi aponta as possibilidades animadas oferecidas em cada evento como
ele é, sua apresentação sensorial como um rosto revelando sua imagem interior –
em resumo, sua disponibilidade para imaginação, sua presença como uma REALIDADE
PSIQUÍCA. Não apenas animais e plantas almados como na visão romântica, mas a
alma que é dada em cada coisa, as coisas da natureza dadas por Deus e as coisas
da rua feitas pelo homem.
É justamente
dentro dessa proposta que Joanna de Ângelis nos convida a reconhecer o nosso
ser profundo e nos abrirmos para esse universo pleno da conquista interior num
diálogo criativo com a vida. Divaldo, numa entrevista concedida a Katy Meira,
em Nova Iorque, 13 de maio de 2000, nos revela que o Espírito Joanna de Ângelis
o convidou para escrever uma série de livros que ela ambicionava e que seriam
de grande utilidade para o movimento espírita. Por cinquenta anos, ela esteve
estudando a psicanálise, a Psicologia e a psiquiatria no mundo espiritual, e
desejava fazer uma ponte entre a Psicologia da quarta força, portanto a
contemporânea, com o Espiritismo, em uma linguagem compatível com as
necessidades do pensamento filosófico deste momento.
Divaldo
comenta que o início foi a psicologia do livro de Jesus e a atualidade. Conta ele que é um estudo, uma releitura de
alguns fatos da vida de Jesus, fundamentados essencialmente numa pergunta que Ele
fazia àqueles que Lhe pediam para curá-los. Ele sempre interrogava: - “Tu crês
que eu te posso curar?” ou “Que desejas de mim?” E ela vai mostrar que o
indivíduo, enquanto não se autodescobre , está sempre tateando nas sombras.
Jesus sabia, é claro, o que as pessoas dele desejavam, e sabia também que podia
atender, mas respeitava as leis de causa e efeito, e somente quando o paciente
estava disposto a uma crença real – esse querer que tudo transforma, porque a
si próprio se transforma – que Ele atendia às solicitações. A maioria de nós,
se não a quase totalidade, traz no cerne do ser os fatores predisponentes ao
seu progresso e também aqueles (fatores) que são responsáveis pelo seu
insucesso e pelas suas dificuldades e, se não conhecer esses fatores, estará
sempre repetindo experiências sem sair de um círculo vicioso. Logo depois, ela
escreveu o livro O Homem integral, fazendo uma análise do homem Espírito,
perispírito e matéria. Logo após, O Ser consciente.
A série
culmina hoje com mais de 10 obras de estudos psicológicos, dos problemas, dos
conflitos, dos desafios, da libido, da sombra psicológica de cada um, com uma
ponte muito feliz com o Espiritismo.
Finalizando
a entrevista, Divaldo compartilha que
nova perspectiva que desenha é de criar uma mentalidade capaz de não
ficas apenas nos teoremas doutrinários, mais nas soluções comportamentais. Retirar
o movimento espírita, que está encarcerado nas casas espíritas, para equacionar
os problemas da criatura onde a criatura estiver. Levar a mensagem para mudar o
mundo, através da mudança social, moral, econômica, porque – conforme Kardec –
o espiritismo tem a ver com todos os ramos da ciência, não apenas da ética
moral da Filosofia, mais também da psiquiatria, do comércio, da indústria, dos
relacionamentos humanos, dos direitos humano. A proposta é colocar a base da
doutrina no pensamento social pra mudar a sociedade. Esse é o novo desafio.A ideia é então nos reconhecermos como Espirito imortais, realizando o caminho profundo para dentro de nós mesmos, a fim de conquistarmos esse reino interior. Como nos colocou Jesus, o reino está dentro de cada um e Cristo é a figura do Homem Integral. Jung acertadamente afirmou que “Cristo é o homem interior ao qual se chega pelo caminho do autoconhecimento”.
Joanna
de Ângelis (na sua obra Bênçãos de natal.
1998) nos afirma que Jesus é o perene momento em que o Rei Solar mergulhou
nas sombras terrestres, a fim de que nunca mais houvesse trevas na humanidade,
possibilitando uma perfeita identificação entre a criatura e o seu Criador,
para todo o sempre. A benfeitora nos coloca que Ele implantou o seu reino no
país das almas, inaugurando a Era da renúncia dos bens terrenos.
Com a
série psicológica, Joanna aprofunda essa proposta, oferecendo a busca do homem
integral e a realização plena do Ser. Abrindo os horizontes do homem interior e
nos mostrando o caminho da conquista individual, onde todos estão a partir dele
autorizados e conscientes de que podem ser o Cristo.
Coloca-nos
a benfeitora (no Autodescobrimento: uma
busca interior), Jesus desejava a todos indivíduos a mesma posição que
conseguiu, tendo o Pai como exemplo e foco a ser conquistado. Propôs que ninguém
se satisfaça com o já conseguido, mas cresça, busque e se entregue ao esforço
constante de libertação, ascendendo no rumo da Grande Luz.
Artigo
concluído com esta postagem.
Postado
em 28/08/2013.
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