segunda-feira, 26 de agosto de 2013


ENCONTRO E AUTOENCONTRO cap3
Livro: Em Busca da Verdade
Um país longínquo – p53 

Existe um país longínquo onde a vida estua e tem início, ensejando o processo de crescimento espiritual, nas sucessivas experiências reencarnacionistas. Mesmo quando o viajante se encontra no país terrestre, por não se conhecer, ainda não havendo identificado as províncias emocionais por onde pode transitar com segurança ou não, deixa-se identificar pelas expressões mais grosseiras das necessidades fisiológicas, das sensações orgânicas, do imediato que lhe fere os sentidos.
Periodicamente, fascinado pelo brilho falso das ilusões, relaciona todos os haveres que estão ao seu alcance, mas que não lhe pertencem, e pede ao Pai que lhe permita usufruí-lo à saciedade, fugindo de casa, da segurança do lugar em que se encontra, para tentar ser feliz, conforme o seu padrão mentiroso.
Herdeiro dos recursos da inteligência e do sentimento, das tendências artísticas e culturais a que não dá valor, porque lhe exigem sacrifícios e desafios contínuos, reúne os tesouros da sensualidade, das ambições desmedidas, dos jogos dos sentidos primitivos, do acúmulo das forças juvenis e parte para outra região onde pode refestelar-se no prazer irresponsável, esquecidos dos compromissos mantidos com a vida.
Exaure-se, em companhia dos seus demônios internos e dos seus anseios desregrados, até que surge a fome, por escassear os meios de prosseguir na loucura, e termina por encontrar companhias nas pocilgas dos vícios mais perversos, alimentando-se dos miasmas e excentricidades que lhe chegam em decorrência do abandono dos parceiros emocionais...
É, então, quando tem um insight e dá-se conta de que não é aquilo, somente se encontra daquela forma, que não necessita de chafurdar mais fundo no chavascal da vergonha e do desdouro moral, quando tem um Pai generoso que trata bem aqueles que lhes servem, e pensa em voltar, pedir-lhe perdão, demonstrar o sofrimento que experimenta, a necessidade de recomeço, a submissão aos seus nobres deveres.
No processo da evolução, não são poucos os indivíduos que procedem de maneira diversa. A princípio, desejam a independência, sem mesmo saber o de que se trata, que anelam pela liberdade que confundem com libertinagem, que anseiam pelo prazer, que pensam derivar-se do poder, arrojando-se às aventuras doentias e perturbadoras, em que amadurecem psicologicamente no calor do sofrimento.
Dão lugar a provações severas como os metais que necessitam do aquecimento para se tornarem plasmáveis e aceitarem as imposições dos artífices, vivenciando um período angustiante, para somente então pensarem em voltar para casa.
Recordam-se que, na província de onde vieram, havia alegria, diferente, é certo, mas júbilo, e desejam fruí-lo, como é natural. Enquanto permanecem no gozo desgastante, desperdiçando a herança que conduziam, tudo é frustrante, o desespero é crescente, as perspectivas são negativas, o que os impele a uma nova tomada de decisão. Essa não pode ser outra, senão o retorno à casa, às raízes, a fim de recomeçar e renovar-se.
As províncias do coração humano são muitas e quase sempre estão sombrias, assinaladas pelo desconhecido, pelo não vivenciado, que favorecem as fantasias exclusivas do prazer e do gozo.
Toda província, no entanto, por melhor, por pior que seja, possui diversificadas paisagens que aguardam a contribuição daqueles que as habitam. Numas é necessário a remover o lodo acumulado, cavando valas para extravasar a podridão, enquanto que, noutras, alargam-se os horizontes para que mais brilhe o Sol da beleza e da estesia.
Esse país longínquo, olhado desde o mundo causal pode ser a Terra, para onde vêm os Espíritos com os bens herdados do Pai, a fim de desenvolverem os mecanismos da evolução e aplicarem os recursos de que são portadores, o que nem sempre acontece de maneira favorável aos que o alcançam.
Sob outro aspecto, pode ser o mundo espiritual onde se inicia a experiência evolutiva e se dispõe de recursos inapreciados para serem desenvolvidos mediante os esforços empregados, ocorrendo que, nas primeiras tentativas, o ouvido momentâneo da responsabilidade e os  demônios  internos que são sustentados pelas paixões primevas, estimulam o desperdício dos bens preciosos. Saúde, pureza de sentimentos, alegria espontânea constituem custo, da contaminação dos fatores dissolventes do novo país, porquanto, na volta para casa eles serão de altíssima significação, evitando os desastres emocionais e afetivos.
Analisando-se o núcleo arquetípico do ego, observa-se que ele não se modifica de um para outro instante, desde o momento em que ocorre a viagem ao país longínquo, predominando as tendências ancestrais que o direcionam para os interesses imediatistas, as conveniências, sem abrir espaço ao si-mesmo  que ambiciona o infinito.
Essa consciência do ego – a superfície da psique – sofre colisões  contínuas que procedem das emoções habituais e das aspirações de libertação, auxiliando no seu desenvolvimento, alterando-lhe a estrutura e abrindo-lhe campo para mais amplas realizações. (continua...)
Pg55 – postagem do dia 26-08-20013.  

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