ENCONTRO E AUTOENCONTRO cap3
Livro: Em Busca da Verdade
Um
país longínquo – p53
Existe um país longínquo onde a vida estua e tem início, ensejando o
processo de crescimento espiritual, nas sucessivas experiências reencarnacionistas.
Mesmo quando o viajante se encontra no país
terrestre, por não se conhecer, ainda não havendo identificado as
províncias emocionais por onde pode transitar com segurança ou não, deixa-se
identificar pelas expressões mais grosseiras das necessidades fisiológicas, das
sensações orgânicas, do imediato que lhe fere os sentidos.
Periodicamente, fascinado
pelo brilho falso das ilusões, relaciona todos os haveres que estão ao seu
alcance, mas que não lhe pertencem, e pede ao Pai que lhe permita usufruí-lo à
saciedade, fugindo de casa, da segurança do lugar em que se encontra, para tentar
ser feliz, conforme o seu padrão mentiroso.
Herdeiro dos recursos da inteligência
e do sentimento, das tendências artísticas e culturais a que não dá valor,
porque lhe exigem sacrifícios e desafios contínuos, reúne os tesouros da
sensualidade, das ambições desmedidas, dos jogos dos sentidos primitivos, do
acúmulo das forças juvenis e parte para outra região onde pode refestelar-se no
prazer irresponsável, esquecidos dos compromissos mantidos com a vida.
Exaure-se, em companhia dos
seus demônios internos e dos seus anseios desregrados, até que surge a fome, por escassear os meios de prosseguir
na loucura, e termina por encontrar companhias nas pocilgas dos vícios mais
perversos, alimentando-se dos miasmas e excentricidades que lhe chegam em decorrência
do abandono dos parceiros emocionais...
É, então, quando tem um insight e dá-se conta de que não é
aquilo, somente se encontra daquela forma, que não necessita de chafurdar mais
fundo no chavascal da vergonha e do desdouro moral, quando tem um Pai generoso que trata bem aqueles que
lhes servem, e pensa em voltar, pedir-lhe perdão, demonstrar o sofrimento que
experimenta, a necessidade de recomeço, a submissão aos seus nobres deveres.
No processo da evolução, não
são poucos os indivíduos que procedem de maneira diversa. A princípio, desejam
a independência, sem mesmo saber o de que se trata, que anelam pela liberdade
que confundem com libertinagem, que anseiam pelo prazer, que pensam derivar-se
do poder, arrojando-se às aventuras doentias e perturbadoras, em que amadurecem
psicologicamente no calor do sofrimento.
Dão lugar a provações
severas como os metais que necessitam do aquecimento para se tornarem
plasmáveis e aceitarem as imposições dos artífices, vivenciando um período angustiante,
para somente então pensarem em voltar
para casa.
Recordam-se que, na
província de onde vieram, havia alegria, diferente, é certo, mas júbilo, e
desejam fruí-lo, como é natural. Enquanto permanecem no gozo desgastante,
desperdiçando a herança que conduziam,
tudo é frustrante, o desespero é crescente, as perspectivas são negativas, o
que os impele a uma nova tomada de decisão. Essa não pode ser outra, senão o
retorno à casa, às raízes, a fim de recomeçar e renovar-se.
As províncias do coração
humano são muitas e quase sempre estão sombrias, assinaladas pelo desconhecido,
pelo não vivenciado, que favorecem as fantasias exclusivas do prazer e do gozo.
Toda província, no entanto,
por melhor, por pior que seja, possui diversificadas paisagens que aguardam a
contribuição daqueles que as habitam. Numas é necessário a remover o lodo
acumulado, cavando valas para extravasar a podridão, enquanto que, noutras,
alargam-se os horizontes para que mais brilhe o Sol da beleza e da estesia.
Esse país longínquo, olhado desde o mundo causal pode ser a Terra, para
onde vêm os Espíritos com os bens herdados do Pai, a fim de desenvolverem os
mecanismos da evolução e aplicarem os recursos de que são portadores, o que nem
sempre acontece de maneira favorável aos que o alcançam.
Sob outro aspecto, pode ser
o mundo espiritual onde se inicia a experiência evolutiva e se dispõe de
recursos inapreciados para serem desenvolvidos mediante os esforços empregados,
ocorrendo que, nas primeiras tentativas, o ouvido momentâneo da
responsabilidade e os demônios internos que são sustentados pelas paixões
primevas, estimulam o desperdício dos bens preciosos. Saúde, pureza de
sentimentos, alegria espontânea constituem custo, da contaminação dos fatores
dissolventes do novo país, porquanto,
na volta para casa eles serão de altíssima significação, evitando os desastres
emocionais e afetivos.
Analisando-se o núcleo arquetípico
do ego, observa-se que ele não se
modifica de um para outro instante, desde o momento em que ocorre a viagem ao país longínquo, predominando as
tendências ancestrais que o direcionam para os interesses imediatistas, as
conveniências, sem abrir espaço ao si-mesmo
que ambiciona o infinito.
Essa consciência do ego – a superfície da psique – sofre colisões contínuas que procedem das emoções habituais e
das aspirações de libertação, auxiliando no seu desenvolvimento, alterando-lhe
a estrutura e abrindo-lhe campo para mais amplas realizações. (continua...)
Pg55 – postagem do dia
26-08-20013.
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