sábado, 31 de agosto de 2013


 

A GRATIDÃO NA FAMÍLIA

Item do cap.3  compromissos da gratidão

Acreditava-se que, em razão do grande desenvolvimento das ciências aliadas ao contributo tecnológico, o ser humano conseguiria, por fim, a harmonia e o crescimento moral. Nunca houve tantas conquistas intelectuais e atividades de natureza cultural, com ampla gama de recreação como acontece hodiernamente.

O conforto e as facilidades oferecidas pelos instrumentos eletroeletrônicos facilitam a vida de bilhões de seres humanos, embora, lamentavelmente, grande fatia da humanidade ainda se encontre mergulhada na miséria, ou abaixo da linha da pobreza, conforme se estabeleceu, padecendo escassez de pão, de vestuário, de medicamento, de trabalho, de educação, de dignidade...

Jamais houve tantos divertimentos e técnicas de lazer, assim como facilidades para os relacionamentos, para a fraternidade, para a harmonia entre as pessoas. No entanto, não é o que ocorre na sociedade terrestre, na qual campeiam a solidão, a ansiedade e o medo em caráter pandêmico. As enfermidades, resultantes das somatizações dos distúrbios psicológicos, desgastam incontáveis numeros de vítimas que se lhes tombam inermes nas malhas constritoras. É assustador o número dos transtornos de comportamento na área da afetividade, das doenças cardiovasculares, do câncer, apenas para citar algumas doenças mais assustadoras.

Desconfiado, em razão do medo que se lhe instala na emoção, o novo ser humano superconfortado rafugia-se na solidão, mantendo comunicação com as demais pessoas por intermédio dos recursos virtuais evitando o saudável contato corporal enriquecedor.

Os padrões ético-morais, em consequência, alteraram completamente as suas formulações e o vale-tudo assumiu-lhes o lugar, no qual tem prioridade o cinismo, o deboche, o despudor, a astúcia. A ânsia pela aquisição da fama amesquinha esse indivíduo intelectuilizado mas não moralizado, e inspira-o à assunção de qualquer conduta que o conduza ao estrelato, à posição top, conforme os infelizes conceitos estabelecidos por outros líderes não menos atormentados.

A moral, a dignidade, o bem proceder tornaram-se condutas esdruxulas, ultrapassados pelos expertos das fantasias do erotismo e da insensatez.

É necessário destacar-se no grupo social, ser motivo de admiração e de inveja, planar nas alturas, ser inacessível, estar cercado de admiradores e uma corte de bajuladores que detestam os ídolos que parecem admirar, lamentando não estarem no lugar deles, que os tratam com desdém e enfado...

No início, submetem-se a todas as exigências da futilidade para chamarem a atenção, e quando se tornam conhecidos, ocultam-se atrás de óculos escuros, perucas, fogem pelas portas dos fundos dos hotéis, a fim de se livrarem dos fanáticos que os aplaudem até o momento em que surgem outros mais alucinados e exóticos...

A anorexia e a bulimia instala-se na juventude ansiosa que se submete aos absurdos programas de emagrecimento para conquistar a beleza física, recorrendo aos anabolizantes, aos implantes, às cirurgias perigosas, numa luta intérmina para alcançar as metas estabelecidas.

Nesse báratro, a família esfacelou-se, a comunhão doméstica transtornou-se, a sombra coletiva passou a dominar o santuário do lar e a desagregação substituiu a união.

Mães emocionalmente enfermas e imaturas disputam com as filhas os namorados, repetindo a tragédia de Electra, e pais saturados de gozo entregam-se ao adultério como forma de destaque no grupo social que os elege como dignos de admiração.

O desrespeito campeia, originando-se nos genitores que consideram a prole uma carga que lhes dificulta a mobilidade nas áreas insensatas do prazer ou como forma narcisista de exibição, aguardando que deem continuidade aos seus disparates ou expondo-a, desde muito cedo, em caricaturas de adultos nos programas de TV e de rádio, de teatro e de cinema, em lamentáveis processos de transferência frustrante dos próprios fracassos.

O ego destaca-se, perverso em todos os cometimentos, e a ingratidão assinala a maneira de ser de cada um. Pensa-se exclusivamente no interesse pessoal, embora a prejuízo dos outros, e a competição desleal esfacela os relacionamentos, que se assinalam, com raríssimas exceções, trabalhados pela hipocrisia e pela animosidade mal disfarçada.

Nesse comenos, a traição, o descaso por aqueles que auxiliaram no começo da jornada, a ingratidão manifestam-se em escala assustadora.

A ingratidão, porém, é doença da alma que necessita de urgente tratamento nas suas nascentes.

O ingrato é alguém que perdeu o endereço da felicidade e, aturdido, deambula por caminhos equivocados.

Ninguém nasce grato, nem consegue a gratidão de um salto.

Aprende-se gratidão mediante a prática, que deve ser iniciada na família, essa sociedade em miniatura, onde a afetividade manifesta-se com naturalidade.  Pg72 esse texto continua na próxima postagem.  Postagem do dia 31/08/2013 .

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