domingo, 4 de agosto de 2013


Fragmentações Morais

2º Cap.

Despertar do self

Continuação p. 42

A família provém do clã primitivo que se une para a defesa da vida, do grupo animal, sendo um arquétipo de grande força psicológica.
A força do animal que caça encontra-se no instinto da astúcia, no grupo famélico, na agressão automática e simultânea contra a presa.
Desestruturar a família é também desnortear-se.
A reencarnação, com a força de diluir os velhos arquétipos perturbadores e criar outros benéficos, reúne indivíduos de caráter antagônico ou em situação de vingança para resgates, ou afetuosos e bons para fortalecer a evolução e preservar o instituto doméstico.
Aqueles dois irmãos, que não eram antagônicos na aparência, viviam intimamente em oposição, faltando somente o momento de demonstrá-lo.
A paternidade zelosa, o divino arquétipo de Zeus ou de Júpiter, ou de Apolo, ou de Yahveh, todo-poderosos, reúne-os e tenta ampará-los.
O filho jovem era leviano e desperta sob os acicates do sofrimento.
A sandália rasgada, as vestes em trapos, a cabeça raspada, a atitude genufletida diante do pai são os destroços que demonstram o insucesso, o esforço para o recomeço, o entrar novamente no ventre materno para renascer, por isso, voltou para dentro de casa.
Em realidade estava no pátio da casa de seu pai, não se adentrara ainda, não teve tempo nem oportunidade.
O filho mais velho era angustiado e conseguia disfarçar os sentimentos doentios.
Não quis participar da alegria do reencontro, porque isso demonstraria a sua falta de afeição, a sua contrariedade por ter que voltar a competir com o irmão vencido pelo sofrimento.
A oportunidade ameaçava passar sem ser utilizada.
Na existência humana cada momento tem o seu sentido profundo, o seu significado essencial, a sua magia.
A infância dá início ao processo de crescimento interno do Self, entretanto, ele permanece imaturo em qualquer período da existência humana, desde que não tenha recebido os estímulos para desenvolver-se, para desvelar-se em sabedoria e luz.
O primeiro filho demonstrou imaturidade psicológica – a infância.
O segundo expressou pessimismo e depressão, ressumando primarismo emocional, outro estágio da infância emocional.
Entretanto, a terapia saudável para esses males foi o amor do pai, sua compreensão e misericórdia, sua paciência e confiança na força do seu afeto.
Com esse contributo de fora despertou o Self dentro de cada qual dos membros da parábola, de cada criatura que se possa identificar com algum dos membros da narrativa.
A parábola poderia ser concluída, elucidando que o pai devotado levou o filho ressentido para dentro de casa – uma viagem interna ao encontro do Self – e o aproximou do irmão arrependido – Caim ressuscitado!
Assim sendo, olharam-se por largo e silencioso tempo de reflexão, superando distancias emocionais, culminando em demorado abraço de integração dos dois eus num Self  coletivo rico de valores e sentimentos morais entre as lágrimas que limparam as mazelas, as heranças lamentáveis do ego soberbo e primário.
Finalizado o texto: O DESPERTAR DO SELF  do livro: EM BUSCA DA VERDADE do cap 2 Fragmentações Morais p. 42-43
Postado em 04/08/13.

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