A CRISE DA MODERNIDADE E A
PROPOSTA PSICOLÓGICA DE JOANNA DE ÂNGELIS
Artigo escrito por Gelson L.
Roberto.
Capítulo 3º do livro
Refletindo a Alma – Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Franco
Continuação da pag. 61
postada em 25/08/2013.
O resultado é que o
indivíduo se entrega a viver apenas o presente e o prazer, ao consumo e ao
individualismo. As pessoas se encontram perdidas, completamente atropeladas
pela “correria da vida”, num lugar onde não há tempo para o encontro verdadeiro,
para o entendimento e para a paz. O indivíduo acaba perdendo a noção do real e
do limite de si mesmo e do mundo. Essa crise se estende tanto para os
indivíduos como para todos os setores e componentes da vida, principalmente a
vida urbana, que é a vida construída pelo homem. Os sintomas são: fragmentação,
hiperespecialização, depressão, inflação, perda de energia, jargões e
violências. Isso aparece também no mundo: nossos prédios são anoréxicos, nossos
negócios, paranoicos, e nossa tecnologia, maníaca. Como diz Hillman:
“Sujar o mundo com lixo,
construir estruturas monstruosas,
consumir e desperdiçar para distrair o tédio não é apenas ilegal, imoral ou
antissocial e doentio. È vergonhoso, ofensivo para o mundo, nocivo para sua
alma.”
Esse ambiente pós-moderno
demonstra que estamos separados do mundo. E entre nós e o mundo estão os meios tecnológicos
de comunicação com toda sua mídia. Eles não nos informa sobre o mundo; eles
refazem o mundo como eles querem, simulam uma vida para nós e transformam o
mundo num espetáculo. Há atualmente um princípio esvaziador. O sujeito vai
perdendo os referenciais da realidade, perdendo a própria substância de si mesmo.
É o que os filósofos chamam desreferencializador do real e dessubstancialização
do sujeito. Esse princípio desfaz regras, valores, faz com que a realidade se
degrade e que o indivíduo viva sem projetos, sem ideais, a não ser cultivar sua
autoimagem e buscar a satisfação no aqui e agora.
O que vale são as vitrines,
o culto ao corpo, o fantástico do momento, o consumo de tudo, até do outro. A “realidade”,
o consumo de tudo, até do outro. A “realidade” da tv é mais fácil, mais viva,
imagens nas quais, por exemplo, os carros são mais ágeis e nobres e passeiam
por estradas magníficas com efeitos de cores e músicas especiais, doces e
comidas que enchem os olhos, e aquele prazer de viver maravilhoso da coca-cola.
Agora se perguntem: quando se consome um desses produtos, consegue-se capturar
e sentir o que a imagem nos trouxe?
O que isso acarreta é um
misto de fascínio e vazio, dando a falsa impressão de que se vive tudo aquilo
que aparece, mas que na realidade não existe. A vida acaba ficando mais difícil
do que é, por ela ser um choque com o
paraíso e facilidades oferecidos pela mídia.
Isso adoece qualquer um,
principalmente se não temos uma sustentação espiritual. Se perdemos a fé, se
não temos ideais, se vivemos uma vida superficial com uma imagem falsa que nos
tira do contato mais íntimo com a vida, se perdemos a noção dos limites, o que
pode nos acontecer? É o que a psicologia chama de “entorpecimento psíquico” que
vem se acrescentar à “era da ansiedade”. Estamos cada vez mais acometidos pela
síndrome do pânico, doenças autodesrutivas, nossos olhos estão opacos e vazios,
nossos corações com uma dor surda...
Segundo Hillman :
“Existe um império imenso,
feio e maligno trabalhando dia e noite para nos conservar dessa forma. A
diversão e a televisão maniacamente saturadas, excessivas, sonoras e fortes, as
informações da mídia, a bebida, o açúcar e o café, desenvolvimento e melhorias,
consumismo, comprar, comprar, a indústria da saúde construindo músculos e não
sensibilidade, a indústria médica no papel de boticário, pílulas para dormir, pílulas
excitantes, tranquilizantes, lítio para crenças”.
Mas a crise não é só de
terror e de incerteza. No refluxo dialético da vida, uma conspiração renovadora
se instaura. Estamos entrando numa nova fase que podemos chamar de Homem Psi.
Esta fase se caracteriza por uma conscientização da realidade espiritual e dos
valores que buscam desenvolver as capacidades internas. Essa fase é a fase psicológica,
não mais a ênfase no mundo e nas conquistas exteriores e sim no desafio de
conquistar a nós mesmos. ( esse artigo continua
na próxima postagem, fique atento...)
Postado dia
27-o8-2013
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