terça-feira, 27 de agosto de 2013


 

A CRISE DA MODERNIDADE E A PROPOSTA PSICOLÓGICA DE JOANNA DE ÂNGELIS
Artigo escrito por Gelson L. Roberto.
Capítulo 3º do livro Refletindo a Alma – Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Franco
Continuação da pag. 61 postada em 25/08/2013.

O resultado é que o indivíduo se entrega a viver apenas o presente e o prazer, ao consumo e ao individualismo. As pessoas se encontram perdidas, completamente atropeladas pela “correria da vida”, num lugar onde não há tempo para o encontro verdadeiro, para o entendimento e para a paz. O indivíduo acaba perdendo a noção do real e do limite de si mesmo e do mundo. Essa crise se estende tanto para os indivíduos como para todos os setores e componentes da vida, principalmente a vida urbana, que é a vida construída pelo homem. Os sintomas são: fragmentação, hiperespecialização, depressão, inflação, perda de energia, jargões e violências. Isso aparece também no mundo: nossos prédios são anoréxicos, nossos negócios, paranoicos, e nossa tecnologia, maníaca. Como diz Hillman:

“Sujar o mundo com lixo, construir  estruturas monstruosas, consumir e desperdiçar para distrair o tédio não é apenas ilegal, imoral ou antissocial e doentio. È vergonhoso, ofensivo para o mundo, nocivo para sua alma.”

Esse ambiente pós-moderno demonstra que estamos separados do mundo. E entre nós e o mundo estão os meios tecnológicos de comunicação com toda sua mídia. Eles não nos informa sobre o mundo; eles refazem o mundo como eles querem, simulam uma vida para nós e transformam o mundo num espetáculo. Há atualmente um princípio esvaziador. O sujeito vai perdendo os referenciais da realidade, perdendo a própria substância de si mesmo. É o que os filósofos chamam desreferencializador do real e dessubstancialização do sujeito. Esse princípio desfaz regras, valores, faz com que a realidade se degrade e que o indivíduo viva sem projetos, sem ideais, a não ser cultivar sua autoimagem e buscar a satisfação no aqui e agora.

O que vale são as vitrines, o culto ao corpo, o fantástico do momento, o consumo de tudo, até do outro. A “realidade”, o consumo de tudo, até do outro. A “realidade” da tv é mais fácil, mais viva, imagens nas quais, por exemplo, os carros são mais ágeis e nobres e passeiam por estradas magníficas com efeitos de cores e músicas especiais, doces e comidas que enchem os olhos, e aquele prazer de viver maravilhoso da coca-cola. Agora se perguntem: quando se consome um desses produtos, consegue-se capturar e sentir o que a imagem nos trouxe?

O que isso acarreta é um misto de fascínio e vazio, dando a falsa impressão de que se vive tudo aquilo que aparece, mas que na realidade não existe. A vida acaba ficando mais difícil do que  é, por ela ser um choque com o paraíso e facilidades oferecidos pela mídia.

Isso adoece qualquer um, principalmente se não temos uma sustentação espiritual. Se perdemos a fé, se não temos ideais, se vivemos uma vida superficial com uma imagem falsa que nos tira do contato mais íntimo com a vida, se perdemos a noção dos limites, o que pode nos acontecer? É o que a psicologia chama de “entorpecimento psíquico” que vem se acrescentar à “era da ansiedade”. Estamos cada vez mais acometidos pela síndrome do pânico, doenças autodesrutivas, nossos olhos estão opacos e vazios, nossos corações com uma dor surda...

Segundo Hillman :

“Existe um império imenso, feio e maligno trabalhando dia e noite para nos conservar dessa forma. A diversão e a televisão maniacamente saturadas, excessivas, sonoras e fortes, as informações da mídia, a bebida, o açúcar e o café, desenvolvimento e melhorias, consumismo, comprar, comprar, a indústria da saúde construindo músculos e não sensibilidade, a indústria médica no papel de boticário, pílulas para dormir, pílulas excitantes, tranquilizantes, lítio para crenças”.

Mas a crise não é só de terror e de incerteza. No refluxo dialético da vida, uma conspiração renovadora se instaura. Estamos entrando numa nova fase que podemos chamar de Homem Psi. Esta fase se caracteriza por uma conscientização da realidade espiritual e dos valores que buscam desenvolver as capacidades internas. Essa fase é a fase psicológica, não mais a ênfase no mundo e nas conquistas exteriores e sim no desafio de conquistar  a nós mesmos. ( esse artigo continua na próxima postagem, fique atento...)
Postado dia 27-o8-2013

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