A CRISE DA MODERNIDADE E A
PROPOSTA PSICOLÓGICA DE JOANNA DE ÂNGELIS
Artigo escrito por Gelson L.
Roberto
Capítulo 3º do livro Refletindo a Alma – Joanna de Ângelis,
psicografia de Divaldo Franco
Continuação da pag. 59
postada em 04/08/2013.
Na pós-modernidade, a
perversão e o estresse são sintomas resultados da falta da lei, da falta de
tempo, e da falta de perspectiva de futuro, porque tudo se desmoronou (do muro
de Berlim à crença nos valores e na esperança). “Tudo se tornou demasiadamente
próximo, promíscuo, sem limites, deixando-se penetrar por todos os poros e
orifícios”, diz Zizek em seu artigo O
superego pós-moderno. In. Folha de São Paulo – cad. Mais!, 23/05/2003.
Nossa sociedade é
regida mais do que pela ânsia de “espetáculo”; existe a ânsia de prazer a
qualquer preço. Todos se sentem na obrigação de se divertir, de “curtir a vida
adoidado” e de “trabalhar muito para ter dinheiro ou prestígio social”, não
importando os limites de si próprio e dos outros. Não é sem motivo que os
lugares de trabalho em que competição é mais acirrada, onde não existem limites
definidos entre trabalho, estudo e lazer, que encontramos pessoas queixosas,
infelizes, frequentemente visitando os médicos e hospitais. Se a modernidade
prometia a felicidade através do progresso da ciência ou de uma revolução, a
pós-modernidade promete um nada que pretende ser o solo para tudo.
Como podemos
perceber, esta realidade que vivemos torna cada vez mais banal a vida e nos
atira numa relação individualista e potencialmente destrutiva. Uma realidade
que é um campo fértil para o estímulo e a manutenção de comportamentos
compulsivos e destrutivos.
Realidade essa que
provoca sintomas e conflitos de ordem complexa que aumentam cada vez mais a
alienação e a dissociação do ser humano. Temos daí, a rotina, a ansiedade, o
medo e a solidão engendrando homens-aparência, a fobia social, o ódio, entre
outros males. Os jovens hoje se perdem em movimentos comportamentais baseados
em filosofias absurdas, extravagantes, mais agressivas, mais primárias, mais
violentas. Formam-se os guetos e o indivíduo se identifica por diversas lutas,
formando pequenos fragmentos massificados na luta superficial e oca, sem um “se
dar conta do por quê e para quê”. Numa sociedade onde a noção do sentido cada
vez é menor, valorizando o desempenho, o ato-show do super, do imperfeito sem
substância, desumaniza-se o indivíduo, entregando-se ao pavor, gerando-o, ou
indiferente a ele. O ser humano se vê perdido no meio de tanta informação. Sem
discernimento, ele, inseguro, agarra-se a amontoar coisas e cuidar do ego
deixando de lado o seu desenvolvimento integral. Com tudo isso, não é difícil
entender a indiferença pela ordem, pelos valores éticos, pelo asseio corporal.
Como assevera Joanna de Ângelis, vivíamos antes numa época de hipocrisia, de
uma falsa moral que mascarava os erros através de tabus e superstições, levando
a fatores atuantes na desagregação da personalidade. A mudança de hábito
possibilitou a mudança de algumas fobias, mas impôs outros padrões
comportamentais de massificação, levando ao modismo, ao desequilíbrio de
comportamentos extravagantes. Houve troca de conduta, mas não renovação
saudável na forma de encarar-se a vida e de vivê-la.
Diante disso não se
tem muita opção: ou se coloca numa postura competitiva, repressora, violenta e
agressiva que chega às raias da perversão, ou o homem busca mecanismos de
proteção emocional que o levam à acomodação, à agressão, por medo e busca da
sobrevivência, pois se encontra com o receio de ser consumido, esmagado pela
massa crescente ou pelo desespero avassalador. Perde-se o idealismo e o homem se
vê comprimido onde todos fazem a mesma coisa, assumem iguais composturas,
passando de um compromisso para outro numa ansiedade constante. Tem-se a
preocupação de parecer triunfador, de responder de forma semelhante aos demais,
de ser bem recebido e considerado, causando a desumanização do indivíduo, que
se torna um elemento complementar do agrupamento social. Pg.61
Este é um artigo,
portanto, tem continuação. Sugiro aguardar a próxima postagem.
Postado em
25/08/2013.
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