domingo, 25 de agosto de 2013


A CRISE DA MODERNIDADE E A PROPOSTA PSICOLÓGICA DE JOANNA DE ÂNGELIS

Artigo escrito por Gelson L. Roberto

Capítulo 3º do livro Refletindo a Alma – Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Franco

Continuação da pag. 59 postada em 04/08/2013.

Na pós-modernidade, a perversão e o estresse são sintomas resultados da falta da lei, da falta de tempo, e da falta de perspectiva de futuro, porque tudo se desmoronou (do muro de Berlim à crença nos valores e na esperança). “Tudo se tornou demasiadamente próximo, promíscuo, sem limites, deixando-se penetrar por todos os poros e orifícios”, diz Zizek em seu artigo O superego pós-moderno. In. Folha de São Paulo – cad. Mais!, 23/05/2003.

Nossa sociedade é regida mais do que pela ânsia de “espetáculo”; existe a ânsia de prazer a qualquer preço. Todos se sentem na obrigação de se divertir, de “curtir a vida adoidado” e de “trabalhar muito para ter dinheiro ou prestígio social”, não importando os limites de si próprio e dos outros. Não é sem motivo que os lugares de trabalho em que competição é mais acirrada, onde não existem limites definidos entre trabalho, estudo e lazer, que encontramos pessoas queixosas, infelizes, frequentemente visitando os médicos e hospitais. Se a modernidade prometia a felicidade através do progresso da ciência ou de uma revolução, a pós-modernidade promete um nada que pretende ser o solo para tudo.

Como podemos perceber, esta realidade que vivemos torna cada vez mais banal a vida e nos atira numa relação individualista e potencialmente destrutiva. Uma realidade que é um campo fértil para o estímulo e a manutenção de comportamentos compulsivos e destrutivos.

Realidade essa que provoca sintomas e conflitos de ordem complexa que aumentam cada vez mais a alienação e a dissociação do ser humano. Temos daí, a rotina, a ansiedade, o medo e a solidão engendrando homens-aparência, a fobia social, o ódio, entre outros males. Os jovens hoje se perdem em movimentos comportamentais baseados em filosofias absurdas, extravagantes, mais agressivas, mais primárias, mais violentas. Formam-se os guetos e o indivíduo se identifica por diversas lutas, formando pequenos fragmentos massificados na luta superficial e oca, sem um “se dar conta do por quê e para quê”. Numa sociedade onde a noção do sentido cada vez é menor, valorizando o desempenho, o ato-show do super, do imperfeito sem substância, desumaniza-se o indivíduo, entregando-se ao pavor, gerando-o, ou indiferente a ele. O ser humano se vê perdido no meio de tanta informação. Sem discernimento, ele, inseguro, agarra-se a amontoar coisas e cuidar do ego deixando de lado o seu desenvolvimento integral. Com tudo isso, não é difícil entender a indiferença pela ordem, pelos valores éticos, pelo asseio corporal. Como assevera Joanna de Ângelis, vivíamos antes numa época de hipocrisia, de uma falsa moral que mascarava os erros através de tabus e superstições, levando a fatores atuantes na desagregação da personalidade. A mudança de hábito possibilitou a mudança de algumas fobias, mas impôs outros padrões comportamentais de massificação, levando ao modismo, ao desequilíbrio de comportamentos extravagantes. Houve troca de conduta, mas não renovação saudável na forma de encarar-se a vida e de vivê-la.

Diante disso não se tem muita opção: ou se coloca numa postura competitiva, repressora, violenta e agressiva que chega às raias da perversão, ou o homem busca mecanismos de proteção emocional que o levam à acomodação, à agressão, por medo e busca da sobrevivência, pois se encontra com o receio de ser consumido, esmagado pela massa crescente ou pelo desespero avassalador. Perde-se o idealismo e o homem se vê comprimido onde todos fazem a mesma coisa, assumem iguais composturas, passando de um compromisso para outro numa ansiedade constante. Tem-se a preocupação de parecer triunfador, de responder de forma semelhante aos demais, de ser bem recebido e considerado, causando a desumanização do indivíduo, que se torna um elemento complementar do agrupamento social. Pg.61

Este é um artigo, portanto, tem continuação. Sugiro aguardar a próxima postagem.

Postado em 25/08/2013.

 

 

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