sábado, 3 de agosto de 2013


Despertar do Self – item 2 do cap. ll Fragmentações Morais, do livro EM BUSCA DA VERDADE

É comum a solidariedade na dor, mas não no júbilo, em face da inveja e da amargura.

O irmão mais velho submetia-se ao pai, mas não o amava, quanto fingia, porque logo o censurou, ressumando sentimentos de recusa inconscientes, pelo fato de jamais haver-lhe oferecido um cabrito pelo menos para que se banqueteasse com os amigos, enquanto ao insano ofereceu o melhor novilho...
O ciúme é terrível chaga do ego que expele purulência emocional.
O pai gentil e afetuoso, sensibilizado com o jovem de retorno, pediu um manto para cobri-lo, já que o outro também o possuía, evocando a proteção e o amparo que lhe eram oferecidos.
- Criança – diz o pai ao filho que o censura – tu sempre estás comigo, e tudo o que é meu é teu; entretanto, cumpria regozijarmo-nos e alegrarmo-nos, porque este teu irmão era morto e reviveu, estava perdido e se achou.
O pai deu-se conta de que o outro filho, o mais velho, também estava morto porque ressumava amargura, encontrava-se perdido, porque não participava da sua e da alegria de todos que encontraram aquele seu irmão que era morto e reviveu, que estava perdido e se achou.
O ego encontrava o Self, despertando-o para uma futura integração, liberação da fissura na psique...
O Self do filho mais velho está envolto pela sombra ameaçadora, criminosa.
A parábola não informa qual a sua atitude, a do mais velho, em relação ao mais moço, após as informações dúlcidas e os esclarecimentos compreensíveis do seu pai.
Certamente, o eixo ego-Self se tornou mais vigoroso, em face do amor do arquétipo primordial, sem limite, libertando-se dos mitos hostis e vingativos.
Prometeu, por exemplo, foge de Zeus, engana-o com artifícios contínuos para não morrer, até que tomba na armadilha da própria existência física temporária, e Zeus recebe-o, aprisiona-o, suplicia-o num rochedo, no qual foi colocado para sofrer calor, frio e uma águia fere-lhe o fígado durante o dia, que se refaz à noite, até o momento quando os deuses intercedem por ele e a sua punição é revogada...
O filho mais velho quer fugir do pai amoroso após censurá-lo acremente, evita fitá-lo nos olhos e receber-lhe o abraço, mas não poderá viver indefinidamente sob as picadas da mágoa, remoendo a prisão no rochedo do desencanto, ao frio e ao calor das reflexões doentias... O Self é induzido a despertar sob a intercessão dos sentimentos de nobreza que remanescem no íntimo, como divina herança da sua procedência.
O irmão chegou quase descalço, sandálias rasgadas e imprestáveis. O pai logo lhe providenciou calçados novos, porque os pés são as bases valiosas de sustentação do edifício fisiológico, que não pode ser mantido em segurança quando lhe falta alicerce...
A mãe Terra oferece os recursos para o organismo e os transforma; o hálito da vida, porém, vem do Amor.
Cuidar das bases é característica definidora de despertamento do Self, da responsabilidade perante a vida.
O irmão jovem iluminou o ego com a consciência de si, reconheceu o erro, renovou-se pela humilhação que o engrandeceu, enquanto o mais velho liberou das estruturas profundas do inconsciente as paixões da vingança e da maldade, a Erínia mitológica encarregada de ferir Sísifo, conduzindo a pedra ao topo da montanha de onde ela escapa e rola para baixo, obrigando-o a erguê-la sem cessar...
A parábola bem poderia ser dos dois filhos ingratos, que o amor reúne sob o mesmo manto protetor do pai, ligando-os pelo anel da família, traço de união com toda a Humanidade. Postagem do dia 03-08-2013.
O item O Despertar do Self continua na próxima postagem, do dia 04-08-2013.

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