CAPÍTULO
12
DEPRESSÃO: UMA LUZ NA
ESCURIDÃO
Iris Sinoti
As Nações Unidas tem, como
uma de suas exigências especializadas, a Organização Mundial da Saúde – OMS,
criada em 1948, que elaborou uma classificação de doenças mentais, colocando a
depressão como um distúrbio do humor, ou um distúrbio afetivo. Também a
Associação Psiquiátrica Americana organizou os transtornos mentais em
categorias e qualificou a depressão da mesma forma. Trata-se de uma classe de
distúrbios que desequilibram o universo emocional da pessoa. Ainda segundo a
OMS, a previsão é de que, em 2020, a depressão ocupará segundo lugar no mundo como causadora de
perda de anos de vida saudável, só superada pelas doenças cardíacas. No livro
de Maria Célia de Abreu, Depressão e Maturidade, de 2003.
O embotamento dos
sentimentos, confusão de valores, a dificuldades de compreensão dos
significados atribuídos a fatos, a lentidão nos processos intelectuais, da
memória e do raciocínio, amortecimento da libido, a restrição considerável da
vida são alguns dos sintomas da depressão.
A depressão é uma experiência
subjetiva dolorosa, quase impossível de ser descrita. Ela traz ao deprimido a
sensação de ter perdido alguma coisa, de que lhe foi tirado algo que lhe era
profundamente significativo e esse sentimento é o mais difícil de ser vivido. Joanna
de Ângelis, no livro Triunfo Pessoal, pg.96, enfatiza como uma das principais
causas da depressão a insatisfação do ser em relação a si mesmo, as frustrações
de desejos não realizados: “impulsos
agressivos se rebelam ferindo as estruturas do ego que imerge em surda revolta,
silenciando os anseios e ignorando a realidade” .
Tomada dessa forma, a
depressão é mais do que um desajuste isolado, constitui-se num toque de alarme,
em um pedido de socorro. Com ela, cria-se uma oportunidade de descobrir o que
se está passando no íntimo da pessoa e que está sendo insuportável para o seu
psiquismo.
As características clinicas da
depressão são descritas com muita sensibilidade por um dos pioneiros de seu
estudo, o psiquiatra alemão Kraepelin:
“Ele se sente só, indescritivelmente infeliz, como uma “criança
deserdada do destino”; é cético quanto a Deus e, com certa submissão
entorpecida, que exclui a possibilidade de qualquer consolo e vislumbre de luz,
arrasta-se com dificuldade de um dia para o outro. Para ele tudo se tornou desagradável;
tudo é cansativo: outras pessoas,
música, viagens, seu trabalho profissional. Por toda parte, ele só enxerga o
lado escuro e as dificuldades; as pessoas ao seu redor não são tão boas e altruístas
quanto ele pensava; a cada decepção e desilusão segue-se outra. A vida
parece-lhe sem sentido. Ele se crê supérfluo no mundo, já não consegue se
conter: ocorre-lhe a ideia de acabar com a própria vida sem que saiba porque
motivo. Tem a sensação de que algo se partiu dentro dele.” Kraepelin, citação
de Wolpert, no livro Tristeza Maligna: A
Anatomia da Depressão.
Evidente,
porém, que além dos sintomas
físicos, os de ordem psicológica e espiritual manifestam-se com muita
intensidade na depressão. Acontece que, como afirma Joanna de Ângelis, no livro
O Ser Consciente, pg.54: “Nem sempre, porém, serão encontradas as matrizes de tais patologias, que estão
profundamente registradas no Espírito, como decorrência de condutas, de
atividades, dos insucessos das reencarnações passadas”.
Para
Solomon, a depressão é a imperfeição no amor, é a degradação do eu da pessoa
dificultando a sua capacidade de dar e receber afeição. Em seu depoimento ele
descreve:
“É a solidão dentro de nós que se torna
manifesta, e destrói não apenas a conexão com os outros, mas também a
capacidade de estar apaziguadamente apenas consigo mesmo [...] O amor nos
abandona de tempos em tempos, e nós abandonamos o amor. Na depressão, a falta
de significado de cada empreendimento e de cada emoção, a falta de significado
da própria vida se tornam evidentes. O único sentimento que resta nesse estado
despido de amor é a insignificância”. No livro,
O Demônio do Meio-Dia: Uma Anatomia
da Depressão, de Andrey Solomon. Pg.15
Joanna
de Ângelis chama atenção para a importância de estimular a busca do objetivo
existencial, no qual o indivíduo encontra forças para vencer os desafios,
descobrindo-se capaz de amar mesmo que desamado, nunca, porém, como assevera a
mentora no livro Triunfo Pessoal, pg.91,
“perder-se o sentido do amor”.
Final
do texto, porém o cap.12 continuará na próxima postagem. Postado dia 02/02/14
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