domingo, 2 de fevereiro de 2014


CAPÍTULO 12
DEPRESSÃO: UMA LUZ NA ESCURIDÃO
Iris Sinoti 

As Nações Unidas tem, como uma de suas exigências especializadas, a Organização Mundial da Saúde – OMS, criada em 1948, que elaborou uma classificação de doenças mentais, colocando a depressão como um distúrbio do humor, ou um distúrbio afetivo. Também a Associação Psiquiátrica Americana organizou os transtornos mentais em categorias e qualificou a depressão da mesma forma. Trata-se de uma classe de distúrbios que desequilibram o universo emocional da pessoa. Ainda segundo a OMS, a previsão é de que, em 2020, a depressão ocupará  segundo lugar no mundo como causadora de perda de anos de vida saudável, só superada pelas doenças cardíacas. No livro de Maria Célia de Abreu, Depressão e Maturidade, de 2003.

O embotamento dos sentimentos, confusão de valores, a dificuldades de compreensão dos significados atribuídos a fatos, a lentidão nos processos intelectuais, da memória e do raciocínio, amortecimento da libido, a restrição considerável da vida são alguns dos sintomas da depressão.

A depressão é uma experiência subjetiva dolorosa, quase impossível de ser descrita. Ela traz ao deprimido a sensação de ter perdido alguma coisa, de que lhe foi tirado algo que lhe era profundamente significativo e esse sentimento é o mais difícil de ser vivido. Joanna de Ângelis, no livro Triunfo Pessoal, pg.96, enfatiza como uma das principais causas da depressão a insatisfação do ser em relação a si mesmo, as frustrações de desejos não realizados: “impulsos agressivos se rebelam ferindo as estruturas do ego que imerge em surda revolta, silenciando os anseios e ignorando a realidade” .

Tomada dessa forma, a depressão é mais do que um desajuste isolado, constitui-se num toque de alarme, em um pedido de socorro. Com ela, cria-se uma oportunidade de descobrir o que se está passando no íntimo da pessoa e que está sendo insuportável para o seu psiquismo.

As características clinicas da depressão são descritas com muita sensibilidade por um dos pioneiros de seu estudo, o psiquiatra alemão Kraepelin:

 

Ele se sente só, indescritivelmente infeliz, como uma “criança deserdada do destino”; é cético quanto a Deus e, com certa submissão entorpecida, que exclui a possibilidade de qualquer consolo e vislumbre de luz, arrasta-se com dificuldade de um dia para o outro. Para ele tudo se tornou desagradável; tudo é cansativo:  outras pessoas, música, viagens, seu trabalho profissional. Por toda parte, ele só enxerga o lado escuro e as dificuldades; as pessoas ao seu redor não são tão boas e altruístas quanto ele pensava; a cada decepção e desilusão segue-se outra. A vida parece-lhe sem sentido. Ele se crê supérfluo no mundo, já não consegue se conter: ocorre-lhe a ideia de acabar com a própria vida sem que saiba porque motivo. Tem a sensação de que algo se partiu dentro dele.” Kraepelin, citação de Wolpert, no livro Tristeza Maligna: A Anatomia da Depressão.

Evidente, porém,              que além dos sintomas físicos, os de ordem psicológica e espiritual manifestam-se com muita intensidade na depressão. Acontece que, como afirma Joanna de Ângelis, no livro O Ser Consciente, pg.54: “Nem sempre, porém, serão encontradas as matrizes de tais patologias, que estão profundamente registradas no Espírito, como decorrência de condutas, de atividades, dos insucessos das reencarnações passadas”.

Para Solomon, a depressão é a imperfeição no amor, é a degradação do eu da pessoa dificultando a sua capacidade de dar e receber afeição. Em seu depoimento ele descreve:

 

É a solidão dentro de nós que se torna manifesta, e destrói não apenas a conexão com os outros, mas também a capacidade de estar apaziguadamente apenas consigo mesmo [...] O amor nos abandona de tempos em tempos, e nós abandonamos o amor. Na depressão, a falta de significado de cada empreendimento e de cada emoção, a falta de significado da própria vida se tornam evidentes. O único sentimento que resta nesse estado despido de amor é a insignificância”.  No livro, O Demônio do Meio-Dia: Uma Anatomia da Depressão, de Andrey Solomon. Pg.15

Joanna de Ângelis chama atenção para a importância de estimular a busca do objetivo existencial, no qual o indivíduo encontra forças para vencer os desafios, descobrindo-se capaz de amar mesmo que desamado, nunca, porém, como assevera a mentora no livro Triunfo Pessoal, pg.91, “perder-se o sentido do amor”.

Final do texto, porém o cap.12 continuará na próxima postagem. Postado dia 02/02/14

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