A
IMAGINAÇÃO CRIADORA E AS TÉCNICAS TERAPÊUTICAS DE JOANNA DE ÂNGELIS (continuação)
Avens
em imaginação é realidade, também
apresenta formulações demonstrando que tanto Jung quanto Cassirer consideram o
símbolo como campo intermediário (tertium quid) entre o Espírito e a matéria.
Os sentidos e o Espírito estão ligados numa nova forma de reciprocidade e
correlação.
A
função simbólica é a raiz comum tanto dos níveis (científico e filosófico),
como dos níveis intuitivos artísticos, mítico e religioso da experiência. No
dizer de Bachofen:
O
símbolo evoca a intuição... O símbolo estende as suas raízes até o fundo mais recôndito
da alma... Só o símbolo consegue unir o mais diversificado no sentido de uma
única impressão global... os símbolos arrebatam o espírito para além dos
limites do finito e mortal até o reino do ser infinito. Eles estimulam
intuições, são signos do inefável, inesgotáveis como estes. Colocação de Jacob
em Complexo, arquétipo, símbolo na
psicologia de C.G. Jung. P.75
Os
símbolos, quando acolhidos e vividos pela consciência, tornam-se uma epifania,
na qual a psique reencontra o seu lugar e sentido. Joanna, junto com Kardec,
nos apresenta a oportunidade de encontrarmos o homem interior e de começarmos a
ser donos de nós mesmos. Através da imaginação criamos paisagens e movimentamos
forças que estabelecem uma realidade para nós mesmos.
Como
vimos no início, o Espirito está sempre criando a realidade através do poder da
imagem e do pensamento, e o símbolo sintetiza ao mesmo tempo vários
significados e uma carga imensa de energia. Quando Jesus falava por parábolas
ele usava a imagem simbólica para penetrar não só no intelecto dos ouvintes,
mas fundamentalmente nos seus corações. Podemos compreender que a imagem é a
roupagem mental do Espirito, mantendo uma relação inseparável com o processo
criativo do Espírito sempre produzindo para o bem ou para o mal, criando saúde
ou construindo doenças.
Esse
percurso teórico sobre os processos criativos e organizadores da imaginação
serve para dar uma sustentação às pesquisas sobre o poder criador da
imagem. Alguns exemplos ilustram essa
realidade e o papel da imaginação na cura. Uma pesquisa feita por pesquisadores
norte-americanos indicou que crianças podem aprender a usar a imaginação para lidar com dores abdominais frequentes. A
pesquisa foi publicada na revista Pediactris e relata o trabalho de 30
crianças, na qual metade ouviu por 8 semanas um cd com imagens guiadas, através
de estímulos em que as imagens favorecem a redução da dor. Ainda não está claro
exatamente como o tratamento funciona, mas estudos mostraram que o resultado se
deve em parte à redução da ansiedade, mas também a um efeito direto na resposta
contra a dor. (diário da saúde, 2011)
Um
estudo publicado pela revista Science
descobriu que as pessoas que se imaginam comendo doces, acabam comendo menos
quando têm a oportunidade. Em muitas outras pesquisas temos um trabalho
interessante, como a imaginação auxilia nos processos de cura e bem-estar das
pessoas.
O
American Institute for Mental Imagery, em New York, dirigido pelo psiquiatra
Gerald Epstein, tem pesquisado ao longo de mais de duas décadas a relação da
imagem e as heranças fisiológicas. Para ele as imagens comunicam-se com tecidos e órgãos e até
células para promoverem uma mudança. Epstein provou que as imagens tem o dom de
curar distúrbios físico e mentais e intensificar o nível geral de saúde e de
bem-estar.(Epstein, no livro Imagens que
curam).
Um
verso dos Vedas diz que o que você vê, você se torna. Chopra, em A Cura Quântica, comenta em várias
oportunidades sobre o poder que o universo mental exerce sobre o físico. O
autor relata que pesquisadores conseguiram estabelecer algo como uma fotografia
em 3D do percurso do pensamento, através de um processo conhecido como PET
(Tomografia por Emissão de Pósitrons), onde se percebe que o corpo se modifica
através de cascatas de neurotransmissores e moléculas mensageiras afins geradas
por modelos de imagens mentais. Assim, nosso corpo é suficientemente fluido
para espelhar os eventos mentais.
Goswami,
em O médico quântico, através de um
entendimento quântico da realidade, apresenta várias técnicas da medicina
mente-corpo, onde relata a importância da visualização para o equilíbrio dos
chacras, além de ser de grande ajuda para lidar com a supressão do sistema imunológico.
Através de visualizações dirigidas, podemos conseguir vários caminhos de curra
e reequilíbrio vital. Hoje já não temos dúvidas da eficácia da visualização
para a cura de várias enfermidades, de doenças de pele e pacientes com câncer.
Uma
das técnicas existentes é chamada de técnica de congelamento da imagem.
Pearsall, no livro Memórias das células,
Desenvolvida através de pesquisas pela Heart Math Institute, consiste em
reconhecer uma situação estressante específica e de dar uma atenção às
sensações provenientes do coração, em vez da cabeça. Depois disso, busca-se a
recordação de um acontecimento muito positivo do passado. Com isso solicita-se
mentalmente para o coração que propicie insights sobre a melhor maneira de
lidar com a situação estressante, induzida pelo estado positivo do passado.
Mas
a visualização em si é um processo que envolve muito mais do que apenas uma técnica
formal de criar imagens, temos que dar vida e força, num movimento de sintonia
emocional. O próprio Goswami, no O
medico quântico, coloca que para entender esse processo de cura temos que
reconhecer que existe um aspecto quântico, que está centrado na consciência e
seus estados. Aspectos como fé e amorosidade são essenciais para que as imagens
ganhem em força como um campo atrativo a transgredir a realidade material. Essa
realidade quântica é caracterizada por uma condição chamada de não-localidade.
Numa
pesquisa feita por Randolphi Byrd envolvendo 393 pacientes da Unidade de
Atendimento a Cardíaco, do Hospital geral de São Francisco, foram formados dois
grupos, e um deles recebeu orações de algumas pessoas desconhecidas. Byrd
chegou a várias conclusões, que demonstram os efeitos positivos da oração. Por
exemplo: os pacientes que receberam orações tiveram uma propensão três vezes
maior de acumular líquido nos pulmões e ingeriram cinco vezes menos
antibióticos.
Percebemos
que a mente tem uma ação não-local que se relaciona com todo o Universo, num
processo chamado por Jung de sincronicidade. Temos então relações que se
estabelecem entre a mente individual e a mente mundo, ou entre o mundo interno
e o corpo, e se dão não só por uma relação simplista de causa e efeito, mas por
uma relação de sintonia por processos gerados por uma rede de significados, a
formar cadeias de eventos que se encontram de maneira coincidente através de
seus significados simbólicos. Alguns exemplos: o indivíduo desencarna e no
exato instante o relógio da parede de sua casa para de funcionar; uma pessoa
sonha que sua criança interior está maltratada e abandonada e alguns dias
depois ele atropela uma criança na rua; outra pessoa está querendo muito um
amor e quando para de se angustiar com isso acaba conhecendo alguém num momento
inesperado e muda sua rota habitual.
Cada
evento tem sua própria cadeia de causa e efeito, ou seja, o relógio não parou
porque a pessoa faleceu, parou por questões que envolvem problemas em sua
engrenagem; e a pessoa não desencarnou porque o relógio parou, mas sim porque alguma
coisa no seu sistema de vida falhou, gerando a morte. Mas houve esse encontro
significativo e simbólico, em que o tempo parou para ambos, gerando alguma
mensagem ou uma realidade convergente.
André
Luiz afirma com muita propriedade que nossa alma vive onde se lhe situa o
coração. Podemos resumir os processos entre a mente e a moral encontrados no
livro Mecanismos da mediunidade p.118 através dos seguintes tópicos:
1
– Caminharemos ao influxo de nossas próprias criações, seja onde for. A
gravitação no campo mental é tão incisiva quanto na esfera da experiência
física. A Lei Divina é o Bem de todos. Colaborar na execução de seus propósitos
sábios é iluminar a mente e clarear a vida. Opor-se entraves, a pretexto de
acalentar caprichos perniciosos, é obscurecer o raciocínio e coagular a sombra
ao redor de nós mesmos.
2
– nos domínios do Espírito não existe a neutralidade. Evoluímos com a luz
eterna, segundo os desígnios de Deus, ou estacionamos na treva, conforme a
indébita determinação de nosso eu.
Todos os dias, as formas se fazem e se desfazem. Vale a renovação interior com
acréscimo de visão, a fim de seguirmos à frente, com a verdadeira noção da
eternidade em que nos deslocamos no tempo.
3
– imaginar é criar. E toda criação tem vida e movimento, ainda que ligeiros,
impondo responsabilidade à consciência que a manifesta. E como a vida e o
movimento se vinculam aos princípios de permuta, é indispensável analisar o que
damos, a fim de ajuizar quanto àquilo que devamos receber. Quem apenas
mentaliza angústia e crime, miséria e perturbação, poderá refletir no espelho
da alma outras imagens que não sejam as da desarmonia e do sofrimento?
4
– é da forja viva da ideia que saem as asas dos anjos e as algemas dos
condenados. O pensamento exterioriza-se e projeta-se, formando imagens e
sugestões que arremessa sobre os objetivos que se propõe atingir. Quando
benigno e edificante, ajusta-se às leis que nos regem, criando harmonia e
felicidade, todavia, quando desequilibrado e deprimente, estabelece aflição e
ruína. A química mental vive na base de todas as transformações, porque realmente
evoluímos em profunda comunhão telepática com todos aqueles encarnados e
desencarnados que se afinam conosco.
Temos
que entender que os estados de sofrimentos e alegrias dependem muito menos da
realidade externa, e sim da forma como nossa mente vive essa realidade, e isso
se dá pelas imagens internas que vamos alimentando a todo momento. Podemos,
então, através do uso consciente de nossas forças espirituais criar uma nova
realidade interior. Mobilizando imagens positivas que possam trazer uma carga
de energia favorável e uma força estruturadora para nossa realidade espiritual.
Assim, o trabalho com nossas imagens interiores tem como objetivo:
1) exercitar nosso poder interior;
2) quebrar padrões viciados e negativos;
3) ativar o Eu Superior (Si);
4) criar novas realidades e
5) ser uma fonte de renovação e saúde.
Através do trabalho com os sonhos, da
imaginação ativa, dos processos da imaginação dirigidos e das mentalizações de
processos de cura, Joanna de Ângelis nos aponta uma série de recursos preciosos
para nossa transformação.
Divaldo, no livro de Sérgio Sinotti, A jornada numinosa de Divaldo Franco, nos
relata uma experiência de cura proporcionada pela visualização terapêutica
proposta por Joanna de Ângelis em favor de Nilson de Souza Pereira. No relato,
Divaldo afirma que a benfeitora refere que o organismo tem sublimes recursos
por sermos uma máquina divina, na qual a mente, sendo independente do corpo,
pode atuar sobre o mesmo. Para isso a técnica tem que ser usada de maneira sistemática, conforme
os objetivos buscados. Através de um ambiente tranquilo e convidativo, onde
não haverá interferências, busca-se uma postura relaxada, mas de forma que não
induza ao sono, com respiração serena e profunda, para depois, ao natural,
direcionar a mente em favor da visualização dirigida a que se propõe. Podemos
usar diversas formas de visualizar: imaginando a cura dos órgãos integrativos, terapêutico, diálogos
interiores com propósitos integrativos,
visualização de mudanças de comportamentos ou do esgotar de situações
emocionais, etc.
Joanna nos oferece dois excelentes
trabalhos com visualização, através de dois CDs chamados Visualizações Terapêuticas. Conforme é apresentado pela própria editora,
no cd visualizações terapêuticas –
viagem interior, “Divaldo explica o que é a visualização terapêutica, segundo
Joanna de Ângelis, e realiza dois exercícios práticos. As visualizações abrangem
experiências de autoconscientização, objetivando a superação de desafios que se
tornaram problemas perturbadores. Nas buscas do equilíbrio interior, fazem-se
necessárias mudanças dos comportamentos mental e moral, mediante a eliminação
dos conflitos angustiantes como: o ressentimento, o medo, a solidão, o ódio, o
ciúme, a maledicência e todos os adversários do processo de evolução do
Espírito”.
No cd visualizações terapêuticas – Saúde
(2011), “realiza dois exercícios práticos. A meditação torna-se-lhe o meio mais
eficaz para disciplinar a vontade, exercitando a paciência com que vencerá cada
dia as tendências inferiores nas quais se agrilhoa. Meditar é uma necessidade
imperiosa que se impõe antes de qualquer realização. Com esta atitude acalma-se
o discernimento, harmonizando-se os sentimentos”.
Conclusão do texto escrito por Gelson L.
Roberto, IMAGINAÇÃO CRIADORA E AS TÉCNICAS TERAPEUTICAS DE JOANNA DE
ANGELIS, no livro Refletindo a Alma. Postado
dia 24/02/2014.
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