segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014


A IMAGINAÇÃO CRIADORA E AS TÉCNICAS TERAPÊUTICAS DE JOANNA DE ÂNGELIS (continuação)

Avens em imaginação é realidade, também apresenta formulações demonstrando que tanto Jung quanto Cassirer consideram o símbolo como campo intermediário (tertium quid) entre o Espírito e a matéria. Os sentidos e o Espírito estão ligados numa nova forma de reciprocidade e correlação.
A função simbólica é a raiz comum tanto dos níveis (científico e filosófico), como dos níveis intuitivos artísticos, mítico e religioso da experiência. No dizer de Bachofen:  

O símbolo evoca a intuição... O símbolo estende as suas raízes até o fundo mais recôndito da alma... Só o símbolo consegue unir o mais diversificado no sentido de uma única impressão global... os símbolos arrebatam o espírito para além dos limites do finito e mortal até o reino do ser infinito. Eles estimulam intuições, são signos do inefável, inesgotáveis como estes. Colocação de Jacob em Complexo, arquétipo, símbolo na psicologia de C.G. Jung. P.75 
Os símbolos, quando acolhidos e vividos pela consciência, tornam-se uma epifania, na qual a psique reencontra o seu lugar e sentido. Joanna, junto com Kardec, nos apresenta a oportunidade de encontrarmos o homem interior e de começarmos a ser donos de nós mesmos. Através da imaginação criamos paisagens e movimentamos forças que estabelecem uma realidade para nós mesmos.
Como vimos no início, o Espirito está sempre criando a realidade através do poder da imagem e do pensamento, e o símbolo sintetiza ao mesmo tempo vários significados e uma carga imensa de energia. Quando Jesus falava por parábolas ele usava a imagem simbólica para penetrar não só no intelecto dos ouvintes, mas fundamentalmente nos seus corações. Podemos compreender que a imagem é a roupagem mental do Espirito, mantendo uma relação inseparável com o processo criativo do Espírito sempre produzindo para o bem ou para o mal, criando saúde ou construindo doenças.
Esse percurso teórico sobre os processos criativos e organizadores da imaginação serve para dar uma sustentação às pesquisas sobre o poder criador da imagem.  Alguns exemplos ilustram essa realidade e o papel da imaginação na cura. Uma pesquisa feita por pesquisadores norte-americanos indicou que crianças podem aprender a usar a imaginação  para lidar com dores abdominais frequentes. A pesquisa foi publicada na revista Pediactris e relata o trabalho de 30 crianças, na qual metade ouviu por 8 semanas um cd com imagens guiadas, através de estímulos em que as imagens favorecem a redução da dor. Ainda não está claro exatamente como o tratamento funciona, mas estudos mostraram que o resultado se deve em parte à redução da ansiedade, mas também a um efeito direto na resposta contra a dor. (diário da saúde, 2011)

Um estudo publicado pela revista Science descobriu que as pessoas que se imaginam comendo doces, acabam comendo menos quando têm a oportunidade. Em muitas outras pesquisas temos um trabalho interessante, como a imaginação auxilia nos processos de cura e bem-estar das pessoas.
O American Institute for Mental Imagery, em New York, dirigido pelo psiquiatra Gerald Epstein, tem pesquisado ao longo de mais de duas décadas a relação da imagem e as heranças fisiológicas. Para ele as imagens  comunicam-se com tecidos e órgãos e até células para promoverem uma mudança. Epstein provou que as imagens tem o dom de curar distúrbios físico e mentais e intensificar o nível geral de saúde e de bem-estar.(Epstein, no livro Imagens que curam).

Um verso dos Vedas diz que o que você vê, você se torna. Chopra, em A Cura Quântica, comenta em várias oportunidades sobre o poder que o universo mental exerce sobre o físico. O autor relata que pesquisadores conseguiram estabelecer algo como uma fotografia em 3D do percurso do pensamento, através de um processo conhecido como PET (Tomografia por Emissão de Pósitrons), onde se percebe que o corpo se modifica através de cascatas de neurotransmissores e moléculas mensageiras afins geradas por modelos de imagens mentais. Assim, nosso corpo é suficientemente fluido para espelhar os eventos mentais.
Goswami, em O médico quântico, através de um entendimento quântico da realidade, apresenta várias técnicas da medicina mente-corpo, onde relata a importância da visualização para o equilíbrio dos chacras, além de ser de grande ajuda para lidar com a supressão do sistema imunológico. Através de visualizações dirigidas, podemos conseguir vários caminhos de curra e reequilíbrio vital. Hoje já não temos dúvidas da eficácia da visualização para a cura de várias enfermidades, de doenças de pele e pacientes com câncer.
Uma das técnicas existentes é chamada de técnica de congelamento da imagem. Pearsall, no livro Memórias das células, Desenvolvida através de pesquisas pela Heart Math Institute, consiste em reconhecer uma situação estressante específica e de dar uma atenção às sensações provenientes do coração, em vez da cabeça. Depois disso, busca-se a recordação de um acontecimento muito positivo do passado. Com isso solicita-se mentalmente para o coração que propicie insights sobre a melhor maneira de lidar com a situação estressante, induzida pelo estado positivo do passado.
Mas a visualização em si é um processo que envolve muito mais do que apenas uma técnica formal de criar imagens, temos que dar vida e força, num movimento de sintonia emocional. O próprio Goswami, no O medico quântico, coloca que para entender esse processo de cura temos que reconhecer que existe um aspecto quântico, que está centrado na consciência e seus estados. Aspectos como fé e amorosidade são essenciais para que as imagens ganhem em força como um campo atrativo a transgredir a realidade material. Essa realidade quântica é caracterizada por uma condição chamada de não-localidade.
Numa pesquisa feita por Randolphi Byrd envolvendo 393 pacientes da Unidade de Atendimento a Cardíaco, do Hospital geral de São Francisco, foram formados dois grupos, e um deles recebeu orações de algumas pessoas desconhecidas. Byrd chegou a várias conclusões, que demonstram os efeitos positivos da oração. Por exemplo: os pacientes que receberam orações tiveram uma propensão três vezes maior de acumular líquido nos pulmões e ingeriram cinco vezes menos antibióticos.
Percebemos que a mente tem uma ação não-local que se relaciona com todo o Universo, num processo chamado por Jung de sincronicidade. Temos então relações que se estabelecem entre a mente individual e a mente mundo, ou entre o mundo interno e o corpo, e se dão não só por uma relação simplista de causa e efeito, mas por uma relação de sintonia por processos gerados por uma rede de significados, a formar cadeias de eventos que se encontram de maneira coincidente através de seus significados simbólicos. Alguns exemplos: o indivíduo desencarna e no exato instante o relógio da parede de sua casa para de funcionar; uma pessoa sonha que sua criança interior está maltratada e abandonada e alguns dias depois ele atropela uma criança na rua; outra pessoa está querendo muito um amor e quando para de se angustiar com isso acaba conhecendo alguém num momento inesperado e muda sua rota habitual.

Cada evento tem sua própria cadeia de causa e efeito, ou seja, o relógio não parou porque a pessoa faleceu, parou por questões que envolvem problemas em sua engrenagem; e a pessoa não desencarnou porque o relógio parou, mas sim porque alguma coisa no seu sistema de vida falhou, gerando a morte. Mas houve esse encontro significativo e simbólico, em que o tempo parou para ambos, gerando alguma mensagem ou uma realidade convergente.
André Luiz afirma com muita propriedade que nossa alma vive onde se lhe situa o coração. Podemos resumir os processos entre a mente e a moral encontrados no livro Mecanismos da mediunidade p.118 através dos seguintes tópicos:

1 – Caminharemos ao influxo de nossas próprias criações, seja onde for. A gravitação no campo mental é tão incisiva quanto na esfera da experiência física. A Lei Divina é o Bem de todos. Colaborar na execução de seus propósitos sábios é iluminar a mente e clarear a vida. Opor-se entraves, a pretexto de acalentar caprichos perniciosos, é obscurecer o raciocínio e coagular a sombra ao redor de nós mesmos.

2 – nos domínios do Espírito não existe a neutralidade. Evoluímos com a luz eterna, segundo os desígnios de Deus, ou estacionamos na treva, conforme a indébita determinação de nosso eu. Todos os dias, as formas se fazem e se desfazem. Vale a renovação interior com acréscimo de visão, a fim de seguirmos à frente, com a verdadeira noção da eternidade em que nos deslocamos no tempo.

3 – imaginar é criar. E toda criação tem vida e movimento, ainda que ligeiros, impondo responsabilidade à consciência que a manifesta. E como a vida e o movimento se vinculam aos princípios de permuta, é indispensável analisar o que damos, a fim de ajuizar quanto àquilo que devamos receber. Quem apenas mentaliza angústia e crime, miséria e perturbação, poderá refletir no espelho da alma outras imagens que não sejam as da desarmonia e do sofrimento?

4 – é da forja viva da ideia que saem as asas dos anjos e as algemas dos condenados. O pensamento exterioriza-se e projeta-se, formando imagens e sugestões que arremessa sobre os objetivos que se propõe atingir. Quando benigno e edificante, ajusta-se às leis que nos regem, criando harmonia e felicidade, todavia, quando desequilibrado e deprimente, estabelece aflição e ruína. A química mental vive na base de todas as transformações, porque realmente evoluímos em profunda comunhão telepática com todos aqueles encarnados e desencarnados que se afinam conosco.
Temos que entender que os estados de sofrimentos e alegrias dependem muito menos da realidade externa, e sim da forma como nossa mente vive essa realidade, e isso se dá pelas imagens internas que vamos alimentando a todo momento. Podemos, então, através do uso consciente de nossas forças espirituais criar uma nova realidade interior. Mobilizando imagens positivas que possam trazer uma carga de energia favorável e uma força estruturadora para nossa realidade espiritual. Assim, o trabalho com nossas imagens interiores tem como objetivo: 

1) exercitar nosso poder interior;

2) quebrar padrões viciados e negativos;

3) ativar o Eu Superior (Si);

4) criar novas realidades e

5) ser uma fonte de renovação e saúde. 
 

Através do trabalho com os sonhos, da imaginação ativa, dos processos da imaginação dirigidos e das mentalizações de processos de cura, Joanna de Ângelis nos aponta uma série de recursos preciosos para nossa transformação. 

Divaldo, no livro de Sérgio Sinotti, A jornada numinosa de Divaldo Franco, nos relata uma experiência de cura proporcionada pela visualização terapêutica proposta por Joanna de Ângelis em favor de Nilson de Souza Pereira. No relato, Divaldo afirma que a benfeitora refere que o organismo tem sublimes recursos por sermos uma máquina divina, na qual a mente, sendo independente do corpo, pode atuar sobre o mesmo. Para isso a técnica tem que ser usada de maneira sistemática, conforme os objetivos buscados. Através de um ambiente tranquilo e  convidativo, onde não haverá interferências, busca-se uma postura relaxada, mas de forma que não induza ao sono, com respiração serena e profunda, para depois, ao natural, direcionar a mente em favor da visualização dirigida a que se propõe. Podemos usar diversas formas de visualizar: imaginando a cura dos órgãos  integrativos, terapêutico, diálogos interiores com propósitos  integrativos, visualização de mudanças de comportamentos ou do esgotar de situações emocionais, etc. 

Joanna nos oferece dois excelentes trabalhos com visualização, através de dois CDs chamados Visualizações Terapêuticas.  Conforme é apresentado pela própria editora, no cd visualizações terapêuticas – viagem interior, “Divaldo explica o que é a visualização terapêutica, segundo Joanna de Ângelis, e realiza dois exercícios práticos. As visualizações abrangem experiências de autoconscientização, objetivando a superação de desafios que se tornaram problemas perturbadores. Nas buscas do equilíbrio interior, fazem-se necessárias mudanças dos comportamentos mental e moral, mediante a eliminação dos conflitos angustiantes como: o ressentimento, o medo, a solidão, o ódio, o ciúme, a maledicência e todos os adversários do processo de evolução do Espírito”. 

No cd visualizações terapêuticas – Saúde (2011), “realiza dois exercícios práticos. A meditação torna-se-lhe o meio mais eficaz para disciplinar a vontade, exercitando a paciência com que vencerá cada dia as tendências inferiores nas quais se agrilhoa. Meditar é uma necessidade imperiosa que se impõe antes de qualquer realização. Com esta atitude acalma-se o discernimento, harmonizando-se os sentimentos”.

Conclusão do texto escrito por Gelson L. Roberto, IMAGINAÇÃO CRIADORA E AS TÉCNICAS TERAPEUTICAS DE JOANNA DE ANGELIS, no livro Refletindo a Alma. Postado dia 24/02/2014.

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