A BUSCA DO SELF COLETIVO MEDIANTE A
GRATIDÃO
A
herança arquetípica da intolerância religiosa e de origem científica
a respeito das novas conquistas do pensamento causaram o surgimento de muitos
conflitos que atingem o ser humano, principalmente com relação ao seu comportamento
neurótico. Castradoras e inconsequentes, essas doutrinas foram e continuam sendo
ainda hoje responsáveis pela geração da culpa e da autopunição como instrumentos
de depuração pessoal, possibilitando o surgimento do ego neurótico.
Por outro
lado, o materialismo científico exagerando na valorização do corpo,
atribuindo-lhe necessidades que, são transformadas em exigências doentias de
comportamento que perturbam o processo normal de desenvolvimento das suas
funções orgânicas e psicológicas. Nem se viver para o corpo nem deixar-se de o
valorizar... O meio-termo é o mais saudável.
As
pessoas trazem necessidades de vário tipo, dependendo do estágio evolutivo de
cada uma. É natural, que se deseje adquirir valores que propiciem bem-estar, convivência
social saudável, afetividade enriquecedora, ao mesmo em que possam ocorrer
alguns fenômenos de tristeza, de amargura, de solidão, resultando em fugas da
realidade sem prejuízos psicológicos na sua estrutura íntima.
Indivíduos
conduzem conflitos severos, que fogem da experiência do autoenfrentamento, onde
tem a oportunidade de diluí-los nos relacionamentos humanos, protegem-se no
dogmatismo que se origina na ignorância, para transferir suas inseguranças e
angústias para os outros, proibindo a vivência da felicidade com a justificativa
de que a Terra é um vale de lágrimas ou
um lugar de desterro, onde o
sofrimento deve ser cultivado. Como também trazidas pelas inquietações e
frustrações sexuais, determinaram que o corpo é responsável pela perda do
Espírito, impondo regras de autopunição, de flagelação, de masoquismo,
submetendo-o através de mecanismos perversos, às exigências absurdas de
condutas antinaturais, violentadora do seu processo normal de desenvolvimento.
Conceitos
infelizes e sem justificativas, passaram a ser regras religiosas e outras
imposições culturais, consideradas como científicas, punindo o indivíduo pelas
suas necessidades biológicas e psicológicas, possibilitando sérios transtornos
na personalidade.
Porque
é inviável a violência em relação às necessidades emocionais e orgânicas do ser
humano, surgiram os mecanismos de fugas psicológicas e de hipocrisia,
construindo enfermos do selfI muito
preocupados com o ego. Quando seria mais importante, ser autêntico, normal, em processo de
crescimento, criou-se a máscara do parecer bem mesmo trazendo imensas aflições
internas.
O
que é sério nesse comportamento é a determinação de odiar-se o corpo para salvar-se a alma, como se a dualidade não resultasse
de uma interdependência em que o Espírito é o responsável pelo pensamento,
pelas aspirações, pelos sentimentos de que a organização fisiológica apresenta
como necessidades que se transformam em prazeres.
Responsável
pelo corpo em que se movimenta, o Espírito modela-o por intermédio do seu perispírito
incumbido das experiências anteriores de outras existências, trabalhando-lhe as
necessidades conforme a conduta e as
ações felizes ou infelizes que foram
praticadas naquela ocasião.
Como
consequência, o sentimento da gratidão desaparece, surgindo então o desconforto pela
vida física e o ressentimento pelos próprios fracassos, quando, ao contrário
desse comportamento, na realidade a Terra é uma formidável escola de bênçãos,
onde se vivenciam experiências em refazimento e outras em construção,
avançando-se sempre para a plenitude.
Toda
pessoa normal busca amar e ser amada, querer e conquistar valores que lhe
traduzam o estágio de evolução intelecto-moral, sorrir e chorar, como fenômenos
comuns do cotidiano.
Não
existem pessoas que não tragam esses anelos, a não ser que tenham passado por sérios
transtornos psicóticos que lhes fragilizaram a capacidade de discernir e de
compreender.
O importante
é como se aspira e o nível de equilíbrio que deve ser considerado, não se permitindo
abusos ou exageros surgidos na insatisfação neurótica.
É normal
querer ser aceito no grupo social e benquisto onde se esteja, sem prejudicar a
sua evolução moral, mas, constituindo um estímulo para o desenvolvimento dos
valores adormecidos.
Quando
o ego se neurotiza, surgem os transtornos como consequências negativas dos
fenômenos castradores, como falar demais ou não dizer nada, viver sempre em
luta pelo poder ou desinteressar-se totalmente de qualquer aspiração, esperar receber
afeto dos outros sem se doar às demais pessoas, falsas condutas de
autovalorização em prejuízo dos que formam o grupo familiar ou social.
O
mais grave nessa conduta é a maneira como são exteriorizadas as manifestações
do ego neurótico.
Algumas
pessoas expressam-se com agressividade, expondo-se com facilidade, colocando-se
sobre os outros, não escondendo os conflitos em que se debatem, enquanto que as
mais capazes e dissimuladoras, sabem como manipular o próximo e parecer vitimas
das incompreensões, cultivando a autocompaixão e abrindo espaço a desarmonias
onde se encontrem.
As manifestações
neuróticas apresentam-se sob várias formas de expressão, pedindo a todos,
cuidados especiais nos relacionamentos, para que se evite conflitos mais
graves, pois os pacientes dessa natureza encontram-se sempre armados contra, em
mecanismo contínuo de defesa como se estivessem ameaçados exteriormente...
Apesar
desses impositivos ancestrais e dessas heranças culturais perturbadoras, o self pessoal intui o melhor caminho a
percorrer e despreza os tormentos neuróticos do ego, abrindo espaço para a
compreensão da finalidade da existência que deve ser cultivada com alegria,
mesmo em momentos de desafios e dificuldades, ampliando a sua faixa de
realização até se mesclar no coletivo como forma de gratidão pela vida.
Conforme
o self se resolve desmascarar o ego
neurótico e se propõe a diluir os seus conflitos, modifica-se a realidade no
paciente, que passa a conviver melhor com as suas dificuldades, entendendo que
lhe é importante fazer uma análise mais cuidadosa a respeito da conduta pessoal
e social, que não podem ser corretas, já que se expressam contrário à
correnteza, ou seja, ao modus vivendi da
sociedade.
Aos poucos,
o indivíduo, percebe quantos valores positivos estão presentes no seu íntimo,
aprendendo a respeitar a vida e as suas conjunturas com alegria, modificando
uma ou outra circunstância ou realização, ao mesmo tempo descobrindo a benção
da gratidão por tudo quanto lhe acontece e frui, ampliando-se na direção à
sociedade.
O self coletivo torna possível adaptação no
seu contexto e, sem perder a identidade e as conquistas feitas, sente-se feliz pela
compreensão o quanto a sua existência é útil em relação a outras vidas e ao
conjunto cósmico.
Ninguém
pode negar-se a essa percepção, que enriquece com a saudável alegria de lutar e
continuar nos ideais que promovem o bem-estar coletivo e a felicidade de todos.
O
Espírito percebe como é importante a sua contribuição para o conjunto e como é
necessário que ocorra a sua própria evolução.
Fatalmente,
aos poucos, os complexos de inferioridade, os transtornos de comportamento, os
conflitos arquetípicos abrem espaço ao ego equilibrado sob saudável
administração do self, estruturando a
nova sociedade do futuro.
Nesse
momento a gratidão ilumina interiormente o ser humano e torna-o elemento importante
no conjunto espiritual da humanidade.
Texto
trabalhado do livro Psicologia da
Gratidão, pelo Espírito Joanna
de Ângelis psicografia de Divaldo
Pereira Franco.
Postado dia 20/02/2014.
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