sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014


A BUSCA DO SELF COLETIVO MEDIANTE A GRATIDÃO

A herança arquetípica da intolerância religiosa e de origem científica a respeito das novas conquistas do pensamento causaram o surgimento de muitos conflitos que atingem o ser humano, principalmente com relação ao seu comportamento neurótico. Castradoras e inconsequentes, essas doutrinas foram e continuam sendo ainda hoje responsáveis pela geração da culpa e da autopunição como instrumentos de depuração pessoal, possibilitando o surgimento do ego neurótico.

Por outro lado, o materialismo científico exagerando na valorização do corpo, atribuindo-lhe necessidades que, são transformadas em exigências doentias de comportamento que perturbam o processo normal de desenvolvimento das suas funções orgânicas e psicológicas. Nem se viver para o corpo nem deixar-se de o valorizar... O meio-termo é o mais saudável.

As pessoas trazem necessidades de vário tipo, dependendo do estágio evolutivo de cada uma. É natural, que se deseje adquirir valores que propiciem bem-estar, convivência social saudável, afetividade enriquecedora, ao mesmo em que possam ocorrer alguns fenômenos de tristeza, de amargura, de solidão, resultando em fugas da realidade sem prejuízos psicológicos na sua estrutura íntima.

Indivíduos conduzem conflitos severos, que fogem da experiência do autoenfrentamento, onde tem a oportunidade de diluí-los nos relacionamentos humanos, protegem-se no dogmatismo que se origina na ignorância, para transferir suas inseguranças e angústias para os outros, proibindo a vivência da felicidade com a justificativa de que a Terra é um vale de lágrimas ou um lugar de desterro, onde o sofrimento deve ser cultivado. Como também trazidas pelas inquietações e frustrações sexuais, determinaram que o corpo é responsável pela perda do Espírito, impondo regras de autopunição, de flagelação, de masoquismo, submetendo-o através de mecanismos perversos, às exigências absurdas de condutas antinaturais, violentadora do seu processo normal de desenvolvimento.

Conceitos infelizes e sem justificativas, passaram a ser regras religiosas e outras imposições culturais, consideradas como científicas, punindo o indivíduo pelas suas necessidades biológicas e psicológicas, possibilitando sérios transtornos na personalidade.

Porque é inviável a violência em relação às necessidades emocionais e orgânicas do ser humano, surgiram os mecanismos de fugas psicológicas e de hipocrisia, construindo enfermos do selfI muito preocupados com o ego. Quando seria mais importante,  ser autêntico, normal, em processo de crescimento, criou-se a máscara do parecer bem mesmo trazendo imensas aflições internas.

O que é sério nesse comportamento é a determinação de odiar-se o corpo para salvar-se a alma, como se a dualidade não resultasse de uma interdependência em que o Espírito é o responsável pelo pensamento, pelas aspirações, pelos sentimentos de que a organização fisiológica apresenta como necessidades que se transformam em prazeres.

Responsável pelo corpo em que se movimenta, o Espírito modela-o por intermédio do seu perispírito incumbido das experiências anteriores de outras existências, trabalhando-lhe as necessidades  conforme a conduta e as ações felizes ou infelizes que  foram praticadas naquela ocasião.

Como consequência, o sentimento da gratidão  desaparece, surgindo então o desconforto pela vida física e o ressentimento pelos próprios fracassos, quando, ao contrário desse comportamento, na realidade a Terra é uma formidável escola de bênçãos, onde se vivenciam experiências em refazimento e outras em construção, avançando-se sempre para a plenitude.

Toda pessoa normal busca amar e ser amada, querer e conquistar valores que lhe traduzam o estágio de evolução intelecto-moral, sorrir e chorar, como fenômenos comuns do cotidiano.

Não existem pessoas que não tragam esses anelos, a não ser que tenham passado por sérios transtornos psicóticos que lhes fragilizaram a capacidade de discernir e de compreender.

O importante é como se aspira e o nível de equilíbrio que deve ser considerado, não se permitindo abusos ou exageros surgidos na insatisfação neurótica.

É normal querer ser aceito no grupo social e benquisto onde se esteja, sem prejudicar a sua evolução moral, mas, constituindo um estímulo para o desenvolvimento dos valores adormecidos.

Quando o ego se neurotiza, surgem os transtornos como consequências negativas dos fenômenos castradores, como falar demais ou não dizer nada, viver sempre em luta pelo poder ou desinteressar-se totalmente de qualquer aspiração, esperar receber afeto dos outros sem se doar às demais pessoas, falsas condutas de autovalorização em prejuízo dos que formam o grupo familiar ou social.

O mais grave nessa conduta é a maneira como são exteriorizadas as manifestações do ego neurótico.

Algumas pessoas expressam-se com agressividade, expondo-se com facilidade, colocando-se sobre os outros, não escondendo os conflitos em que se debatem, enquanto que as mais capazes e dissimuladoras, sabem como manipular o próximo e parecer vitimas das incompreensões, cultivando a autocompaixão e abrindo espaço a desarmonias onde  se encontrem.

As manifestações neuróticas apresentam-se sob várias formas de expressão, pedindo a todos, cuidados especiais nos relacionamentos, para que se evite conflitos mais graves, pois os pacientes dessa natureza encontram-se sempre armados contra, em mecanismo contínuo de defesa como se estivessem ameaçados exteriormente...

Apesar desses impositivos ancestrais e dessas heranças culturais perturbadoras, o self pessoal intui o melhor caminho a percorrer e despreza os tormentos neuróticos do ego, abrindo espaço para a compreensão da finalidade da existência que deve ser cultivada com alegria, mesmo em momentos de desafios e dificuldades, ampliando a sua faixa de realização até se mesclar no coletivo como forma de gratidão pela vida.

Conforme o self se resolve desmascarar o ego neurótico e se propõe a diluir os seus conflitos, modifica-se a realidade no paciente, que passa a conviver melhor com as suas dificuldades, entendendo que lhe é importante fazer uma análise mais cuidadosa a respeito da conduta pessoal e social, que não podem ser corretas, já que se expressam contrário à correnteza, ou seja, ao modus vivendi da sociedade.

Aos poucos, o indivíduo, percebe quantos valores positivos estão presentes no seu íntimo, aprendendo a respeitar a vida e as suas conjunturas com alegria, modificando uma ou outra circunstância ou realização, ao mesmo tempo descobrindo a benção da gratidão por tudo quanto lhe acontece e frui, ampliando-se na direção à sociedade.

O self coletivo torna possível adaptação no seu contexto e, sem perder a identidade e as conquistas feitas, sente-se feliz pela compreensão o quanto a sua existência é útil em relação a outras vidas e ao conjunto cósmico.

Ninguém pode negar-se a essa percepção, que enriquece com a saudável alegria de lutar e continuar nos ideais que promovem o bem-estar coletivo e a felicidade de todos.

O Espírito percebe como é importante a sua contribuição para o conjunto e como é necessário que ocorra a sua própria evolução.

Fatalmente, aos poucos, os complexos de inferioridade, os transtornos de comportamento, os conflitos arquetípicos abrem espaço ao ego equilibrado sob saudável administração do self, estruturando a nova sociedade do futuro.

Nesse momento a gratidão ilumina interiormente o ser humano e torna-o elemento importante no conjunto espiritual da humanidade.

Texto trabalhado do livro Psicologia da Gratidão, pelo Espírito Joanna de Ângelis psicografia de Divaldo Pereira Franco.

Postado dia 20/02/2014.

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