segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014


BREVE HISTÓRICO DA DEPRESSÃO

Inicialmente a depressão era entendida como Melancolia, sendo essa a forma mais antiga para designar a patologia dos humores tristes. O termo melancolia e suas diferentes formas de uso estão relacionados com sua história: é muito antigo, anterior ao advento das ciências modernas. Suas origens remontam à Grécia antiga, alguns séculos antes de Cristo, época em que a arte, tragédia e filosofia se encontravam. Nas obras de arte, nos escritos literários, nos textos da antiga filosofia com Aristóteles e também na Bíblia encontramos a presença da melancolia, e esse termo resistiu forte até meados do século XIX, período em que foi substituída pela palavra depressão. (Marco Antonio Rotta Texeira, Da Melancolia à Depressão: Genialidade versos Loucura, in. Encontros de Psicologia, Unesp.

Na mitologia, o sofrimento melancólico é encontrado na Ilíada (cerca de 850 a.C.) de Homero, na descrição do sofrimento do herói Belerofonte (canto IV versos 200-203) que foi condenado a vagar na solidão e desespero. Já no sec. V a.C. a melancolia se apresenta nos escritos de Hipócrates de Cós (460 – 377 a.C.), considerado o pai da Medicina; é a ele atribuída a origem daquele termo, que é definido “como um estado de tristeza e medo de longa duração.” (Idem TEXEIRA, 2007)

Hipócrates já diferenciava a melancolia em endógena-aquela que aparece sem motivo aparente- e exógena, surge em resultado de um trauma externo. Ele sintetiza a melancolia da seguinte forma: “é a perda do amor pela vida, uma situação na qual a pessoa aspira à morte como se fosse uma benção.” (Opus citatum, Teixeira, 2007)

Foi através da “teoria dos humores” que Hipócrates explicou a melancolia. Para ele o temperamento dependia do equilíbrio de quatro humores básicos no corpo: o sangue, a fleuma, a bílis amarela e a bílis negra. O acúmulo de algum dos elementos dos humores resultava no predomínio de determinado temperamento, sanguíneo, fleumático, bilioso ou colérico e ou melancólico. Ele comparava a bílis negra ao outono, e como a terra, era fria e seca, tornando-a hostil à vida e podendo ocasionar a melancolia, uma doença resultante do acúmulo de bílis negra no baço. Essa teoria de bílis negra como causadora da melancolia caminhou pelos séculos nos escritos de diversos pensadores.
No século XVI, época da primeira aparição da palavra Psicologia e do crescente interesse pelo estudo da mente, a melancolia-como uma doença-começa a ser estudada abundantemente por médicos e pensadores. As fronteiras entre Medicina e Filosofia eram tênues, entretanto, o conceito de melancolia era mais filosófico.
Com o desenvolvimento científico, no século XIX, o termo depressão ganhou força, em detrimento da melancolia. A palavra depressão entrou em uso na psiquiatria europeia por volta do século XVIII, vindo do francês a partir do latim, depremere, que significa pressionar para baixo.
Texto concluído. Postado em 03/02/2014. Do livro REFLETINDO A ALMA, Escrito por Iris Sinoti

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