terça-feira, 21 de abril de 2015

COMPROMISSOS DA GRATIDÃO


No SERMÃO DA MONTANHA, depois das bem-aventuranças, Jesus enunciou com sabedoria e vigor:

“Amai aos vossos inimigos e orai pelos  que vos perseguem, para que vos torneis filho do vosso Pai que está nos céus, porque Ele faz nasceu o Seu Sol sobre maus e bons e faz chover sobre justos e injustos” (Mt. 5:44-45)

A recomendação proposta pelo psicólogo incomparável ainda hoje surpreende, a aquele que  reflete em torno dos textos das escrituras que evocam a sua palavra.
A recomendação tradicional impunha o revide ao mal com equivalente mal, e continua tal conduta enferma em muitas legislações ensandecidas, impondo punições marcadas pela crueldade com  relação aos que são surpreendidos em erro, distanciadas da justiça e da reeducação do criminoso,  que é fundamental.
Nos relacionamentos familiares e sociais, profissionais e artísticos, e em outros, a conduta retributiva baseada na antiga conduta injusta, que continua registrada no inconsciente individual e coletivo, criando transtornos graves tanto pessoais como sociais.
Não se espera que o tratamento que se dê ao perverso seja descuidado com relação a sua conduta ignóbil, o que não se deve é agir de forma equivalente, aplicando-lhe penas de acordo com o  seu nível primitivo de evolução, sendo lícito dar-lhe condições para reparar os danos causados, recuperar-se frente às suas vítimas e à sua consciência, de reintegrar-se na sociedade...
Essa atitude, a de oferecer oportunidade de agir com equilíbrio, é caracterizada pelo perdão às suas atitudes arbitrárias, porem sem conivência com o seu delito, mas também sem cercear a graça do amor que retira o criminoso da masmorra sem grades em que se encarcera, conduzindo-o à sociedade que foi ferida e aguarda-lhe a cooperação para ser cicatrizada, superando a sua hediondez.
A proposta de Jesus, do amor em retribuição ao mal, também é uma maneira psicológica saudável da gratidão, por possibilitar a vivência da abnegação e da caridade. Não significa abafar o deslize  praticado, mas reconhecer que ele (o deslize) possibilita surgir e expandir os sentimentos superiores da compaixão e da misericórdia que devem vigorar nos indivíduos e nos grupos sociais.
A gratidão é a mais sutil psicoterapia para os males que se instalam na sociedade constituída em grande parte por Espíritos enfermos.
Quando alguém consegue ofertá-la com espontaneidade e sem alarde, produz clima psíquico de harmonia que o beneficia e aos demais que o cercam, porque não ressuma o mal da revolta ou da queixa sistemática...
A gratidão deve transformar-se em hábito natural no comportamento maduro de todos os seres humanos. Para que seja conseguida, necessita de treinamento, de exercício diário, em razão da sombra vigilante que propele à conduta da distância, da indiferença ou mesmo da ingratidão.
O ingrato, além de imaturo psicológico, é vítima da inveja, da competitividade doentia, do primarismo evolutivo.
A ingratidão está presente nos grupos sociais onde predominam o egoísmo e a sordidez.
O grande desafio existencial é o de bem viver e não o de viver bem, entulhado de coisas e ansioso por novas aquisições entre tormentos íntimos e desconfianças afligentes. Nesse sentido, é muito grata a recomendação de Jesus, convidando ao amor mesmo em relação aos adversários, porque eles, sim, são os doentes, pois escolheram as atitudes agressivas e destrutivas, somando resíduos de inconformismo e de ira, que acabam causando lamentáveis somatizações.
Quando se consegue não devolver o mal na sua mesma e doentia moeda, o self (ou eu profundo, o ser real) alegra-se e o seu eixo com o ego torna-se menor em distância separatista, diluindo pouco a pouco as suas fixações. Mas, quando se consegue amar o adversário, lembrá-lo sem ressentimento, compadecer-se da alienação em que se encontra, todo um contingente de arquétipos perturbadores abre lugar para emoções saudáveis, que proporcionam alegria de viver e de lutar, estimulando o crescimento interno e a sua contínua ascensão ideológica. 
Não sendo vitalizado pelo rancor, o ódio autoconsome-se, não encontrando revide, a ofensa perde o seu significado, e não se retribuindo o mal pelo mal que lhe foi dirigido, este desaparece.
Opor-se e resistir ao mal fortalece a energia nociva que é enviada, pois a ressonância vibratória e, o revide, recebe a potência da resposta. Não valorizar o mal nem lhe atribuir sentido é a maneira mais eficiente de amar os agressores e os perversos.
Um olhar rápido da natureza ensina a presença da gratidão por toda parte.
A tempestade maltrata a terra e despedaça tudo que encontra ao alcance, espalha pavor e destruição. Logo que passa, a vida renova a paisagem, recompõe a flora e a fauna, restitui a beleza, num ato de gratidão à ocorrência agressiva.
O solo sulcado pela enxada bem manejada agradece ao lavrador que o feriu, reverdecendo, transformado e transbordante de vida. Mesmo a erva má que cresce no lugar, também agradece, coroando-se de flores na primavera.
Mas nem sempre, o ser humano consegue viver a psicologia da gratidão. Pode começar o dia com alegria e gentileza, conforme, as horas vão passando e vão ocorrendo os incidentes na convivio familiar, no trânsito, no trabalho, eles agem com impulsos agressivo-defensivos, seguindo a correnteza dos desesperados... Outras vezes, vai  dormir bem disposto e grato, exteriorizando alegria vinda dos acontecimentos. Apesar disso, sonhos perturbadores, episódios de insônia, distúrbios gástricos tomam-no e, quando acorda, o mau humor faz-se presente, fazendo o seu dia desagradável e o seu comportamento irreconhecível.
É natural que assim aconteça. Mas, tendo passado o fenômeno perturbador, é necessário voltar às atitudes gratulatória anteriores, insistindo-se sem desânimo para automatizá-las, para que elas continuem presentes ainda que em momentos desafiadores e desconfortáveis.
Existe um costume presente no ser humano de recordar sempre mais dos insucessos, dos maus momentos, das contrariedades, das tristezas e das agressões sofridas e muito menos das alegrias e bons momentos considerados secundários na memória. Esse comportamento produz e mantem a presença do pessimismo, da queixa, do azedume, da depressão.
Uma reflexão rápida seria suficiente para transformar os acontecimentos enfermiços, ricos de perigosas evocações, em motivo de gratidão, pois que, apesar dos acontecimentos desagradáveis, a vida modificou-se totalmente, sobreviveu-se a tudo, vieram êxitos, aconteceram experiências iluminativas, amizades gentis, fatos positivos não esperados...
Gratidão, por todos os acontecimentos, deve ser sempre a atitude mental e emocional dos seres humanos.
O caminho da vitória é pavimentada por equívocos e acertos, tropeços e corrigendas, porem, a conquista do patamar almejado que cada um tem em mente, é sempre o mais importante.
Perseverando-se e treinando-se gratidão, o sentido de liberdade e de infinito apossa-se do self que se torna numinoso, portanto, pleno.
Texto trabalhado por Adáuria a partir do livro Psicologia da Gratidão, pelo espirito Joanna de Ângelis, médium Divaldo Pereira Franco. 21/04/2015







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