A GRATIDÃO NA FAMÍLIA
Acreditava-se que, pelo
grande desenvolvimento das ciências e da contribuição da tecnologia, o ser
humano conseguiria, a harmonia e o crescimento moral. Nunca houve tantas conquistas
intelectuais e atividades culturais, e de recreação como nos dias atuais.
O conforto e as facilidades trazidas
pelos instrumentos eletroeletrônicos vem facilitando a vida de bilhões de seres
humanos, embora, grande parcela da humanidade ainda viva na miséria, ou abaixo
da linha de pobreza, sofrendo falta de pão, de roupa, de medicamento, de
trabalho, de educação, de dignidade...
Nunca houve tantos
divertimentos e técnicas de lazer, facilidades para os relacionamentos, para a
fraternidade, para a harmonia entre as pessoas. Porém, não é o que acontece na Terra,
aonde pululam a solidão, a ansiedade e o medo como uma epidemia. As doenças, resultantes
das somatizações dos distúrbios psicológicos, desgastam muitas vítimas. Preocupa
os muitos transtornos de comportamento na afetividade, nas doenças
cardiovasculares, do câncer, citando apenas
algumas doenças mais alarmantes.
Desconfiado, com o medo presente
na emoção, o novo ser humano superconfortado, esconde-se na solidão, comunicando-se
com as pessoas por aparelhos virtuais evitando o contato corporal, mais
saudável e que enriquece.
Consequentemente, os padrões
ético-morais, foram alterados as suas formulações e o vale-tudo assumiu o
lugar, onde a prioridade é a do cinismo, do deboche, do despudor, da astúcia. A
ânsia pela conquista da fama amesquinha esse indivíduo intelectualizado, mas
não moralizado, levando-o à qualquer
conduta que o leve ao estrelato, à posição top, conforme os conceitos
estabelecidos por outros líderes também atormentados.
A moral, a dignidade, o bom
procedimento tornaram-se condutas esquisitas, ultrapassados pelos expertos das
fantasias do erotismo e da insensatez.
É preciso sobressair-se no
grupo social, ser admirado e invejado, voar nas alturas, ser inacessível, estar
rodeado de admiradores e bajuladores que detestam os ídolos que parecem
admirar, lamentando não estarem no lugar deles, que os tratam com desdém e
enfado...
No começo, submetem-se a
todas as exigências da futilidade para chamarem a atenção, e quando se tornam
conhecidos, escondem-se atrás de óculos escuros, perucas, escapando pelas portas
dos fundos dos hotéis, para se livrarem dos fanáticos que os aplaudem até surgir
outros mais alucinados e exóticos...
A anorexia e a bulimia
instala-se na juventude ansiosa que se submete aos absurdos programas de
emagrecimento para conquistar a beleza física, recorrendo aos anabolizantes,
aos implantes, às cirurgias perigosas, numa luta sem fim para atingir as metas buscadas.
Nesse quadro, a família destruiu-se,
a comunhão doméstica transtornou-se, a
sombra coletiva passou a dominar o santuário do lar e a desagregação
substituiu a união.
Mães emocionalmente enfermas
e imaturas disputam com as filhas os namorados, repetindo a tragédia de
Electra, e pais saturados de gozo entregam-se ao adultério como destaque no
grupo social que os aponta como alvos de admiração.
O desrespeito campeia,
originando-se nos pais que veem nos filhos uma carga que lhes dificulta o
movimento nas áreas insensatas do prazer ou como forma narcisista de exibição, esperando
que deem continuidade aos seus disparates ou expondo-a, desde cedo, em
caricaturas de adultos nos programas de TV e de rádio, de teatro e de cinema,
em processos de transferência dos próprios fracassos.
O ego destaca-se, perverso
em todos os sentidos, e a ingratidão marca o jeito de ser de cada um. Pensa-se exclusivamente no
interesse pessoal, mesmo com prejuízo dos outros, e a competição desleal destrói
os relacionamentos, com raras exceções, trabalhados pela hipocrisia e pela
animosidade mal disfarçada.
Nesse quadro, a traição, o
descaso por aqueles que ajudaram no começo da caminhada, a ingratidão se faz
presente de forma assustadora.
Mas
a ingratidão é doença da alma
necessitando de tratamento urgente nas suas origens.
O ingrato é alguém que perdeu o endereço da
felicidade e, aturdido, perambula por caminhos equivocados.
Ninguém
nasce grato, nem consegue a gratidão de um salto.
Aprende-se
gratidão pela prática,
que deve começar na família, essa sociedade em miniatura, onde a afetividade revela-se
naturalmente.
Família não é apenas o
grupamento doméstico, mas a reunião de Espíritos reencarnados com programa de
evolução espiritual anteriormente estabelecido.
Como condição imposta pelas
leis da vida, muitas vezes não se tem a família que se gostaria, composta de
pessoas afáveis e generosas, o renascimento ocorre junto aos Espíritos que se
necessitam uns dos outros para o objetivo da evolução.
Alguns grupos familiares
transformam-se em praças de guerra em permanente combate, onde cada um reage
contra, ou detesta o outro, sem o compromisso de reabilitação e de
identificação pessoal.
É nesse difícil espaço que o
Espírito vai desenvolver-se, transformar os maus em bons sentimentos, praticando a fraternidade e a gratidão.
Conseguir
praticar a gratidão em
relação aos familiares hostis é um desafio à sombra pessoal que domina no clã...
Nem sempre se consegue o
melhor resultado, porém, criado o hábito de compreender o outro, considerando-o
enfermo ou necessitado, é método eficaz para o objetivo.
Quando se enfrentam
obstáculos mais graves, maiores conquistas se marcam, após vencidos.
No lar, essas dificuldades devem
trazer o sentimento de gratidão pela
oportunidade de compensar débitos anteriormente adquiridos, desenvolver a
paciência, exercitar a tolerância e a compaixão, aprimorando o self (o ser
profundo, o ser interior, o ser real, o espirito).
Do lar, os sentimentos de
amizade e de compreensão crescem em direção da sociedade, que é a grande
família onde todos devem unir-se para construir a felicidade coletiva.
Quando, os desafios parecem
quase insuportáveis, um poema de alegria deve ser cantado no íntimo, daquele
que se esforça pelo triunfo, aceitando as circunstancias, perversas às vezes,
alterando-as uma a uma, para melhor.
Lutas desse nível elevam o ser humano à condição
enobrecida de criatura integral,
ajudando-a a desenvolver o deus interno,
necessitada dos estímulos fortes, tanto interiores quanto externos para romper o casulo do ego e insculpir-se no
self.
Para o sucesso do
empreendimento, o amor e a gratidão são as forças dinâmicas ao
alcance do lutador.
Não
há ninguém impermeável ao amor, a um gesto de bondade, à gratidão sincera.
Uma família gentil e
harmônica, e existem muitas delas, já é, nela mesma, um hino de louvor, de gratidão à vida. Aquela turbulenta e
trabalhosa torna-se teste de resistência ao mal e porta que se abre ao bem,
aproveitando os inestimáveis valores oferecidos pela ciência e pela tecnologia
para instaurar na Terra, desde hoje, os pródromos do mundo melhor de amanhã.
Nenhuma sombra individual e
coletiva construídas no processo evolutivo sobrevive, mas se integram por intermédio
da gratidão no eixo do self em equilíbrio.
Os resultados dessa
conquista são a cura dos desajustes e das doenças, o surgimento da saúde
integral, da alegria de viver, do bem-estar, a conquista do numinoso.
A gratidão no lar anula o individualismo egóico,
preservando a individualidade que alcançará a individuação.
Texto trabalhado do livro
Psicologia da Gratidão, escrito pelo espírito Joanna de Ângelis, psicografado
por Divaldo Pereira Franco. Publicado dia 26/04/2015
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