domingo, 26 de abril de 2015

A GRATIDÃO NA FAMÍLIA

Acreditava-se que, pelo grande desenvolvimento das ciências e da contribuição da tecnologia, o ser humano conseguiria, a harmonia e o crescimento moral. Nunca houve tantas conquistas intelectuais e atividades culturais, e de recreação como nos dias atuais.

O conforto e as facilidades trazidas pelos instrumentos eletroeletrônicos vem facilitando a vida de bilhões de seres humanos, embora, grande parcela da humanidade ainda viva na miséria, ou abaixo da linha de pobreza, sofrendo falta de pão, de roupa, de medicamento, de trabalho, de educação, de dignidade...

Nunca houve tantos divertimentos e técnicas de lazer, facilidades para os relacionamentos, para a fraternidade, para a harmonia entre as pessoas. Porém, não é o que acontece na Terra, aonde pululam a solidão, a ansiedade e o medo como uma epidemia. As doenças, resultantes das somatizações dos distúrbios psicológicos, desgastam muitas vítimas. Preocupa os muitos transtornos de comportamento na afetividade, nas doenças cardiovasculares, do câncer, citando apenas  algumas doenças mais alarmantes.

Desconfiado, com o medo presente na emoção, o novo ser humano superconfortado, esconde-se na solidão, comunicando-se com as pessoas por aparelhos virtuais evitando o contato corporal, mais saudável e que enriquece.
Consequentemente, os padrões ético-morais, foram alterados as suas formulações e o vale-tudo assumiu o lugar, onde a prioridade é a do cinismo, do deboche, do despudor, da astúcia. A ânsia pela conquista da fama amesquinha esse indivíduo intelectualizado, mas não moralizado, levando-o à  qualquer conduta que o leve ao estrelato, à posição top, conforme os conceitos estabelecidos por outros líderes também atormentados.

A moral, a dignidade, o bom procedimento tornaram-se condutas esquisitas, ultrapassados pelos expertos das fantasias do erotismo e da insensatez.

É preciso sobressair-se no grupo social, ser admirado e invejado, voar nas alturas, ser inacessível, estar rodeado de admiradores e bajuladores que detestam os ídolos que parecem admirar, lamentando não estarem no lugar deles, que os tratam com desdém e enfado...

No começo, submetem-se a todas as exigências da futilidade para chamarem a atenção, e quando se tornam conhecidos, escondem-se atrás de óculos escuros, perucas, escapando pelas portas dos fundos dos hotéis, para se livrarem dos fanáticos que os aplaudem até surgir outros mais alucinados e exóticos...

A anorexia e a bulimia instala-se na juventude ansiosa que se submete aos absurdos programas de emagrecimento para conquistar a beleza física, recorrendo aos anabolizantes, aos implantes, às cirurgias perigosas, numa luta sem fim para atingir as metas buscadas.

Nesse quadro, a família destruiu-se, a comunhão doméstica transtornou-se, a sombra coletiva passou a dominar o santuário do lar e a desagregação substituiu a união.

Mães emocionalmente enfermas e imaturas disputam com as filhas os namorados, repetindo a tragédia de Electra, e pais saturados de gozo entregam-se ao adultério como destaque no grupo social que os aponta como alvos de admiração.

O desrespeito campeia, originando-se nos pais que veem nos filhos uma carga que lhes dificulta o movimento nas áreas insensatas do prazer ou como forma narcisista de exibição, esperando que deem continuidade aos seus disparates ou expondo-a, desde cedo, em caricaturas de adultos nos programas de TV e de rádio, de teatro e de cinema, em processos de transferência dos próprios fracassos.

O ego destaca-se, perverso em todos os sentidos, e a ingratidão marca o jeito de ser de cada um. Pensa-se exclusivamente no interesse pessoal, mesmo com prejuízo dos outros, e a competição desleal destrói os relacionamentos, com raras exceções, trabalhados pela hipocrisia e pela animosidade mal disfarçada.

Nesse quadro, a traição, o descaso por aqueles que ajudaram no começo da caminhada, a ingratidão se faz presente de forma assustadora.

Mas a ingratidão é doença da alma necessitando de tratamento urgente nas suas origens.

O ingrato é alguém que perdeu o endereço da felicidade e, aturdido, perambula por caminhos equivocados.

Ninguém nasce grato, nem consegue a gratidão de um salto.

Aprende-se gratidão pela prática, que deve começar na família, essa sociedade em miniatura, onde a afetividade revela-se naturalmente. 

Família não é apenas o grupamento doméstico, mas a reunião de Espíritos reencarnados com programa de evolução espiritual anteriormente estabelecido.

Como condição imposta pelas leis da vida, muitas vezes não se tem a família que se gostaria, composta de pessoas afáveis e generosas, o renascimento ocorre junto aos Espíritos que se necessitam uns dos outros para o objetivo da evolução.

Alguns grupos familiares transformam-se em praças de guerra em permanente combate, onde cada um reage contra, ou detesta o outro, sem o compromisso de reabilitação e de identificação pessoal.

É nesse difícil espaço que o Espírito vai desenvolver-se, transformar os maus em bons sentimentos, praticando a fraternidade e a gratidão.

Conseguir praticar a gratidão em relação aos familiares hostis é um desafio à sombra pessoal que domina no clã...

Nem sempre se consegue o melhor resultado, porém, criado o hábito de compreender o outro, considerando-o enfermo ou necessitado, é método eficaz para o objetivo.

Quando se enfrentam obstáculos mais graves, maiores conquistas se marcam, após vencidos.

No lar, essas dificuldades devem trazer o sentimento de gratidão pela oportunidade de compensar débitos anteriormente adquiridos, desenvolver a paciência, exercitar a tolerância e a compaixão, aprimorando o self (o ser profundo, o ser interior, o ser real, o espirito).

Do lar, os sentimentos de amizade e de compreensão crescem em direção da sociedade, que é a grande família onde todos devem unir-se para construir a felicidade coletiva.

Quando, os desafios parecem quase insuportáveis, um poema de alegria deve ser cantado no íntimo, daquele que se esforça pelo triunfo, aceitando as circunstancias, perversas às vezes, alterando-as uma a uma, para melhor.

Lutas desse nível elevam o ser humano à condição enobrecida de criatura integral, ajudando-a a desenvolver o deus interno, necessitada dos estímulos fortes, tanto interiores quanto externos para romper o casulo do ego e insculpir-se no self.

Para o sucesso do empreendimento, o amor e a gratidão são as forças dinâmicas ao alcance do lutador.
Não há ninguém impermeável ao amor, a um gesto de bondade, à gratidão sincera.

Uma família gentil e harmônica, e existem muitas delas, já é, nela mesma, um hino de louvor, de gratidão à vida. Aquela turbulenta e trabalhosa torna-se teste de resistência ao mal e porta que se abre ao bem, aproveitando os inestimáveis valores oferecidos pela ciência e pela tecnologia para instaurar na Terra, desde hoje, os pródromos do mundo melhor de amanhã.

Nenhuma sombra individual e coletiva construídas no processo evolutivo sobrevive, mas se integram por intermédio da gratidão no eixo do self em equilíbrio.

Os resultados dessa conquista são a cura dos desajustes e das doenças, o surgimento da saúde integral, da alegria de viver, do bem-estar, a conquista do numinoso.

A gratidão no lar anula o individualismo egóico, preservando a individualidade que alcançará a individuação.


Texto trabalhado do livro Psicologia da Gratidão, escrito pelo espírito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco. Publicado dia 26/04/2015

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