sábado, 30 de janeiro de 2016

IDENTIFICANDO O INCONSCIENTE

Aqui temos uma abordagem do inconsciente coletivo,  não do individual, por ser aí que se encontram os  arquétipos mais antigos, e também se arquivarem  emoções, como o medo, a angústia, a ansiedade, a vida e a morte... sediadas nas camadas mais profundas da psique, como arquivos os mais importantes e duradouros que se conhece.
Envolvendo o conhecimento geral dos fatos  passados, é responsável por conflitos que inquietam o homem, que se expressam nos sonhos repetitivos, simbólicos e representativos de figuras e fatos mitológicos, de difícil interpretação pela complexidade.
A psicologia analítica, com Jung o seu fundador, afirma que nele se encontram os arquétipos, especialmente do Self, anima-us, ego, persona, psicoide, realmente desconhecido, é como um constructo energético não localizado, sendo, uma hipótese, pela imensa dificuldade de demonstrá-lo concretamente...
O conceito do inconsciente, com esse significado, é antigo, do ponto de vista filosófico vindo desde Plotino, Platão, na antiguidade, e continuando com Leibnitz, Goethe e outros pensadores do passado e de hoje.
A sua observação não é feita de forma objetiva, ela é penetrada nas suas estruturas, psiquicamente, quando se lhe percebe o essencial. Não sendo constatado, mas aceito por conclusão, não tendo como negar.
Para Jung resulta da lógica de se há uma consciência, também há, um inconsciente como um satélite girando em volta de um foco central...
Responsável pelas imposições sobre a consciência, quase comandando, manifesta-se através dos arquétipos. Sendo a consciência uma pequena parte da realidade, ele é quase a totalidade na orientação do ser humano.
Considerando-se os conceitos reencarnacionista, diz-se que essas fixações, que seriam do passado, também  seriam experiências vividas pelo Self ( o Ser real, o Espírito imortal ) em épocas e situações, nos povos e culturas que traz arquivados e se expressa periodicamente.
Como o Self tem sua realidade além do tempo,  mortal no corpo e imortal após ou antes do corpo, preserva os acontecimentos em que se envolveu, conservando uma camada de esquecimento em cada renascimento,  mas com  recursos de libertação das marcas mais fortes, que  se apresentam como conflitos e perplexidades, distúrbios de conduta, estados fóbicos, como também afetividade, idealismo, significado...
Nas terapias de vidas passadas, se apresentam esses arquivos das experiências perturbadoras, os fatos que causaram traumas e sofrimentos que, após a catarse e o diálogo saudável entre paciente/ especialista, se diluem, libertando a consciência do objeto de desequilíbrio. O contrário é verdadeiro também, já que o arquivo é neutro. Há fatos edificantes, realizações enobrecedoras  interrompidas pela morte, anseios não realizados, mas, de vital importância para o ser e sua realidade.
Essas imagens primordiais, conforme Jung considerou no começo das suas investigações, são bem importantes, são lembranças doridas recalcadas que não podem manifestar-se, por atentar contra os valores éticos atuais, trazendo inquietações e sofrimentos. Os outros, também são importantes pelas propostas de dignificação e de ação que constroem o bem interior e ajudam no desenvolvimento da comunidade humana.
Na abrangência do conceito reencarnacionista e o seu conteúdo de lembranças arquivadas, mas não mortas, a existência atual de cada indivíduo é a soma das vivências que precisam de liberação.
Muitas reaparecem como tendências e aptidões guiando o Self ( o eu profundo) e o ego, que também lhes sofrem as influências, conforme a natureza de cada fato que representam.
Nos sonhos, e através de imaginação ativa,  encontram-se os símbolos representativos que,  tornando-se conscientes, liberam o indivíduo da sua incidência e da ação doentia da representação onírica portadora de conflitos.
A homossexualidade, por exemplo, que tem raízes em muitas vivências do Self, ora num ora noutro corpo anatomicamente masculino ou feminino, conservando as emoções de um e do outro equipamento.
Já a culpa, o pavor, a timidez, que têm raízes próximas a partir da vida intrauterina – consciente individual – vem, quase sempre, de atitudes indignas  praticadas em vidas passadas, sendo ignoradas por todas as pessoas menos por seu autor, que os transferiu, na condição de conflito, de uma para outra existência corporal.
As tendências para o bem, o bom, o belo, o santo, em pessoas de origem muito humildes, nascidas em ambientes hostis, com ascendentes genéticos maléficos, incapazes de produzir seres bem dotados para a vida, apresentando gênios, heróis e missionários de vários tipos, que se tornam promotores da humanidade pelos exemplos, pela dedicação ao ideal que abraçam, seus sacrifícios hercúleos com felicidade merecem reflexões aprofundadas.
A reencarnação é, possibilidade a ser considerada, como ocorre nos fenômenos da simpatia, da antipatia, os casos de sincronicidade, de premonição, os sonhos proféticos...
Os indivíduos belicosos, descendentes de famílias pacíficas, os privilegiados pela capacidade de adquirir e multiplicar conhecimentos, habilidades, expressões de sabedoria e de arte, de tecnologia e de pensamento, com antecedentes broncos,  alguns até incapazes tem-se evidencias de vida-antes-da-vida...
Estudando As vidas de Alexandre Magno, Júlio Cesar e de Napoleão Bonaparte, percebe-se o mesmo Self ambicioso, conquistador, inquieto, modificando as estruturas geográficas e históricas da Humanidade.
Hipócrates, Paracelso e Samuel Hahnemann na luta sacrificial em favor da saúde mostra o Self missionário, trabalhando a ciência médica, modernizando o conhecimento num processo progressista, com destino de abnegação e serviço proporcionadores do equilíbrio psicofísico e do bem-estar. Graças as suas contribuições as doenças  recebem hoje cuidados e providências curativos, tornando a vida mais interessante e menos dorida.
Existe uma cadeia sem fim em todos os fenômenos da Natureza, desde a formação das primeiras moléculas, suas aglutinações e complexidades até a transcendência do ser, da vida, de todas as ocorrências.
A visão de caos como caos é incorreto, por nele haver sempre algum tipo de ordem, de determinismo, de programação...
O ser humano é imanente e é transcendente.
À medida que o seu superconsciente mantém as ainda não identificadas possibilidades de sintonia com o divino, registrando o psiquismo da vida, o inconsciente individual preserva as experiências da vida atual, e o coletivo guarda as lembranças de todas as vivencias passadas.
Os exercícios de meditação, os treinamentos da yoga, as leituras edificantes, suas fixações e reflexões, a oração bem-dirigida são instrumentos de penetração no inconsciente, nele diluindo impressões infelizes, estimulando lembranças honoráveis, enquanto se abrem as portas do superconsciente para captar então as forças sublimes da Paternidade divina.
Vive-se mais sob os fenômenos automáticos, das imposições do inconsciente, pela necessidade de liberação dos fatores de perturbação, que precisam da catarse libertadora, a benefício da lucidez e plenitude do Self, da aceitação da sombra, da harmonia do anima-us, viajando para a felicidade.
Dizia Sêneca: O sofrimento faz mal, mas não é um mal.
O sofrimento tem origem nas ações inescrupulosas praticadas pelo Espírito, surgindo a culpa e, por consequência, os seus efeitos morais, por haver atentado contra os códigos de harmonia do universo.
Sendo impossível evitar o mal, por ser um efeito, e não se poder voltar o tempo, para impedir-lhe a causa, deve-se, utilizar o ocorrido para aprendizagem pessoal, para mudar o comportamento, escolher o melhor método de produção da harmonia e do bem-estar, portanto, da felicidade que se aspira.
Todos buscam conquistar a felicidade, quase desconhecida pelo inconsciente, mesmo se impondo sofrimentos na esperança das sensações posteriores, de alegria e serenidade. Nesse caso, a felicidade toma um aspecto masoquista que precisa ser evitado, porque o prazer não pode estruturar-se no desconforto para trazer a alegria.
A palavra sukha, em sânscrito quer dizer estado de harmonia, de nirvana, libertação da ignorância da verdade, abrindo espaço para a sabedoria, para a compreensão das leis que geram equilíbrio e  plenitude.
Enquanto o ego desconhecer o Self (Eu real, Espírito), se acreditando capaz de impor-se ao Self, na ambição do poder e do prazer, serão liberadas impressões destrutivas,  sofredoras, insustentáveis.
É necessidade urgente para a saúde, o ser consciente penetrar nos arquivos do inconsciente, com entendimento e valor moral, para autoenfrentar-se, não deixando que surjam conflitos por se descobrir como é realmente e não como acha ou se projeta para o mundo exterior.
A psicologia espirita, no uso do paradigma da imortalidade, para explicar o ser real e suas mazelas e grandezas, propõe o esforço pelo bem-fazer, pelo fazer-se bem, no uso do amor, da compaixão, da benevolência em relação a todos e a si mesmo, como recursos na integração do eixo ego-Self, a conquista de sukha.
Não é fazer o bem para ganhar o céu, ou praticar a caridade para ser salvo. 
Céu e salvação estão presentes no ato de fazer o melhor por si e pelo próximo, porque, a satisfação com que se administram valores de bondade, de ternura, distribuindo-se alegria e generosidade, já é a felicidade.
Feliz, é aquele que reparte ou divide com prazer, assim, multiplicando os talentos com que foi enriquecido pelo Senhor da Vida, acordando para voltar para casa, voltando do país longínquo, mesmo que sofrido, abrindo-se para aceitar o amor do Pai, sempre generoso, e do irmão mais velho, que está no inconsciente em forma de mágoas e reservas, desconfianças e insatisfações em relação ao herói de volta.
É preciso liberar o irmão mais velho do ressentimento e da insegurança habituais em relação aos propósitos do outro filho de seu pai, que só agora descobriu a ventura e está trabalhando para anular o passado – sublimar as lembranças do inconscientetransferindo-o para a consciência e avançando na direção do superconsciente, onde foram depositados os talentos que se estão multiplicando.

Texto do livro Em Busca da Verdade. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis, Psicografado por Divaldo Pereira Franco. Trabalhado por Adáuria AzevedoFarias. 30/01/16.

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